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Estado de Minas CRISE

Qual o papel da Otan no confronto entre R�ssia e Ucr�nia?

A expans�o da alian�a militar pelos pa�ses do antigo bloco comunista pode estar na raiz da guerra que vemos hoje?


02/03/2022 16:31 - atualizado 02/03/2022 16:44


Carros destruídos em meio a conflito entre Rússia e Ucrânia
(foto: EPA)

A invas�o russa � Ucr�nia tem como um de seus principais panos de fundo os temores da R�ssia com o avan�o da Otan (Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte) no leste da Europa.

Desde o fim da Uni�o Sovi�tica (URSS), em 1991, a alian�a militar encabe�ada por Estados Unidos e Europa incorporou 13 pa�ses da regi�o aos seus membros, entre eles as ex-rep�blicas sovi�ticas Est�nia, Litu�nia e Let�nia.

A Ucr�nia � atualmente um "pa�s-associado" � Otan, o que significa que pode se unir � organiza��o no futuro.

 

Para o governo russo, a inclus�o de seus vizinhos na alian�a � uma tentativa dos americanos e das pot�ncias europeias de cercar seu territ�rio, o que configuraria uma amea�a � R�ssia. "Para os EUA e seus aliados, � a chamada pol�tica de deten��o da R�ssia, com �bvios dividendos pol�ticos. E para nosso pa�s, � uma quest�o de vida ou morte, � uma quest�o do nosso futuro hist�rico como povo. N�o � exagero. � uma amea�a real n�o s� aos nossos interesses, mas � pr�pria exist�ncia do nosso Estado e sua soberania", disse Putin ao anunciar a invas�o da Ucr�nia em 24/02.

E para tentar conter o que classifica como amea�a, Putin vem exigindo ao longo dos �ltimos anos que a Otan cesse suas atividades militares no leste da Europa e forne�a garantias de que a Ucr�nia n�o ser� aceita na organiza��o.

Mas afinal, qual a responsabilidade da Otan na atual invas�o da Ucr�nia pela R�ssia? A expans�o da alian�a militar pelos pa�ses do antigo bloco comunista ajudou a manter a paz (como diz oficialmente) ou est� justamente na raiz da guerra que vemos hoje?

Putin costuma repetir que a Otan � "apenas um instrumento da pol�tica externa dos EUA", pa�s com o maior poderio militar do mundo. Por outro lado, a organiza��o ressalta que todas as suas decis�es s�o negociadas e tomadas por consenso entre os seus 30 membros.

A BBC News Brasil consultou especialistas de diversas vertentes em busca de contexto e an�lises variadas num debate que contrap�e vis�es de mundo bastante opostas.

Quais os objetivos da Otan?

Em primeiro lugar, � preciso lembrar que a Otan foi criada em 1949 por 12 pa�ses, entre eles EUA, Canad�, Reino Unido e Fran�a, justamente com o objetivo de conter o avan�o da ent�o Uni�o Sovi�tica.

Os membros da alian�a t�m o compromisso de se defender mutuamente em caso de ataque armado contra qualquer um deles.

A Segunda Guerra Mundial acabara quatro anos antes, e os sovi�ticos que haviam ajudado a derrotar a Alemanha nazista emergiam, principalmente por quest�es ideol�gicas, como o maior advers�rio da Europa Ocidental e dos Estados Unidos.

Ou seja, a alian�a militar nasceu de uma rivalidade com a R�ssia, o principal pa�s-membro da URSS, numa oposi��o entre dois campos: o capitalista e o comunista.

Em 1955, a Alemanha, antiga inimiga na guerra, entrou para a organiza��o. No mesmo ano, os sovi�ticos criaram sua pr�pria alian�a militar, o Pacto de Vars�via, com outros pa�ses do Leste Europeu de orienta��o comunista.

A organiza��o do bloco comunista se manteve de p� at� 1991, quando a URSS entrou em colapso ap�s o fim da Guerra Fria e uma R�ssia enfraquecida emergiu como herdeira pol�tica.

Naquele momento, chegou-se a discutir uma nova arquitetura de seguran�a mundial que inclu�sse a R�ssia. A Otan chegou, inclusive, a assinar acordos de coopera��o com a R�ssia durante as d�cadas de 1990 e 2000, mas a parceria foi aos poucos se deteriorando por conta de diverg�ncias entre os membros. Os russos tamb�m tentaram entrar para a Otan, sem sucesso.

"Depois da Guerra Fria, houve conversas e negocia��es para parcerias, mas a Otan � uma alian�a constru�da com base na confian�a e nos valores comuns — e a R�ssia nunca teve um momento realmente democr�tico na sua hist�ria moderna", diz o analista americano Bruce Jones, diretor do Projeto sobre Ordem Internacional e Estrat�gia do think tank Brookings Institution.


Mapa sobre a expansão da Otan
(foto: BBC)

"Havia desafios sist�micos e psicol�gicos intranspon�veis para a ades�o da R�ssia � Otan, entre eles a falta de confian�a das for�as militares dos membros da alian�a em rela��o � Moscou, que herdou muito de seu arsenal e procedimentos operacionais da URSS", diz Mikhail Troitskiy, professor da Universidade Mgimo e especialista em rela��es internacionais de Moscou.

O fim da URSS, por sua vez, deu in�cio a um processo de conquista de independ�ncia dos pa�ses do Leste Europeu e, ao longo dos anos, quase todos os membros do antigo Pacto de Vars�via entraram para a Otan.

Para Putin, a Otan serve como instrumento da pol�tica externa americana e exemplo da forte influ�ncia que o pa�s exerce sobre seus aliados. "Todos os seus pa�ses-sat�lites n�o s� concordam com eles sempre que podem como tamb�m copiam o comportamento deles e aceitam com admira��o as regras impostas."

Os EUA e a Alemanha s�o os pa�ses que mais contribuem financeiramente com a organiza��o (16% do or�amento total cada), mas a Otan ressalta que todas as decis�es da alian�a s�o tomadas em conjunto e por consenso de todos os seus 30 membros. "Decis�es por consenso significam que n�o h� vota��o na Otan. Consultas s�o feitas at� que se chegue a uma decis�o aceit�vel para todos. Algumas vezes alguns pa�ses-membros discordam em alguns pontos. Em geral, o processo de negocia��o � r�pido porque seus membros est�o em contato regularmente e sabem as posi��es dos outros de forma antecipada", afirma a Otan.

Por outro lado, vale lembrar que os EUA s�o o pa�s mais rico e com o maior poderio militar do mundo. Segundo levantamento do Brookings Institution, os americanos gastam mais anualmente com seguran�a e defesa do que China, R�ssia, Ar�bia Saudita, Fran�a, Reino Unido, Alemanha, �ndia e Jap�o juntos.

Otan avan�a sobre o Leste Europeu?

Para Moscou, a presen�a da Otan no leste europeu � uma das principais amea�as ao pa�s. Putin afirma que os Estados Unidos e a Europa Ocidental utilizam a alian�a para cercar a R�ssia e quer que a organiza��o cesse suas atividades militares no Leste Europeu.

"A R�ssia quer algum tipo de comprometimento por parte da Otan de que a alian�a n�o est� interessada em recrutar a Ge�rgia, e mais especialmente a Ucr�nia, como seus membros", diz Troitskiy.

"De forma mais geral, o governo russo tamb�m quer que a Otan imponha algum tipo de limite � sua pol�tica de portas abertas", afirma o especialista russo, em refer�ncia ao Artigo 10º do tratado, que permite a ades�o de qualquer pa�s europeu que possa melhorar e contribuir "para a seguran�a da regi�o do Atl�ntico Norte".

O presidente russo teme ainda que, no caso de uma alian�a com a Ucr�nia, a na��o vizinha sirva de base para o eventual lan�amento de m�sseis contra a R�ssia.

Para Alexandre Uehara, coordenador acad�mico do Centro Brasileiro de Estudos de Neg�cios Internacionais da ESPM, as negocia��es para a entrada da Ucr�nia na Otan soaram como uma provoca��o para os russos. "Nesse aspecto, faltou uma maior habilidade para conduzir o processo de forma a evitar qualquer tens�o", diz. "Mas, por outro lado, a Otan � aberta a qualquer na��o."

Em discursos pouco antes da invas�o ao pa�s vizinho, Putin tamb�m acusou os EUA e os demais membros da Otan de desprezarem totalmente os interesses russos e ignorarem seus pedidos por provas de que n�o incorporariam a Ucr�nia aos seus membros ou expandiriam ainda mais sua presen�a militar na regi�o.

"J� est� claro: as preocupa��es fundamentais da R�ssia foram ignoradas", disse Putin em entrevista a jornalistas no in�cio de fevereiro.

Para o l�der russo, a Otan �


Putin em reunião com aliados
Governo russo acredita que a inclus�o de seus vizinhos na alian�a � uma tentativa dos americanos e das pot�ncias europeias de cercar seu territ�rio (foto: ALEXEY NIKOLSKY/GETTY IMAGES)

A Otan, por sua vez, recha�a essas afirma��es e diz que s� um n�mero reduzido de seus Estados-membros compartilha fronteiras com a R�ssia, al�m de sustentar que trata-se de uma alian�a defensiva, e n�o ofensiva.

A organiza��o afirma ainda que todos os pa�ses do Leste Europeu incorporados como membros solicitaram sua entrada de forma independente, sem qualquer tipo de press�o por parte dos EUA ou da Europa.

"Estamos preparados para ouvir as preocupa��es da R�ssia e travar uma conversa real sobre como defender e refor�ar os princ�pios fundamentais da seguran�a europeia com que todos n�s nos comprometemos, a come�ar pelos Acordos de Helsinki", disse o secret�rio-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em janeiro, referindo-se aos pactos assinados ap�s a Guerra Fria para estabelecer uma "coexist�ncia pac�fica" entre os blocos comunista e capitalista.

"Isso inclui o direito de cada na��o de escolher seus pr�prios arranjos de seguran�a", defendeu.

Para Bruce Jones, entre as raz�es que levaram os pa�ses do Leste Europeu a se juntarem � organiza��o esteve justamente o temor de uma invas�o russa. "A Otan n�o recrutou as ex-rep�blicas sovi�ticas. Muito pelo contr�rio, esses pa�ses se inscreveram para ser parte da alian�a de maneira efusiva porque n�o confiam na R�ssia", diz.

Qual foi a atua��o da Otan na R�ssia e na Ucr�nia?

Quando os ucranianos depuseram o seu presidente pr�-R�ssia no in�cio de 2014, quando ele se recusou a se aproximar da Uni�o Europeia apesar do apoio popular majorit�rio, a R�ssia anexou a pen�nsula da Crimeia, ao sul da Ucr�nia. Tamb�m respaldou separatistas pr�-R�ssia que ocuparam grandes territ�rios ao leste da Ucr�nia.

A Otan n�o interveio, mas respondeu colocando tropas em v�rios pa�ses do Leste Europeu pela primeira vez.

A alian�a possui quatro grupos de batalha multinacionais do tamanho de um batalh�o na Est�nia, Let�nia, Litu�nia e Pol�nia; e uma brigada multinacional na Rom�nia.

A Otan tamb�m ampliou sua vigil�ncia a�rea nos pa�ses b�lticos e no leste da Europa para interceptar qualquer avi�o russo que ultrapasse a fronteira de seus Estados-membros.

A R�ssia exige que esse poderio b�lico seja retirado daquela regi�o.

Ap�s a invas�o � Ucr�nia, os pa�ses-membros da Otan concordaram em enviar ajuda militar a Kiev em forma de milhares de armas antitanque e centenas de m�sseis de defesa, bem como muni��o.

Os pa�ses da Uni�o Europeia tamb�m aprovaram envio de suprimentos de armas no valor de 450 milh�es de euros (R$ 2,5 bilh�es) e equipamentos de prote��o no valor de 50 milh�es de euros (R$ 288 milh�es), al�m de um apoio ao Ex�rcito ucraniano com ca�as e combust�vel.

Mas a Otan tem repetido que n�o haver� participa��o de soldados da organiza��o no conflito.

A Otan pode ser responsabilizada pela invas�o � Ucr�nia?

Segundo a narrativa defendida pelo Kremlin e seus apoiadores, a invas�o � Ucr�nia seria uma rea��o �s a��es tomadas pela pr�pria Otan contra os interesses russos.

Putin afirma que a alian�a traiu a R�ssia ao quebrar uma promessa feita � Uni�o Sovi�tica ao fim da Guerra Fria.

Segundo o presidente russo, o secret�rio de Estado do presidente americano George H. W. Bush, James Baker, teria se comprometido verbalmente a n�o expandir a influ�ncia da Otan pelo Leste Europeu durante discuss�es em fevereiro de 1990 com o ent�o l�der sovi�tico Mikhail Gorbachev. Em troca, a URSS teria que aceitar a unifica��o da Alemanha.

A promessa, por�m, nunca se tornou um acordo formal. Anos depois, em 2014, Gorbachev negou em uma entrevista que houve um comprometimento formal dos EUA para evitar o avan�o da Otan.


Ataque à maior torre de TV da capital ucraniana
Ataque � maior torre de TV da capital ucraniana deixou cinco mortos na ter�a-feira (foto: BBC)

"O tema da 'expans�o da Otan' n�o foi discutido e n�o foi abordado naqueles anos", disse ele ao jornal Russia Beyond. "Uma quest�o que levantamos e que foi discutida foi garantir que as estruturas militares da Otan n�o avan�assem e que for�as armadas adicionais n�o fossem implantadas no territ�rio da ent�o Rep�blica Democr�tica Alem� ap�s a reunifica��o. A declara��o de Baker foi feita nesse contexto."

No entanto, Gorbachev disse acreditar que, apesar de a expans�o da Otan n�o trair promessas concretas, ela desrespeita o esp�rito do que estava sendo acordado naquele momento. "Foi um grande erro desde o in�cio. Foi definitivamente uma viola��o do esp�rito das declara��es e garantias feitas a n�s em 1990", disse.

E as cr�ticas em rela��o ao avan�o da Otan n�o s�o novidade nem tampouco exclusividade de vozes russas. George Kennan, um dos diplomatas americanos mais influentes no per�odo de oposi��o � URSS, classificou a expans�o da Otan na Europa Central como "o erro mais fat�dico da pol�tica americana em toda a era p�s-Guerra Fria".

Em um artigo publicado no jornal The New York Times em 1997, ele afirmou que a amplia��o rumo ao leste inflamaria tend�ncias nacionalistas e militaristas entre os russos e poderia afetar o pr�prio desenvolvimento da democracia na R�ssia. N�o seria, portanto, a maneira mais inteligente de lidar com um imp�rio humilhado ap�s sua dissolu��o e detentor do maior arsenal nuclear do mundo.

Para Mikhail Troitskiy, da Universidade Mgimo, a resist�ncia dos membros da alian�a em rela��o aos interesses russos levou a uma insatisfa��o cada vez maior no Kremlin. "A relut�ncia da Otan em considerar as demandas de Moscou sobre a ades�o da Ucr�nia e o fim da pol�tica de expans�o da alian�a irritaram a R�ssia", diz. "No entanto, essas eram contradi��es de fundo que de forma alguma tornaram inevit�vel o confronto militar entre a R�ssia e a Ucr�nia."

Por outro lado, Bruce Jones, do Brookings Institution, avalia que as a��es militares do governo de Vladimir Putin contra a Ucr�nia t�m mais ra�zes internas do que externas. "A invas�o tem mais a ver com o sentimento profundo de conex�o e o desejo que os russo nutrem de ter a Ucr�nia de volta ao seu inv�lucro do que com qualquer a��o da Otan."

Mas segundo o analista americano, isso n�o quer dizer que o temor de Moscou em rela��o � alian�a militar ocidental seja irracional.

"Historicamente, alian�as multilaterais j� mudaram de opini�o sobre suas pol�ticas. Por isso, a R�ssia pode sim ter raz�es para se preocupar com uma mudan�a de posi��o da Otan", diz. "Mas isso n�o explica o porqu� de uma a��o militar".

O professor Alexandre Uehara compartilha da opini�o de que a incurs�o russa � injustific�vel.

"Analisando retrospectivamente, existem alguns aspectos leg�timos para que a R�ssia questione essa expans�o para o Leste Europeu", afirma. "Mas isso ainda n�o justifica a invas�o da Ucr�nia, pois toda a quest�o poderia ter sido resolvida diplomaticamente".

A Otan possui apenas objetivos defensivos?

A Otan se define como uma alian�a militar criada para a defesa de seus membros e, segundo seus membros, s� age militarmente quando atacada.

Esse princ�pio de defesa coletiva est� registrado no artigo 5º do Tratado do Atl�ntico Norte, que garante que os recursos de todos os pa�ses da organiza��o possam ser usados para proteger os demais.

Essa defini��o defensiva, por�m, � vista com desconfian�a por muitos na R�ssia.

Membros do governo e o pr�prio presidente Putin citam com frequ�ncia o bombardeio realizado pela Otan contra a antiga Iugosl�via em 1999 como prova de que a alian�a n�o se restringe � defesa.

Durante seu encontro com o chanceler alem�o Olaf Scholz em meados de fevereiro, o l�der russo levantou a quest�o mais uma vez.

"O chanceler federal acabou de dizer que as pessoas de sua gera��o — e eu certamente perten�o a essa gera��o — acham dif�cil imaginar uma guerra na Europa", disse na entrevista coletiva ap�s o encontro com o alem�o. "Mas todos n�s fomos testemunhas da guerra na Europa que a Otan desencadeou contra a Iugosl�via."


Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia,
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucr�nia, em foto de 26 de fevereiro (foto: EPA/PRESIDENCIA DE UCRANIA)

"Aconteceu. Sem nenhuma san��o do Conselho de Seguran�a da ONU. � um exemplo muito triste, mas � um fato dif�cil", disse Putin, referindo-se � opera��o militar contra Belgrado e Novi Sad, que levou � retirada das for�as iugoslavas do Kosovo e o estabelecimento de uma miss�o da ONU no pa�s.

De acordo com a posi��o da Otan � �poca, a opera��o foi um sucesso e cumpriu seus objetivos ao colocar fim ao conflito que assolava a regi�o h� quase uma d�cada.

Para os russos, por�m, � mais uma prova de que a alian�a poderia usar sua presen�a no Leste Europeu para atacar seu territ�rio.

Segundo Troitskiy, a Otan tem um hist�rico complexo quando o tema � sua natureza pac�fica. "A ades�o dos pa�ses da Europa Central e Oriental na Otan ap�s o fim da Guerra Fria certamente ajudou pacificar e reduzir as ambi��es perigosas desses Estados", diz. "Mas, por outro lado, a R�ssia sempre citar� o bombardeio contra a Iugosl�via como evid�ncia de uma interven��o."

"E claro, alguns membros da Otan invadiram o Iraque, uma opera��o que pode facilmente ser usada para testemunhar a natureza expansionista da alian�a", diz o analista de Moscou. "Houve ainda a interven��o na L�bia em 2011, quando a Otan claramente ultrapassou seu mandato, e h� tamb�m quem aponte para as a��es no Afeganist�o como outra opera��o expansionista".

Jones, do Brookings Institution, n�o v� qualquer inten��o expansionista nas a��es da Otan na Iugosl�via. "Os EUA n�o come�aram essa guerra. Eles apenas escolheram interferir em defesa de Kosovo ap�s m�ltiplas rodadas de negocia��o e esfor�os, o que � completamente diferente de arquitetar uma invas�o contra uma na��o independente."

A Ucr�nia ainda pode entrar para a Otan?

A Ucr�nia n�o � membro da Otan, e embora pleiteie entrada no grupo, n�o h� qualquer previs�o de que isso ocorra num futuro pr�ximo.

Mas a alian�a j� negou em diversos momentos o fim de sua pol�tica de portas abertas ou um veto a qualquer membro que queira aderir � organiza��o, como � exigido pela R�ssia.

"A rela��o da Otan com a Ucr�nia ser� decidida pelos 30 aliados da Otan e a Ucr�nia, e por ningu�m mais", disse o secret�rio-geral da organiza��o em dezembro de 2021.

Para Bruce Jones, n�o h� como saber se a alian�a pode trabalhar para aceitar Kiev no futuro, mas essa realidade � improv�vel atualmente, diante da opera��o russa.

"O processo de entrada da Ucr�nia na Otan ocorreu de forma bastante lenta em parte porque o governo em Kiev deu entrada ao pedido pouco antes da crise financeira que atingiu a Europa", afirma.

"Mas a invas�o russa mudou tudo e, talvez, ao final da guerra, a Ucr�nia tenha se mostrado uma resist�ncia t�o corajosa e s�ria que tudo mais caminhe r�pido", diz.

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