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Estado de Minas RIO DE JANEIRO

Medo persiste no Jacarezinho um ano ap�s opera��o policial mais letal do Rio


09/05/2022 17:51

Um ano depois da opera��o policial mais letal da hist�ria do Rio de Janeiro, a favela do Jacarezinho ainda convive com o medo, no �mbito de uma ocupa��o das for�as de ordem para "reconquistar o territ�rio".

Lan�ado em janeiro passado pelo governo do estado do Rio, o programa "Cidade Integrada" veio com a premissa de libertar a comunidade do dom�nio do tr�fico, para depois implementar uma s�rie de a��es no �mbito de melhorar os servi�os sociais. O programa tamb�m foi implantado na comunidade da Muzema, dominada pela mil�cia.

No Jacarezino, onde moram cerca de 80.000 pessoas, segundo estimativas de associa��es locais, a presen�a da pol�cia est� longe de tranquilizar os moradores.

"Todo mundo est� com medo. O fato da policia estar aqui o tempo todo n�o nos d� sensa��o de seguran�a, pelo contrario", disse uma comerciante de 31 anos, que pediu para n�o ser identificada por medo de repres�lias.

Dois cambur�es blindados da pol�cia est�o estacionados perto de sua loja. Deles, agentes fortemente armados saem regularmente para patrulhar a regi�o. Os transeuntes evitam cruzar o olhar com os policiais enquanto circulam pelas ruas estreitas, atravessadas por cabos el�tricos que �s vezes ficam pendurados at� o ch�o.

"Desde que come�ou o 'Cidade Integrada', o que tem se visto s�o trocas de tiro que acontecem cotidianamente, sem aviso pr�vio", lamentou Pedro Paulo da Silva, pesquisador especialista em seguran�a da ONG Labjaca, que atua no bairro.

- Execu��o sum�ria -

Na noite de 25 de abril, Jhonatan Ribeiro de Almeida, um jovem de 18 anos, pai de um beb� de quatro meses, foi morto pela pol�cia.

"Meu filho foi executado! Eu quero saber porque mataram meu filho, se ele n�o � traficante?", declarou sua m�e ao G1.

Em Jacarezinho, cada a��o policial revive as mem�rias do fat�dico 6 de maio de 2021, quando 28 homens, incluindo um policial, morreram durante uma opera��o contra o tr�fico de drogas.

Corpos nos becos, po�as de sangue nas lajes ou salas... as cenas que assustaram o bairro ap�s a opera��o permanecem intactas na mem�ria de muitos.

Na �ltima sexta-feira, quando completou um ano do massacre, uma centena de pessoas realizou um cortejo pelas ruas da favela at� um memorial criado em honra das v�timas: 28 placas com o nome dos mortos em um muro azul.

"Pol�cia assassina, chega de chacina", gritaram os manifestantes em v�rios momentos, mesmo ao se depararem com uma dupla de agentes armados com fuzis.

"� um sentimento de tristeza, mas acima de tudo de injusti�a. Muitos outros morreram depois deles e as mortes n�o v�o parar", disse � AFP Taciana Barbosa, de 19 anos, "irm� de cria��o" de Richard Gabriel da Silva Ferreira e Isaac Pinheiro de Oliveira, jovens mortos na opera��o, cujas fotos estavam estampadas em sua camiseta.

At� agora, dois policiais foram denunciados pelo Minist�rio P�blico e outros dois se tornaram r�us por sua participa��o na opera��o. Por�m dez das treze investiga��es iniciadas j� foram arquivadas.

"O trauma dessas fam�lias � muito grande, gigantesco, com dano incalcul�vel e irrepar�vel. Enquanto houver impunidade, o contato com os agentes p�blicos vai ser muito afetado pelo trauma", apontou Guilherme Pimentel, ouvidor-geral da Defensoria P�blica do Rio de Janeiro.

- Invas�o de domic�lios -

Outro problema recorrente que j� gerou "dezenas de den�ncias" na Defensoria P�blica � a viola��o de domic�lio, inclusive depreda��o e furtos, cometidos, segundo os moradores, por policiais.

"Ao chegar na minha casa, percebi que meu port�o estava aberto. Eles tinham uma esp�cie de chave mestra e, quando n�o conseguiam abrir, arrombavam o port�o", conta Thiago Baia, de 39 anos, que dirige uma associa��o cultural no Jacarezinho.

"Reviraram a casa procurando objetos de valor. Tive sorte que n�o roubaram minha televis�o. Os policiais entraram com cachorro, porque vi coc�. Ainda fico com crise de ansiedade at� hoje na hora de dormir", acrescentou.

Al�m de aumentar a presen�a policial, o programa 'Cidade Integrada' prometeu melhorar os servi�os que oferece � popula��o.

O governo do Rio garante ter implementado diversos programas nos �ltimos meses, como a capacita��o profissional de cerca de 1.400 mulheres chefes de fam�lia.

Tamb�m abriram cursos de gin�stica, zumba e um servi�o de registro civil que permitiu a muitos moradores obter "sua primeira carteira de identidade", segundo o governador Cl�udio Castro.

Mas, al�m de cursos profissionalizantes, "de resto n�o temos visto nada relevante", garantiu Pedro Paulo da Silva. "Cada vez que um novo programa � lan�ado, � o mesmo problema: aus�ncia de di�logo com a popula��o", lamentou.


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