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Estado de Minas MIAMI

Isabel Allende: "os capangas da pol�tica t�m que ir para casa"


22/01/2022 11:36

A escritora chilena Isabel Allende lan�a neste m�s seu novo romance "Violeta", a hist�ria de uma mulher independente que nasce durante uma pandemia e morre em outra. Ao longo do caminho, a protagonista testemunha as in�meras transforma��es sofridas por um pa�s sul-americano muito parecido com o Chile.

Allende � autora de cerca de 30 livros que venderam cerca de 70 milh�es de exemplares, traduzidos para mais de 40 idiomas.

A escritora - filha de um diplomata chileno e nascida em Lima em 1942 - concedeu uma entrevista por videochamada de sua resid�ncia perto de San Francisco (Calif�rnia), no oeste dos Estados Unidos.

Durante a conversa, ela falou sobre mulheres fortes, desigualdade nos pa�ses latino-americanos, a recente vit�ria do esquerdista Gabriel Boric no Chile e seu trabalho como escritora.

Pergunta: Como nasceu este romance?

Resposta: Tive a ideia depois que minha m�e morreu. Ela morreu pouco antes da pandemia [covid-19] e nasceu quando a gripe espanhola chegou ao Chile, em 1920. Ela viveu 98 anos, mas imaginei que, se tivesse vivido um pouco mais, teria nascido em um pandemia e morrido em outra.

"Violeta" se passa no tempo que minha m�e viveu, um per�odo do s�culo 20 com guerras, depress�es, ditaduras na Am�rica Latina, revolu��es. Criei uma protagonista que se parece muito com minha m�e, mas que n�o � ela e tem uma vida muito mais interessante.

P: O que sua m�e tinha da Violeta?

R: Minha m�e era linda, inteligente, talentosa, independente e forte. No entanto, ela nunca conseguiu se sustentar, e isso foi decisivo em sua vida. A diferen�a entre Violeta e minha m�e � que Violeta consegue se sustentar, e isso lhe d� uma grande liberdade. Minha m�e dependeu de dois maridos e depois de mim. Ele tamb�m tinha, como Violeta, uma vis�o financeira. Ele poderia ter ganhado dinheiro se tivesse algo para investir, mas ningu�m lhe deu aten��o.

P: Violeta e sua fam�lia saem da capital para se estabelecer no sul do pa�s, onde vivem com pessoas mais humildes do que eles. Foi importante mostrar essa diferen�a entre as classes?

R: Sim, porque quem j� viveu em um pa�s latino-americano sabe que existe um sistema de castas, que em algumas partes � muito imperme�vel. E o Chile � um pa�s com muitos preconceitos de classe, mais do que outros pa�ses, talvez porque teve pouca imigra��o no in�cio. Ent�o, Violeta, se ela tivesse permanecido em sua classe social, levando a vida que lhe correspondia, nunca teria uma vis�o mais ampla do pa�s e da vida.

- "Que pa�s queremos" -

P: O que voc� acha da vit�ria de Gabriel Boric?

R: Estou feliz com a vit�ria dele, por v�rios motivos. A primeira � porque � uma gera��o jovem que assume o poder. No Chile, os velhos capangas da pol�tica e do mundo financeiro t�m que ir para casa ou para um asilo. A segunda � que n�o � s� esse jovem que ganha a presid�ncia e nomeia um gabinete com 14 mulheres e 10 homens, mas que o governo vai ter que aplicar uma nova Constitui��o. E esta nova Constitui��o � uma oportunidade para nos perguntarmos que pa�s queremos.

P: Voc� mora no exterior h� muitos anos. Como voc� se sente quando volta?

R: Na primeira semana fico feliz, e depois percebo que sou estrangeira l� tamb�m. Eu sou um estrangeiro em todos os lugares. Esse � o meu destino. Nos Estados Unidos, falo ingl�s com sotaque. Quem me v� na rua sabe que sou latina e imigrante. E no Chile, morei 40 anos no exterior, e o pa�s mudou muito. Tenho na cabe�a e no cora��o um pa�s que j� n�o existe.


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