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Estado de Minas EVENTO CLIM�TICO EXTREMO

Onda de calor na Am�rica do Sul pode elevar temperaturas a quase 50 graus

Uma onda de calor intensa atinge a regi�o central da Am�rica do Sul nesta semana e pode fazer com que cidades na Argentina, Uruguai e Paraguai registrem temperaturas recordes, pr�ximas dos 50�C.


12/01/2022 06:51 - atualizado 12/01/2022 10:37


Um homem bebe água de uma garrafa com o sol ao fundo
Onda de calor pode fazer com que cidades na Argentina, Uruguai e Paraguai registrem temperaturas pr�ximas dos 50�C (foto: Getty Images)

Uma onda de calor intensa atinge a regi�o central da Am�rica do Sul nesta semana e pode fazer com que cidades na Argentina, Uruguai e Paraguai registrem temperaturas recordes, pr�ximas dos 50ºC. Causado por uma massa de ar quente e seca, o fen�meno repercute tamb�m no sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, onde os term�metros podem chegar a 40ºC.

Os primeiros sinais do aquecimento j� s�o sentidos desde segunda-feira (10/1), quando a cidade de San Antonio Oeste, na Patag�nia argentina, registrou 42,8ºC, e a prov�ncia de Mendoza foi colocada sob alerta vermelho.

Nesta ter�a-feira (12/1), a previs�o de m�xima de 37ºC para Buenos Aires foi superada e os term�metros marcavam 40ºC por volta das 16h do hor�rio local - a maior temperatura desde 1995.

Segundo o Servi�o Meteorol�gico Nacional (SMN), a capital argentina enfrenta seu quarto dia mais quente em 115 anos, ou desde que os registros passaram a ser arquivados em 1906.

A expectativa � que o calor s� cres�a nos pr�ximos dias. Os locais mais quentes da Argentina devem registrar entre 45ºC e 47ºC, de acordo com previs�es feitas pela MetSul, empresa de meteorologia ga�cha. Os term�metros uruguaios devem ficar entre 41ºC e 43ºC.

J� no Brasil, as temperaturas mais altas no Rio Grande do Sul devem ser marcadas no oeste do estado, com m�ximas entre 10ºC e 15ºC acima da m�dia para esta �poca do ano. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu aviso de perigo para 216 munic�pios do RS em raz�o da onda de calor.

De acordo com o modelo feito pela MetSul, a �rea da cidade de Uruguaiana pode ver uma escalada de calor com m�ximas de 41ºC e 42ºC nos pr�ximos dias. At� regi�es mais frias, como a Serra Ga�cha, podem ter marcas extremas no final da semana, com m�ximas de at� 37ºC em Caxias do Sul e ao redor dos 40ºC nos vales de Farroupilha e Bento Gon�alves.

Em Porto Alegre e regi�o, o calor ser� maior no final da semana e no pr�ximo fim de semana, com marcas ao redor ou acima dos 40ºC e �ndices de radia��o ultravioleta entre 11 e 16. A Defesa Civil do munic�pio pede cuidado extremo e recomenda que a popula��o se proteja do sol, mantenha a hidrata��o constante e evite exerc�cios entre 10h e 16h.

A maior temperatura j� registrada no Rio Grande do Sul, de acordo com os dados oficiais contabilizados desde 1910, foi de 42,6ºC, nos ver�es de 1917, em Alegrete, e de 1943, em Jaguar�o.


Mapa divulgado pela MetSul aponta calor extremo para os próximos dias no sul do Brasil e no centro da América do Sul
Mapa divulgado pela MetSul aponta calor extremo para os pr�ximos dias no sul do Brasil e no centro da Am�rica do Sul (foto: Metsul)

Preju�zos no campo e cortes de energia

O impacto das condi��es clim�ticas extremas deve ser sentido especialmente pelos agricultores. A regi�o que engloba o sul do Brasil, o Uruguai e a Argentina sofreu perdas significativas no cultivo com uma profunda seca que marcou o ano que passou, e as temperaturas elevadas podem agravar ainda mais a situa��o.

No Rio Grande do Sul, 159 munic�pios j� est�o em situa��o de emerg�ncia devido � estiagem que come�ou em novembro. Os preju�zos registrados at� o momento est�o espalhados pela produ��o de gr�os, frutas, hortigranjeiros e leite.

J� no sul da Argentina, onde as chuvas n�o acumularam nem 200 mil�metros em todo o ano de 2021, a seca atinge especialmente o polo portu�rio de Ros�rio, onde cerca de 80% das exporta��es agr�colas do pa�s s�o carregadas.

"O setor agropecu�rio que j� vinha sofrendo com a falta de chuva deve ser ainda mais castigado pelas altas temperaturas. O calor em excesso afeta diretamente o desenvolvimento das plantas e pode queimar as planta��es", diz Olivio Bahia, meteorologista do Inmet.

H� ainda risco de inc�ndios florestais e quedas de energia. No Uruguai, os primeiros dias de 2022 j� foram marcados por imagens assustadoras do fogo no oeste do pa�s. Cerca de 37 mil hectares foram arrasados nas regi�es de Paysand� e R�o Negro, marcando a maior queimada da hist�ria do pa�s.

Enquanto isso, as autoridades argentinas j� alertavam desde a semana passada para a possibilidade de uma crise de abastecimento de luz com cortes de energia em Buenos Aires e outras cidades do pa�s. S� nesta ter�a-feira, 11 bairros e 700 mil usu�rios ficaram sem luz na capital.

A falta de energia est� associada � alta demanda e ao baixo n�vel dos rios que abastecem as usinas hidrel�tricas do pa�s.

O cen�rio preocupante levou o governo argentino a reunir v�rios minist�rios e organismos para coordenar a��es que possam amenizar os riscos provocados pelas altas temperaturas.

No encontro realizado na segunda-feira, as autoridades discutiram a amplia��o da oferta de unidades de terapia intensiva, centros de di�lise e neonatologia para acompanhar a popula��o mais vulner�vel e buscaram solu��es para manter o fornecimento de energia e �gua.

"Fizemos contato com governadores e prefeitos para unir for�as e responder a esta dif�cil situa��o excepcional", disse � imprensa o ministro chefe da Casa Civil, Juan Manzur.


Mesa com Juan Manzur e outros membros do governo da Argentina
O ministro chefe da Casa Civil argentina, Juan Manzur (ao centro, com o microfone), em reuni�o em Buenos Aires sobre alta das temperaturas no pa�s (foto: Jefatura de Gabinete de Ministros de Argentina )

O que est� causando o calor extremo?

Segundo �der Maier, especialista em climatologia da Am�rica do Sul e membro do Centro Polar e Clim�tico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a onda de calor atual � consequ�ncia da massa de ar quente e seca instalada entre a Argentina e o Brasil. O fen�meno � favorecido pela �rea de alta press�o atmosf�rica que est� atuando sobre o Rio Grande do Sul, inibindo a forma��o de nebulosidade e, consequentemente, elevando as temperaturas e reduzindo a umidade do ar.

"A baixa cobertura de nuvens e o tempo seco causam maior efici�ncia do sistema ambiental em converter a radia��o solar em calor", diz o especialista.

O que se observa atualmente tamb�m pode ser classificado como um "extremo clim�tico composto". O termo � utilizado pelos meteorologistas para descrever eventos clim�ticos extremos simult�neos, concorrentes ou coincidentes, que podem levar a impactos ainda maiores para o meio ambiente e a popula��o.

Atualmente na Am�rica do Sul, a poderosa onda de calor � acompanhada por um quadro de estiagem forte a severa - enquanto a seca favorece as altas temperaturas, o calor tamb�m piora a estiagem.

Segundo o climatologista e professor de ci�ncias atmosf�ricas da USP, Pedro Leite da Silva Dias, a onda de calor est� ainda associada �s fortes chuvas registradas na Bahia e em Minas Gerais nas �ltimas semanas. O bloqueio de alta press�o atmosf�rica impede que as chuvas se desloquem para o sul, fazendo com que elas fiquem retidas sobre as regi�es nordeste e sudeste do Brasil.

"Funciona como uma gangorra: enquanto o centro da Am�rica Latina experimenta seca e calor, o nordeste e sudeste brasileiros sofrem com a chuva", diz.


Mapa de calor na América do Sul
Instituto Nacional de Meteorologia emitiu aviso de perigo para 216 munic�pios do RS em raz�o da onda de calor (foto: Climatempo)

H� ainda uma rela��o com o fen�meno clim�tico La Ni�a, que se desenvolve quando ventos que sopram sobre o Pac�fico empurram as �guas quentes da superf�cie para o oeste, em dire��o � Indon�sia. Isso causa grandes mudan�as clim�ticas em diferentes partes do mundo, inclusive na Am�rica do Sul.

"A atmosfera est� toda conectada e um fen�meno an�malo nunca acontece de forma isolada", explica o climatologista e professor de ci�ncias atmosf�ricas da USP, Pedro Leite da Silva Dias. "O La Nin� contribui n�o s� para potencializar a intensidade da atual onda de calor, como tamb�m pode fazer com que ela demore a passar".

H� registros de eventos extremos associados ao La Nin� h� pelo menos 2 milh�es de anos, mas j� se sabe que seus efeitos negativos est�o se tornando cada vez mais intensos.

Cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudan�as Clim�ticas da ONU (IPCC, na sigla em ingl�s) atribuem essa e outras mudan�as do comportamento natural do planeta �s mudan�as clim�ticas. O estudo, feito por centenas de cientistas que analisam milhares de evid�ncias coletadas ao redor do planeta, alerta para o aumento de ondas de calor, secas, alagamentos e outros eventos clim�ticos extremos nos pr�ximos dez anos.

"As temperaturas m�ximas aumentaram significativamente nos �ltimos 60 anos e o aquecimento global �, sem d�vidas, um potencial candidato para explicar o aumento da intensidade das ondas de calor", diz Silva Dias.

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