Em coletiva de imprensa convocada com urg�ncia em Madri, em um dia de feriado na regi�o, o ministro da Presid�ncia, F�lix Bola�os, informou que os celulares de S�nchez e de Margarita foram invadidos no ano passado por este programa de espionagem criado pela empresa israelense NSO, alvo de in�meras investiga��es no mundo todo.
"Estamos informando relatando fatos comprovados e que s�o confi�veis. N�o s�o suposi��es", frisou Bola�os, que considerou de "enorme gravidade" estas interven��es "il�citas e externas", mas n�o mencionou se haveria algum outro pa�s envolvido.
"Temos a absoluta certeza de um ataque externo (...) porque, na Espanha, em uma democracia como a nossa, todas as interven��es acontecem por meio de organismos oficiais e com autoriza��o judicial", insistiu o ministro, acrescentando que, "neste caso, nenhuma das duas circunst�ncias ocorreu".
"Por isso, temos a certeza (...) de que � uma interven��o que � externa", completou Bola�os.
O governo apresentou hoje uma den�ncia � Audi�ncia Nacional, a jurisdi��o encarregada dos casos de import�ncia nacional, ou internacional, como os de terrorismo, para "conhecer toda verdade", anunciou.
De acordo com Bola�os, foram detectadas "duas invas�es" no celular de S�nchez, em maio de 2021, e uma no aparelho de Robles, no m�s seguinte.
Em ambos os casos, as interven��es permitiram retirar "um determinado volume de dados dos dois telefones celulares", acrescentou, sem revelar a quantidade.
Segundo o jornal El Pa�s, os "hackers" extra�ram 2,6 giga de dados do celular do chefe de Governo na primeira invas�o, e 130 megabites, na segunda, al�m de nove mega de conte�do do celular de Robles.
O governo ainda n�o sabe que tipo de informa��o foi retirada e qual � seu n�vel de sensibilidade. Nos dois casos, trata-se de telefones oficiais, fornecidos pelo Estado, e n�o de seus celulares pessoais.
As revela��es acontecem em meio a uma tempestade pol�tica na Espanha. O governo central do socialista S�nchez enfrenta um momento de tens�o com os separatistas da Catalunha, que acusam o Centro Nacional de Intelig�ncia (CNI) de espionagem.
O caso explodiu em 18 de abril passado, com a divulga��o de um relat�rio do Citizen Lab, um projeto de ciberseguran�a da Universidade de Toronto. No documento, s�o identificadas mais de 60 pessoas do movimento independentista catal�o que teriam tido seus telefones celulares infectados, entre 2017 e 2020, com o software Pegasus.
- 'Dois pesos e duas medidas' -
Na semana passada, diante das acusa��es e sem afirmar se houve espionagem por parte dos servi�os secretos do Estado, S�nchez anunciou a abertura de uma investiga��o interna no CNI.
A resposta do Executivo foi considerada insuficiente pelos separatistas catal�es, que voltaram a pedir, nesta segunda-feira, medidas mais contundentes sobre o caso.
"Quando a espionagem em massa � contra as institui��es catal�s e o separatismo, sil�ncio e desculpas. Hoje, � tudo �s pressas. � preciso assumir as responsabilidades j�", declarou o presidente do governo regional catal�o, Pere Aragon�s, em sua conta no Twitter .
"O crit�rio de dois pesos e duas medidas � evidente. Contra o separatismo, vale tudo", acrescentou.
Esta crise tem uma dimens�o muito s�ria para o governo minorit�rio de esquerda de S�nchez, que precisa do apoio do partido de Aragon�s no Parlamento, de modo a se manter no poder at� o t�rmino da legislatura atual, no fim de 2023.
"O que est� claro � que o governo espanhol � o �nico respons�vel por este caso de espionagem, seja por a��o, seja por omiss�o", criticou a porta-voz do Executivo regional catal�o, Patricia Plaja, que voltou a exigir que medidas sejam tomadas o mais r�pido poss�vel.
"� preciso uma comiss�o de investiga��o imediatamente e que v� at� o fim", frisou.
Criado pela empresa israelense NSO, o Pegasus permite acessar os servi�os de mensagens e os dados t�o logo instalado em um celular, al�m de ativar o dispositivo de maneira remota para captar som e imagens.
A NSO sempre afirmou que vende o software apenas para Estados e que as opera��es devem receber a autoriza��o pr�via das autoridades de Israel.
A ONG Anistia Internacional denuncia que o software pode ter sido utilizado para invadir at� 50.000 telefones celulares no mundo.
MADRI