A ofensiva provocou clamor internacional, ao qual Moscou n�o deu ouvidos.
Dois dias depois de reconhecer a independ�ncia dos territ�rios separatistas ucranianos no Donbas, o presidente russo, Vladimir Putin, que disse que queria "defend�-los" contra a agress�o ucraniana, lan�ou a invas�o.
"Tomei a decis�o de uma opera��o militar", declarou Putin em um discurso na madrugada. "Vamos nos esfor�ar para alcan�ar uma desmilitarizara��o e uma desnazifica��o da Ucr�nia", afirmou.
"N�o temos nos nossos planos uma ocupa��o dos territ�rios ucranianos, n�o pretendemos impor nada pela for�a a ningu�m", assegurou, apelando aos soldados ucranianos "a deporem as armas".
Ele repetiu suas acusa��es infundadas de um "genoc�dio" orquestrado pela Ucr�nia nos territ�rios separatistas pr�-R�ssia no leste do pa�s e utilizou como argumento o pedido de ajuda dos separatistas e a pol�tica agressiva da Otan em rela��o � R�ssia, da qual a Ucr�nia seria uma ferramenta.
Pouco depois come�aram a ser ouvidas explos�es em v�rias cidades ucranianas, da capital, Kiev, a Kharkov, a segunda cidade do pa�s na fronteira com a R�ssia, mas tamb�m em Odessa e Mariupol, �s margens do Mar Negro.
Sirenes de alerta para bombardeios soam a cada 15 minutos em Lviv, a cidade para onde os Estados Unidos e v�rios outros pa�ses transferiram suas embaixadas, e em Odessa.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, "ordenou infligir o m�ximo de baixas ao agressor", indicou o comandante-em-chefe das For�as Armadas ucranianas, o general Valery Zaluzni, assegurando que o Ex�rcito "reage com dignidade" aos ataques inimigos.
Os guardas de fronteira disseram que as for�as terrestres russas entraram no territ�rio ucraniano pela R�ssia e Belarus, informando tr�s mortes em suas fileiras.
No metr� de Kiev, dezenas de pessoas tentavam se abrigar ou deixar a cidade, de trem ou por estrada.
"Acordei com o som de bombas, fiz as malas e fugi", contou � AFP Maria Kachkoska, de 29 anos, agachada em estado de choque no metr�.
Mesmo quando ainda era escuro, o tr�nsito era similar ao da hora do rush. Carros cheios de fam�lias corriam para fora da cidade, para o oeste ou para �reas rurais, longe da fronteira russa, a 400 km de dist�ncia.
- "Pedi que fosse embora" -
Em Chuguev, perto de Kharkiv, uma mulher e seu filho lamentavam a morte de um homem por um m�ssil, uma das primeiras v�timas desse ataque. "Eu pedi que ele fosse embora", repetia o filho, ao lado de um velho carro e da cratera deixada pelo proj�til que caiu entre dois pr�dios de cinco andares.
O ex�rcito russo assegurou que visa apenas locais militares ucranianos com "armas de alta precis�o". E alegou ter destru�do bases a�reas ucranianas e de defesa antia�rea, enquanto Kiev declarou ter abatido cinco avi�es russos e um helic�ptero.
O embaixador da R�ssia na ONU, Vassily Nebenzia, disse que seu pa�s tem como alvo "a junta governante em Kiev".
Em um v�deo postado no Facebook, o presidente ucraniano declarou lei marcial em todo o pa�s. "N�o entrem em p�nico", "vamos vencer", disse.
A Ucr�nia anunciou o fechamento do seu espa�o a�reo para a avia��o civil. Os voos foram cancelados nos aeroportos das principais cidades do sul da R�ssia, perto da Ucr�nia, e Moscou fechou o Mar de Azov ao transporte.
O ataque russo, ap�s meses de tens�o e esfor�os diplom�ticos para evitar uma guerra, provocou uma torrente de condena��o internacional.
"Presidente Putin, em nome da humanidade, leve suas tropas de volta � R�ssia!", pediu o secret�rio-geral da ONU, Antonio Guterres, visivelmente exausto, durante uma reuni�o de emerg�ncia do Conselho de Seguran�a.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, denunciou um "ataque injustificado". "O presidente Putin escolheu uma guerra premeditada que trar� perdas catastr�ficas de vidas e sofrimento humano", afirmou em um comunicado.
"Apenas a R�ssia � respons�vel pela morte e a destrui��o que este ataque provocar�", insistiu, depois de destacar que "o mundo far� com que a R�ssia preste contas".
Ele tamb�m conversou com o presidente ucraniano, prometendo seu apoio.
O presidente franc�s, Emmanuel Macron, atual presidente do Conselho da Uni�o Europeia, pediu aos europeus "unidade" e convocou um conselho de seguran�a no Pal�cio do Eliseu.
"Os l�deres russos enfrentar�o um isolamento sem precedentes", alertou Josep Borrell, chefe da diplomacia da UE.
Os 27 pa�ses da UE, que se re�nem em uma c�pula excepcional nesta quinta-feira � noite em Bruxelas, preparam um novo conjunto de san��es que ser�o "as mais severas j� implementadas", acrescentou.
- Mercados em p�nico -
O secret�rio-geral da Otan, Jens Stoltenberg, condenou um "ataque imprudente e n�o provocado" da R�ssia.
Foi decidida uma reuni�o de emerg�ncia dos embaixadores da Alian�a Atl�ntica.
A China, com rela��es estreitas com Moscou, disse estar acompanhando a situa��o "de perto" e pediu "conten��o de todas as partes", mas n�o condenou a R�ssia.
Muitos temem que a crise na Ucr�nia possa levar ao conflito mais grave na Europa desde 1945. Uma interven��o russa poderia resultar em "at� cinco milh�es de pessoas deslocadas", alertou a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield.
Washington e seus aliados ocidentais adotaram as primeiras san��es na ter�a-feira em resposta ao reconhecimento dos separatistas do Donbas apoiados por Moscou, que Kiev vem lutando h� oito anos, um conflito que j� matou mais de 14.000 pessoas at� o momento.
Os mercados mundiais foram imediatamente atingidos. Logo ap�s o discurso de Putin, o petr�leo subiu acima de US$ 100 o barril pela primeira vez em mais de sete anos, e a Bolsa de Valores de Hong Kong caiu mais de 3%.
Ap�s uma interrup��o, a Bolsa de Moscou reabriu e operava em queda de quase 14%.
Os Estados Unidos devem apresentar um projeto de resolu��o na mesa do Conselho de Seguran�a da ONU condenando a R�ssia por sua "guerra" na Ucr�nia.
KIEV