As ruas est�o cheias de escombros, consequ�ncia dos m�sseis Grad que arrebentaram tanto edif�cios altos de apartamentos quanto modestos bangal�s de madeira e tijolos.
�s vezes as ruas vazias s�o t�o silenciosas que o som de um pica-pau bicando uma �rvore pode ser ouvido sobre o dos canh�es distantes.
Mas outras vezes ouve-se o estrondo das baterias de m�sseis Grad e as salvas de morteiros disparados perto dali.
� muito mais do que Mykola Pustovit, um homem de 69 anos, poderia suportar. Quando ele e a mulher iniciam uma longa caminhada em busca de relativa seguran�a em Kiev, ele cai em prantos.
O casal tinha a esperan�a de que o front ficasse longe de Irpin, "mas agora, depois de tantos bombardeios, � insuport�vel".
Na realidade, a linha de frente n�o se deslocou h� dias. Segundo c�lculos dos soldados ucranianos dos postos de controle da cidade, entre 20% e 30% do distrito est�o em m�os russas.
O sub�rbio seguinte, Bucha, centenas de metros mais ao norte, j� est� nas m�os do ex�rcito invasor.
A viol�ncia nunca est� longe. Enquanto rep�rteres da AFP cruzavam uma ponte de madeira improvisada para Irpin nas primeiras horas deste domingo (13), as for�as ucranianas tiravam cad�veres de tr�s companheiros.
Mais tarde, um carro levando jornalistas americanos foi alvejado a tiros perto de um posto de controle ucraniano, matando o fot�grafo Brent Renaud e ferindo o rep�rter Juan Arredondo.
Ap�s o incidente, o prefeito de Irpin, Oleksandr Markushyn, proibiu aos jornalistas acessarem a cidade, mas antes da entrada em vigor da restri��o, a AFP p�de falar com alguns civis que n�o est�o dispostos a partir.
- "Este morde" -
� o caso de Iryna Morozova, que ergue as m�os, assustada, em sinal de rendi��o quando os jornalistas da AFP se aproximam, como se estivessem apontando uma arma para ela.
Sua casa est� muito danificada e a vizinha foi praticamente destru�da, aparentemente pelo impacto de um m�ssil.
Mas esta mulher de 54 anos diz que n�o pode ir embora porque se partir, quem vai alimentar seus c�es?
Ela tem as chaves da casa de um vizinho, onde agora tr�s cachorros vivem trancados.
"Este morde, o trancamos na jaula. Quando o encontramos, estava assustado e tremia", conta. Os outros c�es podem sair para um jardim e brincam alegremente com os visitantes.
"Eles dormem na cozinha. Brincam durante o dia. Como � poss�vel deix�-los?" pergunta-se Morozova.
Os poucos vizinhos que restam ajudam uns aos outros e levam comida para os idosos, mas Iryna Morozova se preocupa mais com os animais de estima��o.
"Aqui n�o resta nada", diz, em frente a uma casa em ru�nas. "Agora, recolhemos animais de rua e os alimentamos porque as pessoas os abandonou e foram embora".
Ap�s anos trabalhando como condutora de trens em Duchamb�, capital do Tadjiquist�o, Vera Tyskanova, de 76 anos, tinha se mudado para esta que at� pouco tempo atr�s era uma rua tranquila em um sub�rbio agrad�vel.
Mas agora, desde o ataque a�reo nos primeiros dias da guerra, iniciada no m�s passado, vive sem energia el�trica e se consola alimentando os c�es de rua do bairro.
"H� �gua, mas eletricidade n�o. H� uma chamin� na parte da casa que n�o est� arruinada (...) Estou sobrevivendo", diz, rindo.
Na outra esquina, seu vizinho, Mykola Karpovych, de 84 anos, que foi condutor de trator em terras de cultivo perto da ent�o amig�vel fronteira com Belarus, est� desconcertado.
"Para onde irei? Minhas pernas e m�os doem", disse � AFP. "Ir embora? Para onde iria? Ir a Kiev? N�o vou a lugar algum. O que tiver que acontecer, acontecer�. Sou velho demais".
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