No TikTok, a guerra na Ucr�nia alterna entre trag�dia, humor e desinforma��o

A guerra na Ucr�nia se tornou a primeira da era TikTok, uma rede social onde o conflito � retratado tanto por meio de v�deos angustiantes de ataques de artilharia, como por dicas de como cozinhar em abrigos antibombas e desinforma��o sobre a invas�o russa.

Desde que a R�ssia invadiu a Ucr�nia, milh�es de pessoas sintonizaram o servi�o de rede social, extremamente popular, para not�cias e insights sobre o que est� acontecendo no campo de batalha.

Isso n�o passou despercebido pelos governantes americanos, que organizaram uma videochamada para informar os "influenciadores" do TikTok sobre os detalhes da guerra, segundo publica��es na rede social.

"V�rias pessoas recorreram a criadores digitais para descobrir sobre a invas�o da Ucr�nia", dizia um tweet da Gen-Z for Change, uma organiza��o sem fins lucrativos focada no uso das redes sociais.

"Ontem nos juntamos a @WhiteHouse e @WHNSC para um briefing sobre os objetivos estrat�gicos dos Estados Unidos na Ucr�nia para melhor desmascarar a desinforma��o", acrescentou, referindo-se a uma reuni�o do Conselho de Seguran�a Nacional da Casa Branca.

Na conta de Marta Vasyuta, o que agora predomina s�o as imagens de soldados e os estragos da guerra. Presa em Londres, a estudante de interc�mbio ucraniana de 20 anos usa o TikTok para compartilhar suas opini�es sobre a trag�dia do povo de seu pa�s natal.

"Minha miss�o � divulgar informa��o, n�o deixar de falar sobre isso, porque realmente importa", disse esta estudante de economia de Lviv cujos v�deos acumulam milh�es de visualiza��es.

Valeria Shashenok ficou na cidade de Chernigov, a nordeste de Kiev, e passou a usar o ingl�s para ampliar o alcance de seus posts sobre a guerra.

Em um deles, mostra como cozinhar borscht em um abrigo antibombas. Em outro, caminha pelos escombros enquanto ouve um remix de uma m�sica da Rihanna.

A fot�grafa de 20 anos est� entre os que n�o abriram m�o do car�ter l�dico dos v�deos, considerado marca registrada dessa rede social com mais de um bilh�o de usu�rios.

"Tento manter o humor, porque � a minha natureza", disse Rimma, uma criadora do TikTok de 23 anos, que pediu que seu sobrenome n�o fosse revelado. "Estou vivendo esse trauma, minha vida est� arruinada e n�o me resta nada al�m de ironia."

Destaca tamb�m que a linha entre o que � divertido e o que � doloroso ficou turva, dado o sofrimento e o medo que afligem tantos.

Mas o apetite pelo conte�do do TikTok em tempos de guerra parece crescer, com os seguidores das contas de Vasyuta e Shashenok aumentando.

- Atitude juvenil -

Se o TikTok se caracteriza por algo, � pela espontaneidade e impud�ncia de seus usu�rios, principalmente jovens.

Nos Estados Unidos, onde os membros da "Gera��o Z" - nascidos no final dos anos 1990 - evitam a televis�o tradicional, plataformas online como o TikTok s�o as principais fontes de not�cias.

"Espero que as crian�as que assistem a essa guerra se desenrolar no TikTok se oponham � guerra (e) percebam seus horrores e perigos", disse o professor de hist�ria americano Chris Dier, que tamb�m � criador do TikTok.

"O que eu n�o quero � que eles dessensibilizem e normalizem a guerra".

O TikTok informou � AFP que aumentou os recursos para detectar e combater "amea�as emergentes" e "desinforma��o prejudicial" na plataforma.

Em 6 de mar�o, a subsidi�ria da ByteDance suspendeu os uploads de v�deos na R�ssia em rea��o a uma nova lei que torna crime "desacreditar" os militares russos.

O fluxo de mensagens pr�-R�ssia diminuiu visivelmente no TikTok, onde a conta russa mais popular � a da ag�ncia de not�cias estatal RIA Novosti, conhecida por alega��es falsas.