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Estado de Minas XENOFOBIA

Protesto no Chile: moradores queimam pertences de imigrantes venezuelanos

Manifestantes protestaram em Iquique, cidade no Norte do pa�s, um dia ap�s violenta desocupa��o de fam�lias com crian�as. Relator da ONU critica xenofobia


25/09/2021 20:55 - atualizado 25/09/2021 21:20

Marcha de protesto com cerca de 3 mil moradores da cidade de Iquique destruiu pertences de imigrantes da Venezuela
Marcha de protesto com cerca de 3 mil moradores da cidade de Iquique destruiu pertences de imigrantes da Venezuela (foto: MARTIN BERNETTI/AFP)

Com amea�as xen�fobas e queima dos poucos pertences dos imigrantes venezuelanos em situa��o ilegal terminou neste s�bado (25/9) uma marcha de protesto de cerca de 3 mil pessoas na cidade de Iquique, Norte do Chile, um dia depois da violenta desocupa��o de uma pra�a lotada de fam�lias com crian�as.

"Inadmiss�vel humilha��o contra migrantes, especialmente vulner�veis, afetando-os no mais pessoal", escreveu no Twitter Felipe Gonz�lez, relator especial das Na��es Unidas sobre os direitos humanos dos migrantes.



"O discurso xen�fobo, vinculando migra��o � delinqu�ncia, que infelizmente tem se tornado cada vez mais frequente no Chile, alimenta este tipo de barb�rie", acrescentou Gonz�lez.

Em um clima de aberto rep�dio aos imigrantes venezuelanos, os manifestantes entoaram o hino da cidade e agitaram bandeiras chilenas, assim como a Whiphala, pavilh�o colorido dos povos origin�rios andinos, para expressar sua oposi��o � migra��o ilegal, associada � criminalidade com boatos que circulam por todo tipo de plataforma.

Tamb�m cantaram e exibiam cartazes com lemas como: "Chega de Imigra��o Ilegal" e "O Chile � uma rep�blica que se respeita".

A partir da Pra�a Prat, no centro hist�rico de Iquique, os manifestantes marcharam por 10 quarteir�es at� a praia banhada pelo Oceano Pac�fico, onde os carabineiros tiveram que controlar escaramu�as isoladas provocadas pelos chilenos que se aproximavam para agredir os venezuelanos em situa��o de rua.

Divulgação de informações falsas sobre imigrantes insuflou parte dos manifestantes
Divulga��o de informa��es falsas sobre imigrantes insuflou parte dos manifestantes (foto: MARTIN BERNETTI/AFP)


Desde a manh� de s�bado, os imigrantes tentavam se esconder em outras �reas deste balne�rio para evitar os manifestantes, constataram jornalistas da AFP.

Outros manifestantes radicais se dirigiram a um pequeno acampamento de venezuelanos - que n�o estavam no local - e queimaram em uma barricada seus poucos pertences: barracas, colch�es, bolsas, cobertores, brinquedos.

Fake news insufla popula��o

"Eu sou nascido, criado e mal-criado em Iquique. Sempre vivi nesta regi�o do norte e isto que estamos vivendo � terr�vel porque o problema � que na Venezuela abriram as pris�es e parte dessa gente chegou ao Chile", disse � AFP Veliz Rifo, um agricultor de 48 anos de La Tirana, povoado em uma esp�cie de o�sis no deserto 72 km a leste de Iquique, fazendo men��o a uma informa��o falsa.

"O pior � que este governo do Chile deixou isto crescer e os que chegaram n�o s�o refugiados pol�ticos, nem imigrantes que contribuem com seu trabalho, aqui chegaram muitos delinquentes", acrescentou, lamentando, assim como muitos manifestantes, o aumento dos assentamentos erguidos pelos imigrantes com caixas de papel�o e folhas de zinco nos arredores desta cidade portu�ria a quase 2.000 km de Santiago.

Outros manifestantes pediam que os mais violentos respeitassem o ato pac�fico, enquanto nos restaurantes do centro hist�rico, gar�ons venezuelanos e clientes chilenos viam de longe a cena, que denominaram como "triste".

"Nem todos os venezuelanos roubam, nem todos os chilenos nos odeiam", diziam em uma mesa do Caf� Francesco da Pra�a Prat.

"M� gest�o"

O protesto ocorreu um dia depois do desalojamento da Pra�a Brasil, onde h� um ano pernoitam os migrantes mais pobres e sem documentos que n�o conseguem chegar a Santiago e sobrevivem vendendo balas, pedindo esmolas ou limpando vidros dos carros nos sinais de tr�nsito da cidade.

Na opera��o policial, repudiada por autoridades locais e organiza��es humanit�rias, Jeremy, um menino venezuelano de 4 anos, ficou 24 horas desaparecido. Ele era procurado na manh� deste s�bado por carabineiros, que mostravam fotos da crian�a aos pedestres na praia. Finalmente, o menino foi encontrado.

"Menos mal que encontraram o menino, mas isto resume a m� gest�o de todo esse drama humanit�rio, o governo pensa que � s� deportar alguns e desaloj�-los de uma pra�a", queixou-se Franklin P�rez, administrador de um pr�dio no centro de Iquique.
Colônia de venezuelanos no Chile é a mais numerosa, com cerca de 400 mil pessoas
Col�nia de venezuelanos no Chile � a mais numerosa, com cerca de 400 mil pessoas (foto: MARTIN BERNETTI/AFP)

O governador da regi�o de Tarapac�, Jos� Miguel Carvajal, culpou o governo do presidente Sebasti�n Pi�era pela crise migrat�ria no norte do pa�s, queixando-se que nem ele, nem o prefeito da cidade foram alertados do desalojamento de sexta-feira, que gerou o rep�dio de uma parte da popula��o.

"As cem fam�lias na Pra�a Brasil hoje (s�bado) est�o perambulando em diferentes espa�os p�blicos; est�o realocando-se com amigos, pr�ximos, com quem v�o se alojar novamente com barracas nas praias de Iquique, e outros est�o se mobilizando para assentamentos em Alto Hospicio", zona industrial nos arredores de Iquique.

Vistos exclusivos

A col�nia venezuelana � a mais numerosa do Chile, com mais de 400.000 pessoas, embora estime-se um n�mero muito maior devido ao aumento de entradas por corredores clandestinos desde 2020, quando o Chile fechou suas fronteiras por causa da pandemia.

Al�m disso, o governo chileno deu uma guinada em sua pol�tica de solidariedade com os venezuelanos, defendida pelo presidente Pi�era em 2018, inclusive oferecendo vistos exclusivos para que os venezuelanos "tivessem oportunidades no Chile".

Desde ent�o, diminuiu drasticamente a aprova��o de qualquer visto para quem viaja da Venezuela, depois veio o fechamento de fronteiras pela pandemia e muitos venezuelanos come�aram a chegar ap�s viverem por alguns anos em Col�mbia, Equador e Peru.

As chegadas de pessoas ao Chile por passagens clandestinas somaram 23.673 at� julho, quase 7.000 a mais do que em todo o ano passado, segundo o relat�rio do Servi�o Jesu�ta aos Migrantes (SJM) no m�s de setembro.


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