
A sess�o emergencial da Assembleia-Geral da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) para discutir o conflito na Ucr�nia, iniciada ontem, e a abertura de investiga��o sobre crimes de guerra contra a R�ssia pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia, marcam a movimenta��o pol�tico-diplom�tica em repres�lia contra a invas�o russa na Ucr�nia. A convoca��o da Assembleia-Geral da ONU em car�ter emergencial � um evento raro em 50 anos e foi aprovada pelo Conselho de Seguran�a da ONU em resposta ao veto russo a uma resolu��o que exigia a retirada imediata das tropas do territ�rio ucraniano. Os discursos contr�rios � investida russa dominaram as falas no primeiro dia da reuni�o, que prossegue hoje.
J� o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou ontem a abertura o “mais r�pido poss�vel” de uma investiga��o sobre a situa��o na Ucr�nia, mencionando “crimes de guerra” e “crimes contra a humanidade”. “Estou convencido de que h� uma base razo�vel para acreditar que supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade foram cometidos na Ucr�nia” desde 2014, declarou o procurador do TPI, Karim Khan, em comunicado.
O embaixador da Ucr�nia na ONU, Sergiy Kyslytsya, denunciou que a R�ssia teria cometido crimes de guerra durante os combates. Segundo ele, civis, hospitais, escolas, orfanatos e at� ambul�ncias foram alvos das tropas russas. “Os conflitos t�m paralelos que podem ser feitos com a 2ª Guerra Mundial. A R�ssia comete crimes de guerra”, afirmou o diplomata ucraniano. Segundo ele, s�o ao menos 5 mil mortos, entre civis e soldados.
Kyslytsya afirmou que a ONU precisa conter a a��es de Putin. “Temos que exigir que as for�as russas saiam imediatamente da Ucr�nia”, argumentou. “O momento de agir � agora. Se a Ucr�nia n�o sobreviver, a paz mundial n�o sobreviver�. N�o se iludam”, acrescentou. O embaixador pediu tamb�m a pun��o de Belarus. O pa�s comandado pelo ditador Aleksandr Lukashenko tamb�m fez ataques � Ucr�nia e cedeu a fronteira para a invas�o russa.
O embaixador da R�ssia na ONU, Vasily Nebenzya, falou logo ap�s o diplomata ucraniano. Ele rebateu as falas do hom�logo e defendeu o prisma russo da situa��o. Segundo ele, o conflito come�ou ap�s “sabotagens” ucranianas a acordos entre os dois pa�ses. “A Ucr�nia est� pedindo sua ades�o � Otan rompendo (leis da ONU) e colocando a R�ssia em risco”, resumiu. Ele acrescentou: “A opera��o da R�ssia exerce o direito pela autodefesa”. Para Nebenzya, o “Ocidente tem incitado os ucranianos”. “Pedidos que a Ucr�nia n�o entrasse na Otan. Estendemos a nossa m�o, mas fomos ignorados”, reclamou. Ele desmentiu o embaixador ucraniano. “For�as russas n�o est�o atacando �reas civis. A infraestrutura ucraniana n�o est� sendo atacada”, salientou.
Na abertura da reuni�o, o secret�rio-geral da ONU, Ant�nio Guterres, adotou um tom duro quanto aos bombardeios e ataques em �reas com alto n�mero de civis. “A escalada desta viol�ncia que resultou em mortes de civis, incluindo crian�as, � totalmente inaceit�vel. Basta! Os soldados devem voltar aos seus quart�is e deve haver conversa��o em prol da paz”, convocou. Para ele, a crise atual � uma ame�a generalizada aos pa�ses da Europa. “Estamos enfrentando uma trag�dia para a Ucr�nia, mas tamb�m uma enorme crise regional com consequ�ncias para todos n�s. As for�as nucleares russas est�o em estado de alto alerta, isso � muito preocupante. A simples ideia de um conflito nuclear � algo inconceb�vel. Nada pode justificar o uso das armas nucleares”, afirmou.
Solu��o coletiva
“� imperativo que falemos em nome das mulheres, crian�as e homens que se encontram aprisionados na linha de fogo, � imperativo que busquemos todos os canais dispon�veis para conter a situa��o, desescalar as tens�es e buscar uma solu��o pac�fica em conformidade com o direito internacional e os princ�pios da Carta das Na��es Unidas. N�o h� ganhadores, sen�o incont�veis vidas perdidas, destro�adas”, declarou durante o discurso de abertura Abdulla Shahid, presidente da 76ª sess�o da Assembleia-Geral Extraordin�ria da ONU.
“Lembremo-nos de que fundamos as Na��es Unidas para manter a paz e a seguran�a internacional e, com esse fim, tomar medidas coletivas efetivas para a preven��o e elimina��o das amea�as � paz e para trazer, com meios pac�ficos, uma justa solu��o das controv�rsias internacionais”, continuou. Shahid disse que a negocia��o em Belarus d� um raio de esperan�a em meio ao caos provocado pela guerra.
“N�o h� nada a ganhar” com uma nova Guerra Fria, declarou o embaixador da China na ONU, Zhang Jun, ontem, ao tomar a palavra na excepcional reuni�o de urg�ncia da Assembleia-Geral da organiza��o, que deve se pronunciar sobre a invas�o russa da Ucr�nia. “A Guerra Fria acabou h� muito tempo. A mentalidade da Guerra Fria baseada no confronto de blocos deve ser abandonada. N�o h� nada a ganhar com o in�cio de uma nova Guerra Fria”, frisou Zhang.
Aproximadamente, 110 pa�ses se inscreveram para discursar. O encontro acabou ap�s o discurso de n�mero 45, feito pelo Chile. A Assembleia retoma hoje com o discurso do Paraguai. Os EUA s�o o n�mero 112 na lista. A ideia principal � votar, at� quarta-feira, uma resolu��o que condene a invas�o da R�ssia � Ucr�nia. O encontro s� havia sido convocado de forma emergencial 10 vezes desde 1950. A �ltima delas ocorreu em 1997.
enquanto isso...
…EUA expulsam 12 iplomatas russos
Doze membros da miss�o diplom�tica da R�ssia na ONU receberam ordens para deixar os Estados Unidos at� 7 de mar�o, afirmou ontem o embaixador da R�ssia na organiza��o. Vassily Nebenzia disse a rep�rteres em uma coletiva de imprensa na sede da ONU em Nova York que tinha acabado de ser informado sobre a expuls�o. Em um comunicado, a porta-voz da miss�o dos EUA na ONU confirmou a informa��o. “Estamos iniciando o processo de expuls�o de 12 agentes de intelig�ncia da miss�o russa que abusaram de seu status diplom�tico nos Estados Unidos envolvendo-se em atividades de espionagem contr�rias � nossa seguran�a nacional”, declarou. Em rea��o, o embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoli Antonov, denunciou como "hostil" a decis�o do governo americano. Ele fez um comunicado no Facebook, em que afirma que a medida causou “profunda decep��o” e “rejei��o absoluta” em Moscou.
