A esquerda 'woke', o novo alvo dos conservadores nos EUA

A palavra "woke" descreveu por d�cadas afro-americanos conscientes sobre os preconceitos raciais. Seu significado foi posteriormente estendido para definir movimentos sociais como o feminismo. E nos �ltimos meses, tem sido para os conservadores americanos sin�nimo de todos os males causados pela esquerda.

O assunto esteve em quase todos os discursos proferidos durante o congresso anual de conservadores realizado esta semana em Orlando, na Fl�rida, incluindo o do ex-presidente Donald Trump, que foi ovacionado neste s�bado (27) ao falar sobre o tema.

Para os eleitores republicanos, o termo - passado do verbo "despertar" em ingl�s - agrupa uma s�rie de medidas progressistas que eles abominam. Pol�ticas como a discrimina��o positiva e tend�ncias como a cultura do cancelamento.

De acordo com o estrategista democrata Ed Kilgore, os conservadores veem o "woke" como "uma ideologia generalizada de pol�tica identit�ria extrema em favor de minorias e mulheres, que � opressiva em rela��o �s vis�es culturais tradicionais".

O analista pol�tico Richard Hanania o define a partir de uma postura mais pr�xima do sentimento conservador.

"A cultura 'woke' � uma tend�ncia a atribuir as desigualdades a discrimina��es", diz ele. "De acordo com isso, se um grupo social ganha mais dinheiro que outro � por discrimina��o, � algo causado pela sociedade."

- Uma arma pol�tica -

Seja qual for a defini��o escolhida, � prov�vel que essa quest�o permane�a na agenda conservadora nos pr�ximos meses, pelo menos at� as elei��es de meio de mandato em novembro, quando os republicanos pretendem recuperar o controle das duas c�maras do Congresso.

A guerra contra a esquerda "woke" mobiliza a base republicana por meio de uma mensagem muito clara, algo especialmente importante em elei��es onde a participa��o costuma ser muito inferior � das presidenciais, explica Kilgore.

"Os conservadores americanos est�o um pouco confusos em termos de seguran�a nacional e pol�tica econ�mica, sobretudo depois de Trump", explica o cientista pol�tico. "O que eles t�m, aquilo no que est�o unidos, s�o as quest�es culturais."

Os membros do partido tamb�m contam com um exemplo recente de sucesso em atacar a esquerda nesses temas culturais.

Em novembro, Glenn Youngkin derrotou o favorito democrata Terry McAuliffe na disputa pelo governo da Virg�nia. Essa conquista foi alcan�ada em parte com sua promessa de vetar o ensino da teoria cr�tica da ra�a, que se prop�e a estudar o passado escravocrata e de segrega��o do pa�s como a origem do racismo atual.

Para o estrategista republicano Brett Foster, os conservadores "est�o frustrados porque parece que a esquerda quer semear a disc�rdia sobre crit�rios raciais, embora os Estados Unidos j� tenham deixado isso para tr�s".

Hanania acredita, por sua vez, que essas quest�es n�o deixam apenas os conservadores indignados. "Se voc� fizer pesquisas honestas sobre coisas como a��es afirmativas, elas quase sempre perdem", afirma ele.

Diante do poss�vel risco pol�tico que isso representa para os democratas, alguns, como o estrategista do partido James Carville, pediram � ala mais � esquerda do partido que abandonasse sua agenda "woke".