
"Cada povo, e especialmente o povo russo, sempre ser� capaz de distinguir os verdadeiros patriotas da esc�ria e dos traidores, e simplesmente vai cuspi-los como se fossem uma mosca que entrou na boca", disse o l�der russo, em um discurso ao seu governo, transmitido pela televis�o, "Estou convencido de que essa necess�ria e natural autopurifica��o da sociedade fortalecer� nosso pa�s", acrescentou.
No pronunciamento, Putin voltou a defender a "opera��o militar especial" na Ucr�nia — chamar a ofensiva de guerra � pass�vel de multa e pris�o. O chefe do Kremlin tamb�m comparou o Ocidente aos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
"Como nos anos 1990, in�cio dos anos 2000, eles, agora, novamente. querem repetir sua tentativa de nos pressionar, nos transformar em algo fraco, dependente, violar a nossa integridade territorial, desmembrar a R�ssia da melhor maneira poss�vel para eles. N�o deu certo naquela �poca e n�o vai dar certo agora", advertiu. Alvo de sucessivas san��es internacionais, a R�ssia enfrenta um isolamento pol�tico, econ�mico e diplom�tico.
De acordo com Putin, "o imp�rio da mentira", que inclui pa�ses, ve�culos de comunica��o e redes sociais ocidentais, vai querer se apoiar em "uma quinta coluna de nacional-traidores" para alcan�ar seus objetivos antirrussos. Foi um recado aos magnatas russos que vivem no exterior e criticam a ofensiva na Ucr�nia.
Porta-voz de Putin, o diplomata Dmitri Peskov, que recentemente foi alvo de san��es internacionais, ecoou as palavras do chefe. "Nesse tipo de situa��o, acontece que muitas pessoas s�o traidoras e v�o embora das nossas vidas por si mesmas. Alguns se demitem, outros saem do pa�s. � uma purifica��o. Outros violam a lei e s�o punidos conforme a lei", enfatizou.
A manifesta��o do Kremlin acontece tr�s dias depois do protesto de maior repercuss�o internacional. A jornalista Marina Ovsyannikova invadiu o est�dio do telejornal russo mais assistido no pa�s para condenar a guerra. Ela tamb�m gravou e divulgou um v�deo, no qual chamou a guerra de "fratricida" e disse se envergonhar de ter prticipado de "propaganda" feita pela emissora ao longo dos anos.
Multada em 30 mil rublos (cerca de R$ 1,4 mil) pelo v�deo, Marina est� sujeita a uma pena de at� 15 anos de pris�o. O presidente da Fran�a, Emmanuel Macron, ofereceu asilo � jornalista, que recusou. Pelo menos por enquanto, a despeito dos riscos, ela pretende permanecer em Moscou.
Um n�mero indeterminado, mas significativo, de russos, em contrapartida, deixou o pa�s nas �ltimas tr�s semanas, devido � pol�tica de endurecimento do governo em rela��o aos que se op�em ao ataque. "Mas muitas pessoas realmente querem apoiar nosso presidente, e � a grande maioria", frisou Peskov.
Bloqueio
Com a guerra entrando na quarta semana, Moscou refor�a, cada vez, mais seu controle sobre as not�cias publicadas on-line sobre o conflito. Nos �ltimos dias, a ag�ncia russa reguladora do setor de telecomunica��es, a Roskomnadzor, bloqueou os sites de pelo menos 30 meios de comunica��o, segundo a ag�ncia de not�cias France Presse (AFP).
As p�ginas on-line do ve�culo investigativo Bellingcat, de jornais locais e de ve�culos em russo baseados em Israel e na Ucr�nia ficaram inacess�veis na quarta-feira na R�ssia, sem uma rede privada virtual (VPN, na sigla em ingl�s). Os sites aparecem na lista oficial de p�ginas bloqueadas pela Roskomnadzor.
Entre os portais com sede na R�ssia que foram alvo da medida est� o canal independente Kavkazki Uzel (Kavkaz-uzel.eu), que cobre o C�ucaso. A Roskomnadzor tamb�m suspendeu o acesso a dois canais russ�fonos baseados em Israel, onde h� uma comunidade significativa que migrou da antiga Uni�o Sovi�tica: 9 TV Channel Israel (www.9tv.co.il) e Vesty Israel (www.vesty.co.ill).
Ve�culos ucranianos (novosti.dn.ua; bukinfo.ua) e um da Est�nia, que tem uma vers�o russa (Postimees), tamb�m foram bloqueados. No esfor�o para controlar as informa��es divulgadas na internet, est�o inacess�veis as redes americanas Twitter, Facebook e Instagram, assim como outras m�dias russ�fonas que criticam o Kremlin.
Foi um abra�o mais do que aguardado. Ontem, o garoto Hassan Al-Khalaf, 11 anos, finalmente p�de reencontrar a m�e, ap�s uma jornada que lhe rendeu o t�tulo de her�i. Com apenas um n�mero de telefone na m�o e sozinho, Hassan fez uma viagem de 1.600km entre Zaporizhzhya, no leste da Ucr�nia, e Bratislava, capital da Eslov�quia. O trajeto foi feito a p� e de trem. Yulia Volodymyrivna Pisecka colocou o filho em uma locomotiva com destino ao pa�s vizinho e precisou ficar alguns dias na Ucr�nia, cuidando da av� materna de Hassan, que n�o pode andar e tem 84 anos. "Tivemos que escapar para que nossa fam�lia pudesse se reunir novamente. Temos que come�ar do zero. Perdemos tudo, mas estamos com sa�de", disse Yulia ao tabloide brit�nico The Sun. "Minha esperan�a me carregou pelo caminho", desabafou Hassan, durante uma uma entrevista, antes de participar de uma manifesta��o contra a guerra, em Bratislava.