(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas INTERNACIONAL

'A s�ndrome da mulher branca desaparecida': a dura realidade que o caso Gabby Petito revelou nos EUA

Caso de Gabby Petito tem concentrado interesse da imprensa e das redes sociais nos Estados Unidos nas �ltimas semanas. No entanto, todos os anos, milhares de pessoas desaparecem e seus casos n�o recebem aten��o p�blica.


23/09/2021 15:14 - atualizado 26/09/2021 15:14

Muitos outros casos de pessoas desaparecidas não recebem mesma atenção que os de jovens como Petito. Por exemplo, Daniel Robinson, no centro da imagem, está desaparecido há três meses
Muitos outros casos de pessoas desaparecidas n�o recebem mesma aten��o que os de jovens como Petito. Por exemplo, Daniel Robinson, no centro da imagem, est� desaparecido h� tr�s meses (foto: David Robinson II)
Quando Gabby Petito n�o voltou para casa de uma viagem com o namorado, a imprensa e as redes sociais nos Estados Unidos colocaram toda a sua energia na cobertura do ocorrido.

 

A jovem de 22 anos ficou desaparecida por v�rios dias, enquanto seu namorado se recusou a falar com a pol�cia e depois desapareceu sem deixar vest�gios.

 

No domingo passado, Petito foi encontrada morta em um parque nacional do Estado de Wyoming.

 

Milh�es de americanos acompanharam de perto este caso, cujos desdobramentos foram contados com grande detalhe na imprensa e nas redes sociais.

 

Cada nova informa��o foi ampliada e analisada por detetives, profissionais e amadores.

 

Em meio ao fluxo incessante de suposi��es e teorias da conspira��o, houve in�meras pistas, algumas das quais ajudaram as autoridades a encontrar a localiza��o do corpo de Petito.

Petito tinha 22 anos
Petito tinha 22 anos (foto: Find Gabby/Facebook)

 

Ao mesmo tempo, muitos americanos cujos familiares est�o desaparecidos se perguntam por que seus casos n�o receberam a mesma aten��o.

 

E h� milhares deles desaparecidos, especialmente pessoas n�o brancas, cujos casos receberam pouca ou nenhuma aten��o.

 

Os pesquisadores se referem a esse fen�meno como a "s�ndrome da mulher branca desaparecida" e j� existe h� d�cadas, explica Michelle N. Jeanis, professora-assistente de Direito Penal na Universidade de Louisiana, em Lafayette.

 

Jeanis estuda a rela��o entre pessoas desaparecidas e a imprensa.

Ela argumenta que a imprensa usa uma "abordagem de hist�ria de alerta" sobre mulheres brancas vitimizadas que � lucrativo para a ind�stria e refor�a preconceitos sociais, especialmente nas redes sociais.

 

"Mulheres brancas jovens, bonitas, tipicamente de classe m�dia, s�o incrivelmente dignas de not�cia quando coisas ruins acontecem com elas", disse ela � BBC.

 

Em sua pesquisa, Jeanis descobriu que as redes sociais costumam funcionar de maneira semelhante � imprensa tradicional nesses casos, ent�o postagens sobre essas pessoas brancas recebem muito mais curtidas, s�o mais compartilhadas e geralmente geram mais engajamento do que pessoas de outras ra�as.

 

A BBC conta tr�s hist�rias de pessoas desaparecidas ainda sem respostas.

Greg e Dawn Day

Depois de nove anos, Greg Day ainda não tem respostas sobre a morte de seus dois filhos
Depois de nove anos, Greg Day ainda n�o tem respostas sobre a morte de seus dois filhos (foto: Lynnette Grey Bull)

Greg Day n�o tem mais um "dias bons", apenas "dias ok". Ele gostaria de poder ouvir seus filhos rirem de novo.

 

Em julho de 2012, sua filha de 28 anos, Dawn, foi encontrada boiando de bru�os nos canais do condado de Fremont, em Wyoming.

 

Ent�o, quase exatamente quatro anos depois, seu outro filho, Jeff, tamb�m de 28 anos, foi encontrado morto.

 

"Greg acredita que seus dois filhos foram assassinados", disse Lynnette Grey Bull, amiga da fam�lia Day, al�m de diretora e fundadora da ONG "Not Our Native Daughters".

 

Essa organiza��o � uma das v�rias que buscam aumentar a conscientiza��o sobre a crise de mulheres ind�genas desaparecidas e assassinadas na Am�rica do Norte.

 

De acordo com o Departamento de Justi�a dos Estados Unidos, as mulheres ind�genas morrem dez vezes mais do que a m�dia nacional.

 

Somente no Wyoming, onde Petito desapareceu, mais de 700 nativos americanos desapareceram na �ltima d�cada. Poucos viram seus casos resolvidos pelas autoridades ou levados a s�rio.

 

"Me sentei com fam�lias para as quais n�o pude dar nenhuma resposta", disse Grey Bull, membro da for�a-tarefa estadual sobre �ndios desaparecidos e assassinados. "� um fardo pesado carregar essas hist�rias e vozes."

 

Segundo ela, Day enviou pistas e escreveu uma carta pessoal ao procurador-geral do condado de Fremont neste ano. No entanto, como muitos outros, n�o obteve justi�a e recebeu pouca ajuda.

 

"O ponto principal para n�s, como nativos, � que eles sempre nos ignoram", disse Grey Bull � BBC.

 

"A estat�stica que tenho na cabe�a � que perten�o ao grupo �tnico mais assediado, estuprado, assassinado e agredido sexualmente de todos os que vivem neste pa�s. Por que nenhuma aten��o � dada a nossos casos?", questiona.


Daniel Robinson foi visto pela última vez em 23 de junho em seu local de trabalho em Buckeye, Arizona
Daniel Robinson foi visto pela �ltima vez em 23 de junho em seu local de trabalho em Buckeye, Arizona (foto: David Robinson II)

Daniel Robinson

David Robinson 2º � um veterano de guerra que h� tr�s meses procura seu filho mais novo, Daniel, de 24 anos.

 

Daniel nasceu sem a m�o esquerda, mas isso n�o o impediu de viver normalmente: de jogar futebol a tocar trombone. F� de colecionar pedras desde crian�a, ele transformou seu passatempo em trabalho, estudando Geologia e graduando-se com louvor pela Universidade de Charleston (Carolina do Sul).

 

Seu pai lembra-se dele como algu�m af�vel e engra�ado, o tipo de pessoa que "une todos".

 

Daniel foi visto pela �ltima vez deixando seu local de trabalho em Buckeye, Arizona, em seu Jeep Renegade cinza-azulado.

 

Um fazendeiro local encontrou o ve�culo em um barranco h� cerca de dois meses, mas desde ent�o o caso esfriou.

 

David ainda acredita que seu filho est� vivo e se mudou para o Arizona.

A pol�cia de Buckeye usou ATVs para vasculhar �reas de dif�cil acesso, drones e c�es, mas David diz que esses esfor�os n�o s�o suficientes.

 

Ele afirma ter conduzido suas pr�prias opera��es de busca com mais de 200 volunt�rios sem parar durante sete semanas.

 

A fam�lia tamb�m criou uma campanha de arrecada��o de fundos e uma peti��o para apoiar seus esfor�os, mas David teme que um tempo precioso tenha sido perdido.

 

O enorme interesse no desaparecimento de Gabby Petito o deixou com uma mistura de sentimentos.

 

"Que se tornasse not�cia em todo o pa�s, que o FBI e outras ag�ncias trabalhassem no caso, � tudo o que queria para meu filho", diz ele.

 

"A parte triste � que a fam�lia teve que lamentar o desfecho (de sua morte), mas eles podem sentir um pouco a sensa��o de que o caso chegou ao fim. N�o tenho nada disso", acrescenta.

Lauren Cho

Lauren Cho desapareceu em 28 de junho na Califórnia
Lauren Cho desapareceu em 28 de junho na Calif�rnia (foto: Facebook: Find Lauren Cho)

Quando sua ex-namorada Lauren Cho saiu do motorhome em que ambos estavam, Cody Orell viu que ela estava chateada com alguma coisa, mas n�o prestou muita aten��o.

 

"N�o queria me intrometer na �poca, mas � claro que agora gostaria de ter feito isso...", disse ele ao jornal local Hi-Desert Star em julho.

 

Conhecida por seus amigos como "El", Cho, de 30 anos, foi cantora soprano na adolesc�ncia e mais tarde se tornou professora de m�sica.

 

Querendo um novo recome�o, ela havia largado o emprego durante o inverno e se juntado a Orell em uma viagem em um motorhome pelo pa�s desde Nova Jersey.

 

Segundo a imprensa, Cho planejava abrir um neg�cio com um food truck ao chegar ao destino final: Bombay Beach, na Calif�rnia.

 

No dia 28 de junho, enquanto estavam na propriedade de um amigo em comum, em Yucca Valley, na Calif�rnia, Cho deixou o motorhome sem levar telefone, comida ou �gua.

 

"Em 10 minutos, ela evaporou", disse Orell.

 

As opera��es de busca e resgate n�o encontraram nenhum vest�gio dela.

O caso Petito despertou novo interesse no desaparecimento de Cho.

 

Em uma p�gina do Facebook chamada "Find Lauren Cho", seus administradores escreveram: "Percebemos que, em princ�pio, as informa��es p�blicas sobre ambos os casos t�m algumas semelhan�as. Em �ltima an�lise, esses dois casos N�O s�o os mesmos e as diferen�as s�o mais profundas do que as encontradas � primeira vista."

 

"Algu�m sabe de alguma coisa", acrescentaram.

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube ? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)