"N�o � um muro de Berlim, � um muro na Europa Central entre a liberdade e a escravid�o, e este muro fica maior a cada bomba lan�ada sobre a Ucr�nia", disse Zelensky em uma mensagem de v�deo exibida na C�mara Baixa do Parlamento alem�o.
Zelensky discursou aos parlamentares da Alemanha um dia depois de falar ao Congresso dos Estados Unidos, cujo governo anunciou um bilh�o de d�lares em ajuda militar, incluindo m�sseis terra-ar Stinger, como os que eram usados contra as for�as sovi�ticas no Afeganist�o.
"Querido sr. chanceler (Olaf) Scholz, derrube este muro. D� � Alemanha o papel de lideran�a que merece", afirmou ao chefe de Governo alem�o, ao evocar o apelo feito durante a Guerra Fria pelo ent�o presidente americano, Ronald Reagan, em Berlim.
Nesta quinta-feira, Kiev, onde o cerco das tropas russas � cada vez mais intenso, saiu de um toque de recolher de 35 horas.
Durante a manh�, ap�s um ataque russo, jornalistas da AFP observaram um homem, desesperado, agachado ao lado de um corpo ensanguentado diante de um pr�dio de apartamentos atingido por um foguete.
Em outras �reas do pa�s, os bombardeios n�o d�o tr�gua, segundo as autoridades ucranianas. Em Merefa, uma cidade pr�xima de Kharkiv, no nordeste, ao menos 21 pessoas morreram e 25 ficaram feridas em um bombardeio que atingiu uma escola e um centro cultural, anunciou o Minist�rio P�blico regional.
- "Crian�as" -
O minist�rio russo da Defesa negou ter atacado o teatro na cidade portu�ria de Mariupol, sul da Ucr�nia.
As informa��es chegam a conta-gotas e, �s vezes, s�o contradit�rias.
De acordo com as autoridades locais mais de mil refugiados estavam no teatro. A ONG Human Right Watch (HRW), que destacou a falta de dados, cita a presen�a de pelo menos 500 pessoas.
Moscou afirma que o edif�cio foi alvo de um ataque de militantes do grupo ucraniano de extrema-direita Batalh�o Azov, o que foi negado pelos pa�ses ocidentais, que acusam a R�ssia de gerar desinforma��o.
Para Zelensky, o ataque demonstra que a "R�ssia virou um Estado terrorista".
O deputado ucraniano Sergyi Taruta afirmou no Facebook, sem citar fontes, que alguns sobreviventes come�aram a ser retirados dos escombros - ao que parece o ref�gio resistiu ao ataque.
O MP da Ucr�nia afirmou que � "imposs�vel estabelecer o n�mero exato de v�timas porque acontecem bombardeios constantes".
De acordo com imagens de sat�lite do teatro captadas em 14 de mar�o pela empresa privada Maxar, na frente e nos fundos do pr�dio, no ch�o, a palavra "crian�as" estava escrita em russo.
As autoridades publicaram uma foto do edif�cio, com a parte central completamente destru�da.
"A �nica palavra que descreve o que aconteceu hoje � 'genoc�dio', genoc�dio de nossa na��o, de nosso povo ucraniano", denunciou o prefeito de Mariupol, Vadim Boyshenko.
Mais de 1.200 pessoas morreram em a��es violentas em Mariupol desde o in�cio da guerra, segundo fontes ucranianas.
As pessoas que conseguiram fugir da cidade descrevem uma situa��o humanit�ria cr�tica e relataram que tiveram que beber neve derretida e fazer fogo para cozinhar a pouca comida dispon�vel.
"Piorava a cada dia. N�o t�nhamos energia el�trica, �gua ou comida. N�o era poss�vel comprar nada, em lugar nenhum", disse � AFP uma mulher que se identificou apenas como Darya.
Ap�s o bombardeio, o presidente americano, Joe Biden, chamou Putin de "criminoso de guerra", o que provocou uma grande indigna��o no Kremlin.
Nesta quinta-feira, funcion�rios do governo ucraniano afirmaram que a R�ssia aceitou nove corredores humanit�rios, incluindo um para que os civis consigam sair de Mariupol.
- "Puramente econ�mico?" -
Zelensky tamb�m criticou a Alemanha, que durante anos resistiu a romper os la�os econ�micos, em particular no setor de energia, com a R�ssia.
"Caro povo alem�o: como � poss�vel que, quando dissemos que o Nord Stream 2 (gasoduto entre R�ssia e Alemanha, cuja entrada em opera��o foi finalmente suspensa por Berlim) era uma forma de preparar a guerra, ouv�amos em resposta que 'era puramente econ�mico'?", questionou.
O chanceler alem�o aplaudiu as "palavras contundentes" do presidente ucraniano, mas n�o respondeu diretamente aos pedidos de Zelensky.
"Estamos vendo: a R�ssia continua a cada dia com sua guerra cruel, com perdas terr�veis", escreveu no Twitter.
A Otan rejeitou os pedidos da Ucr�nia de envolvimento direto no conflito, pelo temor de provocar a Terceira Guerra Mundial entre beligerantes com enormes arsenais nucleares.
At� o momento os pa�ses ocidentais forneceram ajuda militar. Joe Biden anunciou que os Estados Unidos tamb�m apoiar�o a Ucr�nia para adquirir novos sistemas de defesa antia�rea.
Apesar do cen�rio, Putin repetiu em uma reuni�o do governo que a opera��o � um "sucesso".
O chefe de Estado russo tamb�m condenou as san��es impostas pelos pa�ses ocidentais em resposta � invas�o, depois que Moscou foi exclu�do da maior parte do sistema financeiro ocidental e afirmou que as medidas fracassaram.
Nesta quinta-feira, o Kremlin rejeitou a ordem da Corte Internacional de Justi�a (CIJ), principal tribunal da ONU, para interromper imediatamente a invas�o da Ucr�nia.
O minist�rio russo das Finan�as afirmou que pagou juros de 117,2 milh�es de d�lares pela d�vida externa e evitou, no momento, o default.
A n�vel global, a guerra pode custar um ponto percentual ao crescimento mundial ao longo de um ano caso os efeitos sobre os mercados de energia e financeiros perdurem, advertiu a Organiza��o para a Coopera��o e o Desenvolvimento Econ�micos (OCDE).
A Europa ser� a regi�o mais afetada pelas consequ�ncias econ�micas da ofensiva, segundo a organiza��o.
- "Modelo ucraniano" -
Mais de tr�s milh�es de pessoas fugiram do pa�s, a maioria mulheres e crian�as, segundo a ONU.
Zelensky afirmou nesta quinta-feira que 108 crian�as morreram na guerra.
As duas partes conversaram por videoconfer�ncia em v�rias ocasi�es esta semana.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a delega��o russa est� "fazendo grandes esfor�os e est� disposta a trabalhar dia e noite, mas que os ucranianos n�o mostram tanto afinco".
Na quarta-feira, ele afirmou que um "compromisso" poderia ser alcan�ado para acabar com o conflito se a Ucr�nia aceitar virar um pa�s neutro, com base nos modelos da Su�cia ou �ustria.
Mas o negociador ucraniano, Mikhailo Podolyak, destacou que o modelo da Ucr�nia neste momento "s� pode ser ucraniano".
Zelensky destacou nas �ltimas horas que as prioridades nas conversa��es s�o "claras: fim da guerra, garantias de seguran�a, soberania, restabelecimento de nossa integridade territorial, garantias reais para nosso pa�s, prote��o real para nosso pa�s".
KIEV