Localizado em um bairro nobre de Joanesburgo, o antigo im�vel manteve apenas sua fachada branca. O interior, inundado pela luz natural que entra por suas in�meras janelas, foi totalmente reformado.
Mandela se mudou para l� pouco depois de sair da pris�o, em 1990. Passou oito anos nesta casa, antes de se mudar para outro im�vel, a uma rua de dist�ncia, com sua �ltima esposa, Gra�a Michel.
"Quando ele chegou, foi bater na porta de todos os vizinhos para se apresentar e convid�-los para o ch�", lembra o diretor Dimitri Maritz.
"Um vizinho chin�s n�o o reconheceu e mandou-o embora. Quando se deu conta de havia fechado a porta para Mandela, se mudou!", acrescenta, entre risos, sem descartar que a hist�ria pode ser uma lenda urbana.
Mandela � conhecido no mundo todo por sua luta contra o Apartheid, o sistema de segrega��o racial formalmente instaurado no pa�s.
A su�te presidencial do hotel era o quarto do ex-presidente. Nela, v�-se gravuras de seu neto, sua inscri��o como detento na Robben Island, de n�mero e a palavra "Madiba", um de seus carinhosos apelidos.
O "Santu�rio Mandela" abriu as portas em setembro passado. No nome, est� sua proposta de que os h�spedes possam se inspirar na calma e na energia positiva do falecido l�der.
Libertado aos 71 anos, o ex-inimigo p�blico n�mero um queria aproveitar as coisas mais belas das quais havia sido privado durante seus 27 anos de pris�o, como ele mesmo conta em sua autobiografia.
A alegria dos netos, a beleza de uma rosa, um gole do doce vinho do Cabo.
- Nem museu, nem mausol�u -
"Era um chefe simples e direto", lembra, com emo��o, a cozinheira Xoliswa Ndoyiya.
Foi ela que, por cerca de 20 anos, preparou suas refei��es e hoje � respons�vel pelo restaurante. O card�pio � inspirado em seus pratos favoritos.
"Ele era f�cil de agradar. N�o gostava de comer muita gordura. Nem mesmo a��car. Mas gostava de frutas, em abund�ncia, em todas as refei��es", conta Xoliswa, que pertence � etnia xhosa, assim como seu ex-chefe, "quem era muito mais do que um pai".
Se Ndoyiya tentasse agradar a seus convidados com um prato de que Mandela n�o gostasse, ele perguntava: "Por que voc� n�o est� me alimentando bem?".
E ela "se sentia culpada", conta a cozinheira, sorrindo, enquanto se lembra de Mandela comendo um prato de frango. "Ele gostava de comer at� o osso", relata.
Tamb�m sabia "confiar nas pessoas, tratar a gente como se f�ssemos da fam�lia", garante Xoliswa, antes de soltar uma l�grima.
A dire��o quer conservar "um clima de casa", longe de um museu, ou de um mausol�u. Fotos e gravuras mostram Mandela fazendo brincadeiras para divertir um beb�, ou em p�, de bra�os abertos, lendo um jornal.
"Temos mil hist�rias de Madiba e refer�ncias por toda casa, mas n�s as contamos aos h�spedes, apenas se nos fizerem perguntas", explica Maritz.
O gerente quer que os clientes cheguem � por Mandela e que, depois, voltem pelo lugar. O objetivo � refletir duas qualidades essenciais do ex-presidente sul-africano: "humildade e eleg�ncia".
JOANESBURGO