Com bons sal�rios, enfermeiras itinerantes ajudam a manter hospitais funcionando nos EUA

Para Allyssa Findorff, a decis�o de percorrer os Estados Unidos para trabalhar como enfermeira em contratos tempor�rios foi f�cil: ela sempre quis conhecer o pa�s e o sal�rio atrativo oferecido foi um incentivo a mais.

Depois de um ano de pandemia e ao considerar que tinha experi�ncia suficiente na emerg�ncia hospitalar, esta mulher de 32 anos deixou seu estado natal, Wisconsin, junto com seu namorado e dois cachorros para trabalhar em hospitais de Fl�rida, Colorado e, atualmente, Arizona.

Com o sistema de sa�de do pa�s no limite pela variante �micron e dada a desist�ncia de muitos profissionais devido �s m�s condi��es e ao esgotamento, as "enfermeiras itinerantes" est�o ajudando a preencher este vazio. Ademais, em alguns casos, chegam a receber mais que os m�dicos.

"Meu namorado e eu decidimos permanecer em um lugar por apenas quatro meses, mesmo se gostarmos muito dele, para seguir adiante", pois desejam conhecer "cada canto do pa�s", disse Findorff � AFP.

A enfermagem itinerante n�o � algo novo, mas o setor registrou um crescimento de renda de 35% em 2020 e uma expans�o adicional projetada de 40% em 2021, segundo as cifras da consultoria de recursos humanos Staffing Industry Analysts.

Mike Press, recrutador da ag�ncia de emprego Judge, contou � AFP que, no extremo superior, os sal�rios chegam a 8.000 d�lares por semana.

A maioria dos an�ncios de vagas em grupos do Facebook oferece sal�rios na faixa entre 3.000 e 5.000 d�lares por semana, um ganho significativamente maior do que antes da pandemia, quando as enfermeiras itinerantes geralmente ganhavam cerca de 15% a mais que o pessoal fixo.

Os contratos tempor�rios costumam durar de tr�s a quatro meses, durante os quais as enfermeiras podem receber agora o que ganhavam durante um ano inteiro antes da pandemia.

- Gan�ncia corporativa -

Diante do aumento significativo nos sal�rios dos profissionais, as redes hospitalares v�m acusando as ag�ncias de contrata��o de pessoal de explorar a pandemia. Em fevereiro de 2021, o grupo industrial American Hospital Association pediu que a Comiss�o Federal de Com�rcio investigasse o caso.

"Isso n�o deveria ser permitido durante uma pandemia, de mesma forma que n�o permitimos que as empresas de constru��o tripliquem o pre�o da madeira depois de um furac�o", disse recentemente John Galley, diretor de recursos humanos do Centro M�dico da Universidade de Pittsburgh, � revista Becker's Hospital Review.

No entanto, para Edward Smith, diretor-executivo da Associa��o de Enfermeiros de Washington DC, a crise no setor � anterior � pandemia por causa da baixa propor��o de enfermeiros por paciente, o que ele atribui � gan�ncia dos pr�prios hospitais.

"N�o � que n�o haja escassez de enfermeiros dispon�veis, h� realmente uma escassez de enfermeiros dispon�veis, que continuar�o a colocar em risco sua licen�a e o atendimento ao paciente", disse Smith � AFP.

Al�m disso, as redes hospitalares fazem um lobby violento contra projetos de lei estaduais que buscam evitar as baixas propor��es de funcion�rios por paciente. Em 2019, esses grupos gastaram US$ 25 milh�es em Massachusetts com esse intuito.

Por fim, os contratos atuais das enfermeiras itinerantes n�o est�o livres de certas "armadilhas": a maioria das empresas de pessoal tempor�rio n�o oferece planos de previd�ncia nem, ironicamente, seguro de sa�de, disse Stacey Bosak, enfermeira que assessora os profissionais de sa�de tempor�rios da companhia 1847Financial.