
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na madrugada de hoje uma opera��o militar na Ucr�nia para defender os separatistas no leste do pa�s. “Tomei a decis�o por uma opera��o militar”, declarou Putin em uma mensagem televisionada inesperada pouco antes das 03:00 GMT (meia-noite de Bras�lia), denunciando um suposto “genoc�dio” orquestrado pela Ucr�nia no Leste do pa�s. A movimenta��o das tropas russas teve in�cio �s 5h da manh� na Ucr�nia. Pelo menos duas fortes explos�es foram ouvidas por jornalistas da AFP no centro de Kiev logo ap�s o an�ncio do presidente russo de uma opera��o militar contra a Ucr�nia. Na cidade portu�ria de Mariupol, a principal cidade controlada por Kiev perto da linha de frente no Leste do pa�s, tamb�m foram ouvidas fortes explos�es.
O mandat�rio russo, que justificou sua decis�o por um pedido de ajuda dos separatistas pr�-russos e pela pol�tica agressiva da Otan com Moscou, tamb�m pediu que os militares ucranianos "deponham as armas". Putin garantiu n�o querer a "ocupa��o" da Ucr�nia, mas sim sua “desmilitariza��o”. O presidente russo tamb�m alertou que aqueles que “tentem interferir (na opera��o russa na Ucr�nia) devem saber que a resposta da R�ssia ser� imediata e levar� a consequ�ncias que nunca conheceram”. “Tenho certeza de que os soldados e oficiais da R�ssia cumprir�o seu dever com coragem (...) A seguran�a do pa�s est� garantida”, concluiu. Putin n�o especificou a magnitude da opera��o militar, nem se seria limitada ao leste rebelde da Ucr�nia ou al�m.
O presidente dos Estados Unidos denunciou ontem o “ataque injustificado” da R�ssia contra a Ucr�nia, depois que seu colega russo, Vladimir Putin, anunciou uma “opera��o militar” em defesa dos separatistas no leste daquele pa�s. “O presidente Putin escolheu (iniciar) uma guerra premeditada que causar� perdas e sofrimento humanos catastr�ficos", disse Joe Biden em comunicado. A R�ssia "� respons�vel pela morte e destrui��o que este ataque causar�", insistiu. Mais cedo, o secret�rio de Estado dos EUA, Antony Blinken, previu que a R�ssia poderia invadir a Ucr�nia antes do fim da noite". “Tudo parece estar pronto para a R�ssia se envolver em uma grande agress�o contra a Ucr�nia”, disse Blinken.
Emerg�ncia
A Ucr�nia declarou ontem estado de exce��o e mobilizou os reservistas para o risco de o presidente russo, Vladimir Putin, que desafia as san��es ocidentais, ordenar uma invas�o ao pa�s. A declara��o foi apresentada pelo Conselho de Seguran�a da Ucr�nia, para “refor�ar a prote��o” da ordem p�blica e as infraestruturas estrat�gicas e a proposta foi encaminhada ao Parlamento pelo presidente Volodimir Zelenski, sendo votada horas depois de a R�ssia iniciar a evacua��o de seu pessoal diplom�tico em Kiev e de os Estados Unidos alertarem para o risco de uma ofensiva geral da R�ssia contra a ex-rep�blica sovi�tica. “A situa��o � dif�cil, mas permanece sob nosso controle”, assegurou antes de votar o secret�rio ucraniano de Seguran�a e Defesa, Oleksiy Danilov.
O estado de emerg�ncia permitir� �s autoridades regionais refor�arem as medidas de seguran�a, impondo por exemplo controles de identidade mais estritos. Vigorar� em todo o territ�rio, com exce��o das regi�es separatistas de Donetsk e Lugansk, no Leste, reconhecidas na segunda-feira como rep�blicas independentes pelo presidente russo, Vladimir Putin. Nesse contexto de tens�o, o vice-primeiro-ministro ucraniano, Mykailo Fyodorov, informou que o pa�s estava sofrendo um novo ataque cibern�tico em massa contra seus sites oficiais. Um ataque cibern�tico em larga escala contra a infraestrutura estrat�gica da Ucr�nia � um dos cen�rios mencionados como pren�ncio de uma ofensiva militar.
Apelo
Num discurso emotivo divulgado em v�deo e dirigido aos cidad�os russos, Volodymyr Zelensky afirmou ontem que a R�ssia aprovou uma ofensiva contra o seu pa�s. “Quero me dirigir a todos os cidad�os russos. N�o como presidente. Dirijo-me aos cidad�os russos como cidad�o da Ucr�nia”, disse Zelensky, falando em russo. “Existem mais de 2000 km de fronteira comum entre n�s. Seu ex�rcito est� ao longo dessa fronteira agora. Quase 200 mil soldados. Milhares de ve�culos militares. Sua lideran�a aprovou que eles dessem um passo adiante, para o territ�rio de outro pa�s”, afirmou.
Zelensky disse ainda que tentou ligar para o presidente Vladimir Putin no in�cio do dia, mas n�o foi atendido. “Comecei uma conversa por telefone com o presidente da Federa��o Russa. Resultado: sil�ncio”, afirmou Zelensky. O ucraniano recha�ou as acusa��es de que os ucranianos s�o neonazistas, como s�o chamados pelo governo Putin. “Est�o dizendo a voc�s que somos nazistas. Como pode uma na��o que deu 8 milh�es de vidas para combater o nazismo apoi�-lo? Como posso ser nazista? Conte ao meu av� sobre isso”, disse Zelensky. "Ele esteve, durante toda a guerra, na infantaria do ex�rcito sovi�tico e morreu como coronel na Ucr�nia independente."
“Est�o dizendo a voc�s que odiamos a cultura russa? Como algu�m pode odiar a cultura? Alguma cultura? Os vizinhos sempre se enriquecem culturalmente, mas isso n�o os torna um, n�o nos dissolve em voc�s”, disse o presidente ucraniano. "N�s somos diferentes. Mas n�o � motivo para sermos inimigos." Horas antes, Volodimir Zelensky afirmou que “o futuro da seguran�a europeia” ser� decidido na Ucr�nia
A Ucr�nia ordenou a mobiliza��o de reservistas de 18 a 60 anos e pediu aos cidad�os ucranianos na R�ssia – cerca de tr�s milh�es de pessoas, segundo algumas estimativas – para sa�rem desse pa�s "imediatamente". Em Kiev, capital da Ucr�nia, os habitantes n�o abandonaram sua rotina. Mas desde a ter�a-feira, de hora em hora, os alto-falantes tocam o hino nacional ucraniano na enorme pra�a Maidan. A popula��o continua especulando sobre poss�veis cen�rios, desde um novo status quo nos territ�rios separatistas at� uma guerra total entre russos e ucranianos. Muitos temem que a crise possa culminar no pior conflito na Europa desde 1945, quando terminou a Segunda Guerra Mundial.