"Vai se prolongar de novo, mas o que vai acontecer quando esse novo prazo acabar? Est� s� atrasando, atrasando, atrasando", lamenta este pescador de 28 anos, esbo�ando um sorriso por baixo da barba ruiva que n�o esconde sua preocupa��o.
Apesar de pertencerem � coroa brit�nica, as ilhas do Canal da Mancha - Jersey e Guernsey - n�o fazem parte do Reino Unido e n�o votaram no referendo do Brexit de 2016.
Por�m, muito mais pr�ximos da costa francesa do que da inglesa, eles est�o na linha de frente de suas consequ�ncias.
Nove meses ap�s a sa�da do Reino Unido do mercado comum, que deveria reduzir o acesso dos pescadores europeus �s �guas brit�nicas, ainda n�o sabem quantos destes barcos, principalmente franceses, poder�o pescar na zona.
Paris pediu 169 licen�as definitivas, mas as embarca��es t�m de provar que j� pescavam ali.
Um primeiro prazo, vencido em 30 de junho, provocou um protesto de pescadores franceses que amea�ou degenerar em batalha naval, com a presen�a da Marinha brit�nica e de barcos-patrulha franceses.
Para acalmar os �nimos, uma extens�o de tr�s meses foi estabelecida. Esta expira na quinta-feira.
Mas o governo de Jersey anunciou na sexta-feira que, embora alguns barcos forne�am evid�ncias suficientes, outros requerem mais informa��es. Estes receber�o uma nova autoriza��o tempor�ria at� 31 de janeiro.
Um terceiro grupo, cuja licen�a ser� recusada, ter� que parar de pescar.
Os n�meros de cada categoria ser�o conhecidos na pr�xima semana e, nessa altura, o conflito pode retornar.
"Estamos ficando sem paci�ncia, os pescadores tamb�m, legitimamente", declarou esta semana o secret�rio de Estado franc�s para os Assuntos Europeus, Cl�ment Beaune.
- "Decepcionado" -
"O Brexit complicou as coisas", lamenta Corson, enquanto no pequeno porto de Gorey, dominado por colinas verdes e um castelo do s�culo XIII, ele descarrega grandes sacos de iscas compradas na Fran�a depois de vender seu pescado l�.
A frota de Jersey, cerca de uma centena de barcos que pescam principalmente durante o dia, exporta suas lagostas, caranguejos e vieiras para a Europa atrav�s dos portos franceses.
Mas se n�o obtiver satisfa��o, Paris disse que est� disposta a ativar "medidas restritivas" por meio da Comiss�o Europeia, o que faz esses pescadores temerem por sua sobreviv�ncia.
"Se perdermos nosso mercado, teremos anos muito dif�ceis at� encontrarmos uma solu��o", diz Corson.
No porto muito mais industrial de Saint Helier, a capital da ilha, outros se preocupam com a competi��o de barcos de pesca franceses maiores e mais equipados.
"Os barcos maiores enfrentam qualquer tempo, enquanto a gente tem que parar porque s� pescamos de dia", lamenta Chris Casey, de 62 anos, que com seu barco de 6 metros pesca robalo de linha, "um a um".
"S�o todos de pesca sustent�vel", garante, mostrando os r�tulos que, presos �s guelras, d�o rastreabilidade total.
Alguns, como Don Thompson, presidente da Associa��o de Pescadores de Jersey, viram o Brexit com esperan�a. Mas agora ele se declara "muito decepcionado".
"Era uma oportunidade de encontrar um equil�brio entre o tamanho da frota de Jersey e a quantidade de embarca��es estrangeiras operando em nossas �guas", argumenta.
Mas 169 barcos franceses ultrapassariam em muito a frota local, denuncia ele, garantindo que apenas cerca de 70 deles operavam antes na �rea.
"A sustentabilidade de nossos estoques de peixes n�o � ideal atualmente", acrescenta o pescador Stephen Viney, de 54 anos.
"Se trouxermos mais barcos para a �rea, haver� cada vez mais press�o, e todos perderemos, porque ser�o aplicadas restri��es", avisa, afirmando que "ningu�m tem problema" com as embarca��es francesas que j� operavam aqui, como h� s�culos, para ganhar a vida nessas ricas �guas ao largo de suas margens.
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GOREY
Pescadores de Jersey temem um Brexit que n�o se concretiza
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