Clima e distribui��o de minist�rios afetam negocia��es de governo na Alemanha

As negocia��es para formar o primeiro governo da era p�s-Merkel se revelam mais complicadas que o previsto na Alemanha, com tens�es sobre a quest�o clim�tico e o minist�rio das Finan�as, o que pode atrasar o calend�rio.

Ap�s a vit�ria dos social-democratas do SPD nas elei��es legislativas de 26 de setembro, o caminho parecia tra�ado para uma primeira coaliz�o com os Verdes e o partido liberal FDP, determinados a entrar no governo ap�s anos na oposi��o.

Mas as discuss�es est�o paralisadas e concluir as negocia��es at� o fim de novembro, antes da elei��o do social-democrata Olaf Scholz como chanceler na semana de 6 de dezembro, parece dif�cil.

O Partido Verde da Alemanha, terceiro colocado nas elei��es, fez um alerta nos �ltimos dias sobre o rumo adotado pelos 22 grupos de trabalho e 300 especialistas respons�veis por elaborar as regras da coaliz�o.

- "Atraso importante" -

"No momento, n�o h� progresso suficiente no conte�do da pol�tica que deve ser seguida, sobretudo na quest�o clim�tica", lamentou o diretor executivo federal dos Verdes, Michael Kellner.

"Em alguns trechos do documento que precede o contrato de coaliz�o, ainda falta a clareza necess�ria", criticam em uma carta as associa��es de defesa do meio ambiente, que temem concess�es aceitas de maneira muito f�cil pelo partido ecologista.

"Ainda n�o podemos dizer quando (o acordo de coaliz�o) estar� pronto porque ainda n�o conclu�mos os pontos centrais", afirmou nesta sexta-feira a copresidente do Partido Verde e ex-candidata ao posto de chanceler, Annalena Baerbock.

"Se queremos ser levados a s�rio na prote��o do clima, temos que fazer isto dentro das linhas do conjunto de partidos, e n�o apenas dentro do Partido Verde".

Baerbock citou o setor de transportes, que tem um "atraso importante" na transi��o ecol�gica, e lamentou que as negocia��es atuais n�o permitam melhorar a �rea.

Os Verdes j� abriram m�o de v�rios pontos, como a introdu��o de um limite de velocidade nas rodovias. Por�m, eles conseguiram antecipar o fim do uso do carv�o no pa�s para 2030, e n�o 2038, como estava previsto inicialmente.

"Ainda n�o estamos no momento em que podemos dizer que fixamos o rumo para um aquecimento limitado a +1,5 grau", advertiu, no momento em que acontece a COP26.

- Titanic -

Os Verdes t�m outras diverg�ncias com os liberais, que ficaram em quarto lugar nas elei��es e est�o decididos a mostrar um bom desempenho depois que renunciaram em 2017 a uma alian�a com os conservadores de Angela Merkel.

O FDP e os Verdes est�o de fato lutando pelo minist�rio das Finan�as, uma posi��o estrat�gica que serviu a Scholz para chegar � chancelaria.

Uma pasta deseja tanto pelo l�der do FDP, Christian Lindner, como o copresidente dos Verdes, Robert Habeck.

Os liberais transformaram o minist�rio em uma quest�o crucial e afirmam que n�o nomear seu l�der seria um "tapa na cara", nas palavras de Wolfgang Kubicki, dirigente do partido.

Mas os Verdes temem deixar o minist�rio para o partido liberal, muito apegado ao rigor or�ament�rio a curto prazo, que minimizaria os riscos e custos da crise clim�tica.

Konstantin von Notz, um dos negociadores do Partido Verde, usou a met�fora do Titanic para descrever a estagna��o atual. Em sua conta no Twitter, ele publicou uma frase que retrata duas pessoas no conv�s de um navio naufragando. A primeira diz: "Temos que evitar o iceberg". E a outra responde: "O que nos dar� para fazer isso?".

Habeck, que j� abriu m�o da candidatura � chancelaria, pode acabar herdando uma pasta ampliada do Clima.

Os dois partidos tamb�m divergem sobre uma assist�ncia m�dica imediata aos refugiados, medida defendida pelos Verdes.

A presen�a de armas nucleares americanas em territ�rio alem�o � outro obst�culo nas negocia��es com os Verdes, cuja rejei��o � corrida armamentista � um de seus credos pol�ticos.