"Sobrevivemos a uma noite que pode acabar com a hist�ria. A hist�ria da Ucr�nia. A hist�ria da Europa", disse o presidente ucraniano Volodimir Zelensky depois que bombas russas atingiram a usina nuclear de Zaporizhia, a cerca de 150 quil�metros de dist�ncia, ao norte da pen�nsula da Crimeia.
Bombeiros apagaram o fogo que deflagrou num edif�cio e num laborat�rio depois que proj�teis russos atingiram nas primeiras horas de sexta-feira as instala��es da central nuclear de Zaporizhzhia, que fica 150 quil�metros ao norte da pen�nsula da Crimeia.
Ap�s algumas horas de alerta, nas quais o presidente ucraniano Volodimir Zelensky apontou para um poss�vel desastre "10 vezes superior ao de Chernobyl", em refer�ncia ao catastr�fico acidente nuclear de 1986 no pa�s, os servi�os de emerg�ncia conseguiram controlar as chamas, segundo as autoridades de Kiev.
"N�o foram registradas mudan�as no n�vel de radia��o", afirmou a ag�ncia de inspe��o das centrais at�micas da Ucr�nia, que confirmou que as tropas russas ocuparam a �rea da usina.
Dos seis blocos, o primeiro foi retirado de opera��o, os n�mero 2, 3, 5 e 6 est�o em processo de resfriamento e o 4 permanece operacional.
"� necess�rio impedir que a Europa morra de um desastre nuclear", afirmou o presidente ucraniano, que pediu san��es mais duras contra Moscou.
"� necess�rio endurecer imediatamente as san��es contra o Estado terrorista nuclear", declarou Zelensky em um v�deo, no qual tamb�m pediu aos russos que "saiam �s ruas" para exigir o fim dos ataques de seu pa�s a usinas nucleares ucranianas.
O ataque russo provocou uma grande como��o no mundo.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou com o colega ucraniano e o secret�rio-geral da Otan, Jens Stoltenberg, condenou a "irresponsabilidade" da R�ssia.
O Conselho de Seguran�a da ONU se reunir� nesta sexta-feira em Nova York a pedido do Reino Unido para estudar as consequ�ncias desses bombardeios, disseram diplomatas.
Em 24 de fevereiro, no in�cio da invas�o russa, os combates eclodiram perto da antiga usina de Chernobyl, cerca de 100 quil�metros ao norte de Kiev, que est� nas m�os das tropas russas desde ent�o.
- Novas negocia��es -
No nono dia da ofensiva, a perspectiva de cessar-fogo parece distante. Em uma segunda rodada de negocia��es, os dois pa�ses concordaram apenas com a cria��o de corredores humanit�rios.
A Ucr�nia est� contando com uma terceira rodada de negocia��es com a R�ssia neste fim de semana, disse um dos enviados ucranianos, Mikhailo Podoliak.
Essa informa��o foi confirmada pelo gabinete do chanceler alem�o, Olaf Scholz, que conversou por telefone com Putin.
Mas o di�logo s� � poss�vel se "todas as demandas russas" forem aceitas, alertou Putin nessa conversa, segundo o Kremlin.
Putin tamb�m negou que as for�as russas estejam bombardeando cidades ucranianas, apesar das imagens de destrui��o nos �ltimos dias em Kiev, Kharkiv (leste), Mariupol (sudeste) e outras cidades.
Em uma conversa com o presidente franc�s Emmanuel Macron na segunda-feira, Putin exigiu "o reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia (anexada em 2014), a desmilitariza��o e 'desnazifica��o' do Estado ucraniano e a promessa de sua posi��o neutra".
Moscou justifica sua invas�o como uma opera��o para proteger a popula��o das regi�es separatistas de Donbas, no leste da Ucr�nia.
- "Um inferno" -
Aparentemente em ritmo de desacelera��o em Kiev e em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana (noroeste do pa�s), a invas�o russa avan�a no sul.
Zelensky pediu aos pa�ses ocidentais para "fechar o c�u" ucraniano �s aeronaves russas e que forne�am avi�es � Ucr�nia.
Mas a Otan garantiu nesta sexta-feira que os seus avi�es n�o v�o atuar na Ucr�nia, fechando assim a porta � cria��o de uma zona de exclus�o a�rea.
"Achamos que, se fizermos isso, acabaremos tendo algo que pode se tornar uma guerra total na Europa, engolindo muitos outros pa�ses e causando muito mais sofrimento humano", disse Stoltenberg.
At� o momento, os pa�ses ocidentais forneceram armas � Ucr�nia, mas concentraram a resposta em uma s�rie de san��es para isolar a R�ssia nas �reas diplom�tica, econ�mica, cultural e esportiva.
Nesta sexta-feira, tiros foram ouvidos em Bucha, a noroeste de Kiev, onde era poss�vel ver blindados russos destru�dos.
A leste, a fuma�a podia ser vista subindo de armaz�ns bombardeados, segundo fot�grafos da AFP. A cerca de 350 km a leste da capital, a situa��o tamb�m virou um "inferno" em Okhtyrka, e � "cr�tica" em Sumy, segundo autoridades locais.
No porto estrat�gico de Mari�pol (sudeste), a situa��o humanit�ria � "terr�vel" ap�s 40 horas de bombardeios ininterruptos, incluindo escolas e hospitais, disse o vice-prefeito, Sergei Orlov, � BBC.
Na quinta-feira, os russos consolidaram a conquista de Kherson (290.000 habitantes, sul), sua primeira grande vit�ria at� o momento, e intensificaram o bombardeio de outros centros urbanos.
Pelo menos 47 pessoas morreram no mesmo dia em um ataque a �reas residenciais, incluindo escolas, em Chernigov (norte), informaram as autoridades nesta sexta-feira em um novo balan�o revisado para cima.
Mais de 1,2 milh�o de refugiados fugiram da Ucr�nia para pa�ses vizinhos desde o in�cio da invas�o e milh�es de outros ficaram deslocados internamente, segundo o Alto Comissariado das Na��es Unidas para os Refugiados.
- Morda�a � imprensa -
Na pol�tica interna, Moscou intensificou nesta sexta-feira o controle sobre a imprensa e aumentou a repress�o contra ONGs de defesa dos direitos humanos e ajuda a migrantes.
O acesso aos sites em russo da BBC e da alem� Deutsche Welle e outros meios independentes foi "limitado", segundo a ag�ncia que regula os meios de comunica��o (Roskomnadzor).
Diante dessa decis�o, a BCC anunciou que estava retirando seus jornalistas da R�ssia.
Os deputados russos aprovaram nesta sexta-feira um texto que prev� duras penas de pris�o, de at� 15 anos, e multas para pessoas que publicam "informa��es falsas" sobre o ex�rcito.
O texto s� precisa ser assinado pelo presidente, Vladimir Putin, para que entre em vigor.
Duas ONGs famosas, a emblem�tica Memorial (defesa dos direitos humanos) e o Comit� de Assist�ncia C�vica (dedicada a ajudar os migrantes), foram alvos de opera��es da pol�cia em Moscou, segundo as pr�prias organiza��es.
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