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Estado de Minas S�O PAULO

Aumento dos pre�os dos alimentos atinge os brasileiros mais vulner�veis


29/09/2021 12:58 - atualizado 29/09/2021 13:06

Marli Fumagalli estuda cada pre�o enquanto caminha entre as barracas de uma feira livre de S�o Paulo. Na segunda volta, come�a a comprar, seguindo a f�rmula: "Menos carne, mais verduras e muita criatividade".

O aumento dos pre�os dos alimentos acima da infla��o, j� elevada, se tornou um desafio cotidiano para os brasileiros mais vulner�veis. Muitos, como Marli, adaptaram sua dieta para fazer frente aos gastos crescentes.

"Estou sempre no vermelho (...) S� d� para comprar carne de segunda e faz�-la na panela, com recheio, pra fazer mais volume", conta � AFP esta mulher de 69 anos, que tenta fazer render sua pequena pens�o para alimentar a m�e e as duas filhas.

Os pre�os ao consumidor dispararam 9,68% em 12 meses at� agosto. Mas os alimentos subiram ainda mais, quase 14% neste per�odo, segundo dados oficiais.

"A infla��o dos alimentos tem pressionado os or�amentos das fam�lias desde 2020, especialmente de classes mais pobres", diz Joelson Sampaio, professor da Escola de Economia de S�o Paulo da Funda��o Get�lio Vargas (FGV EESP).

Segundo estimativas da FGV em abril, 27,7 milh�es de brasileiros (12,98%) est�o abaixo da linha da pobreza, situado em 261 reais mensais (US$ 49). Em 2019, a cifra era de 23,1 milh�es de pobres (10,97%).

- Carne vermelha, um luxo -

Na feira, a barraca de Jos� Guerreiro oferece cada vez menos cortes de carne bovina. "A gente tenta driblar a situa��o com fornecedores mais baratos, mas ao consumidor o pre�o subiu demais porque tudo sobe... � uma bola de neve", lamenta, explicando porque diminuiu a carne vermelha e aumentou a de frango.

A carne vermelha mais que do triplicou a infla��o geral, com um aumento de 30,7% em 12 meses. Isso explica porque a carne vermelha tem sido um dos principais produtos subtra�dos das listas de compras, embora o Brasil tenha mais gado do que qualquer outro pa�s e seja o principal exportador mundial.

Segundo pesquisa recente do instituto Datafolha, 85% dos brasileiros diminu�ram o consumo de algum alimento este ano e 67% diminu�ram o de carne vermelha. Al�m disso, 46% reduziram a ingest�o de latic�nios e cerca de 35% a de feij�o e arroz, base da alimenta��o do brasileiro.

"A primeira atitude dos consumidores � substituir, a segunda � reduzir e a terceira � abrir m�o", diz Sampaio.

Uma pesquisa da Rede PENSSAN do fim de 2020 revelou que 116,8 milh�es de brasileiros sofriam algum tipo de inseguran�a alimentar e 19 milh�es passavam fome no pa�s de 213 milh�es de habitantes.

A infla��o e o desemprego, situado em 14,1%, n�o melhoraram a situa��o. Glaucia Pastore, professora da faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade de Campinas, destaca que, por causa dos dois, "os alimentos que grande parte da popula��o est� consumindo n�o atingem os preceitos nutricionais adequados ou talvez a quantidade n�o seja adequada".

Comer para subsistir, diz ela, tem consequ�ncias: "A popula��o tem mais possibilidades de adquirir doen�as virais ou outras cr�nicas n�o transmiss�veis, como diabetes, cardiopatias, c�ncer, que se prolongam por toda a vida, impossibilitando de trabalhar".

- "Bolsocaro" -

A oposi��o atribui a infla��o �s pol�ticas de Jair Bolsonaro e as sintetizam em um jogo de palavras repetido em cartazes afixados nas ruas e exibidos em protestos: "Bolsocaro".

O governo, ao contr�rio, culpa os aumentos dos pre�os internacionais.

Carlos Cogo, diretor da consultoria de agroneg�cios Cogo, explica que "a maioria dos alimentos b�sicos, que t�m pressionado o indicador de infla��o s�o commodities, comercializadas em d�lares no mercado global e com altas desde o come�o da pandemia".

Em n�vel local, destaca-se a desvaloriza��o do real: o d�lar era cotado em torno de R$ 4,2 em fevereiro de 2020 contra cerca de R$ 5,3 atualmente.

Assim, os dois fatores resultam "em uma alta mais forte do que a m�dia internacional", resume.

Mas tem mais, como o aumento do pre�o dos combust�veis - 41,3% no ano at� agosto -, que impactou os fretes, e a seca hist�rica que o Brasil atravessa.

Esta afetou cultivos, como o milho, vital na cria��o animal, e aumentou os pre�os da energia el�trica, cujo custo se pulveriza na cadeia produtiva, diz o analista.

As press�es sobre os alimentos, prev�, permanecer�o pelo menos at� 2022-2023, o que poderia levar mais brasileiros a sofrer com a fome.


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