Quando o presidente dos Estados Unidos se dirigiu na ter�a-feira (12) para o lugar onde estavam os jornalistas que o esperavam antes de seu retorno a Washington, ap�s uma visita ao estado de Iowa, surgiu uma pergunta: "Voc� acredita que Vladimir Putin comete um 'genoc�dio' na Ucr�nia?"
Um pouco antes, durante um discurso sobre infla��o e biocombust�veis, o comandante em chefe dos Estados Unidos usou pela primeira vez o termo genoc�dio.
"O or�amento de sua fam�lia, sua capacidade para encher a dispensa, nada disso deveria depender de um ditador que declara guerra e comete genoc�dio do outro lado do mundo", disse.
Rapidamente, a Casa Branca avisou aos jornalistas que haveria um esclarecimento. Contudo, mais tarde, Biden manteve sua posi��o: "Sim, eu disse genoc�dio."
No entanto, esclareceu que "os advogados, a n�vel internacional", decidir�o sobre a qualifica��o de genoc�dio, que o direito internacional define como um "crime cometido com a inten��o de destruir no todo, ou em parte, um grupo nacional, �tnico, racial ou religioso".
Por�m, logo antes de embarcar, Biden insistiu novamente: "Para mim, parece [genoc�dio]."
At� poucos dias atr�s, os funcion�rios americanos garantiam que seria "muito dif�cil" qualificar em n�vel jur�dico as "atrocidades" atribu�das �s tropas russas de "genoc�dio".
Quando a AFP preguntou ao Departamento de Estado americano se o mesmo havia chegado � conclus�o formal de que est� havendo um genoc�dio na Ucr�nia, este n�o quis comentar a respeito.
Assim que, foi mais uma vez o presidente americano quem despontou como o principal acusador do chefe de Estado russo.
As tropas russas sofrem acusa��es de crimes de guerra desde o in�cio da invas�o em 24 de fevereiro, especialmente depois da descoberta recente de centenas de civis que supostamente foram assassinados em Bucha, uma cidade pr�xima a Kiev e reconquistada pelo ex�rcito ucraniano.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, elogiou no Twitter as "palavras verdadeiras de um l�der verdadeiro". Por outro lado, a rea��o do Kremlin foi totalmente distinta, ao considerar "inaceit�vel qualquer tentativa de distorcer a situa��o dessa forma".
- 'Indigna��o' -
Em 16 de mar�o, Biden chamou Putin de "criminoso de guerra" e, dias depois, de "carniceiro", em coment�rios breves e espont�neos para a imprensa.
Biden tamb�m surpreendeu sua equipe e seus aliados de Washington quando disse em Vars�via em 26 de mar�o que Putin "n�o pode permanecer no poder".
Enquanto seu comboio se dirigia at� o aeroporto da capital polonesa, a Casa Branca improvisou um esclarecimento que se apressou a distribuir entre os jornalistas para garantir que n�o, que Washington n�o estava pedindo uma mudan�a de regime na R�ssia.
Mais tarde, o pr�prio Biden explicou que, com suas palavras, queria expressar "sua indigna��o".
Sobre o uso dos termos "criminoso de guerra" e "genoc�dio", ele disse o mesmo, que expressa sua sensa��o e deixa as conclus�es jur�dicas para outros.
Isso n�o � algo de se estranhar vindo de Biden, pois, em v�rios temas, e n�o s� internacionais, ele "fala do cora��o" e n�o cont�m seu temperamento emotivo.
Mesmo que isso signifique desestabilizar seus aliados. Na �ltima quinta-feira, o presidente franc�s, Emmanuel Macron, que j� havia criticado o uso do termo "carniceiro", se recusou a classificar o que acontece na Ucr�nia de "genoc�dio".
"� uma loucura o que est� acontecendo, uma brutalidade assombrosa [...] mas, ao mesmo tempo, olho para os fatos e quero tentar, ao m�ximo, continuar sendo capaz de deter esta guerra e reconstruir a paz, assim que n�o estou convencido de que a espiral verbal sirva de ajuda", disse Macron.
O chanceler alem�o, Olaf Scholz, tamb�m preferiu afastar-se da pol�mica, dizendo que tratava-se de "uma guerra terr�vel" na qual foram cometidos "crimes de guerra".
J� o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, viu como "correto" definir o ocorrido na Ucr�nia como genoc�dio.
"A escalada verbal n�o ajuda necessariamente a causa" da busca por uma sa�da negociada na Ucr�nia, ressaltou um diplomata europeu.
Com essas rea��es que causam indigna��o em Moscou, o presidente americano tamb�m tenta "responder" � "press�o" do Congresso americano, que o empurra para aumentar seu apoio � Ucr�nia e para endurecer o tom com Vladimir Putin, acrescentou o diplomata.
Como Joe Biden j� descartou enviar soldados � Ucr�nia, apenas lhe restam os envios de armas a Kiev, e suas palavras.
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