Advogado de Assange insiste no risco de suic�dio do fundador do WikiLeaks

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, pode cometer suic�dio se for extraditado para os Estados Unidos, apesar das garantias da Justi�a americana de que n�o permanecer� isolado em um pres�dio de seguran�a m�xima - insistiu seu advogado nesta quinta-feira (28).

No segundo dos dois dias de audi�ncias de apela��o no Tribunal Superior de Londres, a equipe jur�dica de Assange pediu � corte que mantenha a decis�o anterior de uma ju�za, que rejeitou a demanda de extradi��o. Para justificar sua decis�o, a magistrada afirmou que h� risco de que Assange possa tirar a pr�pria vida, se for preso em uma instala��o penitenci�ria nos Estados Unidos.

O governo americano exige a extradi��o do australiano, de 50 anos, sob as acusa��es de espionagem e do vazamento em massa de documentos confidenciais. Assange pode ser condenado a at� 175 anos de pris�o por estes crimes.

A decis�o demorar� v�rias semanas. "Voc�s nos deram muito tecido para cortar e iremos com calma", declarou o juiz Ian Burnett, encarregado do caso junto com outro magistrado, sem fornecer mais detalhes ao final de uma audi�ncia de dois dias.

Na quarta-feira (27), o advogado que representa o governo dos Estados Unidos, James Lewis, garantiu que Assange, se extraditado, n�o ser� submetido a medidas especiais, nem ir� para a temida penitenci�ria de seguran�a m�xima ADX Florence, no Colorado, conhecida como "Alcatraz das Rochosas".

Nesta audi�ncia, os Estados Unidos recorrem da decis�o de janeiro deste ano da ju�za Vanessa Baraitser de bloquear sua extradi��o, alegando o risco de deteriora��o mental e de suic�dio de Assange no sistema penal dos Estados Unidos.

"Essas conclus�es surgem da natureza dos transtornos mentais de Assange e de seus temores de extradi��o, devido � natureza excepcional de seu caso", disse um de seus advogados, Edward Fitzgerald, aos dois ju�zes que examinam o recurso.

"N�o h� nada que indique que esses fatores tenham-se modificado minimamente com essas garantias" americanas, acrescentou.

"H� um grande risco de suic�dio (...)", insistiu Fitzgerald.

Esta apela��o ao Tribunal Supremo de Londres � uma das �ltimas poss�veis para Washington, que agora ter�, se necess�rio, apenas a Suprema Corte brit�nica para recorrer. Em caso de vit�ria, este ainda n�o ser� o fim do processo, que dever� ser encaminhado para outro tribunal. Este se pronunciar�, ent�o, sobre o m�rito.

- Assange ausente -

Assange decidiu n�o comparecer � sess�o de hoje, ap�s ter acompanhado a audi�ncia de quarta-feira, por videoconfer�ncia, direto da pris�o de seguran�a m�xima de Belmarsh, no sudeste de Londres. Ele est� preso neste local desde 2019.

O fundador da plataforma Wikileaks foi detido pela pol�cia brit�nica em abril de 2019, depois de passar sete anos na embaixada do Equador em Londres. Assange buscou ref�gio nesta miss�o diplom�tica quando estava em liberdade sob fian�a. Temia ser extraditado para os Estados Unidos, ou para a Su�cia. A Justi�a sueca denunciou-o por estupro, acusa��es que, desde ent�o, foram retiradas.

J� o governo dos Estados Unidos indiciou Assange por 18 acusa��es ligada � divulga��o, em 2010, por parte do WikiLeaks, de 500.000 documentos confidenciais. Entre outros pontos, este material revelava detalhes das campanhas militares no Afeganist�o e no Iraque.

No recurso interposto contra a decis�o da ju�za Baraitser, os Estados Unidos alegam que Assange "n�o tem hist�rico de doen�a mental grave e duradoura", que mesmo os especialistas em sua defesa consideraram-no apenas "moderadamente deprimido" e que o fundador do WikiLeaks tem "todos os motivos para exagerar seus sintomas".