Naquela noite, Hughes se apresentava com sua banda no palco da casa de shows parisiense. "No meio do show", ouviu disparos, lembrou diante do tribunal, vestindo roupas pretas e gravata vermelha.
O sangrento atentado jihadista deixou 90 mortos e centenas de feridos. Outras 40 pessoas morreram na mesma noite em outros ataques executados na capital francesa.
Sobreviventes e parentes das v�timas foram nesta ter�a ouvir o cantor californiano e o ex-guitarrista do grupo, Ed�n Galindo, ambos parte civil no julgamento dos atentados.
O julgamento dos atentados de 2015 come�ou em setembro. As audi�ncias das partes civis v�o continuar at� a sexta-feira e o veredicto est� previsto para 29 de junho.
"Conhe�o o som das armas", explicou Hughes, de 49 anos. "Sabia o que ia acontecer, sentia que a morte se aproximava", disse.
Em seguida, o cantor lembrou os momentos de p�nico, a vontade de fugir o quanto antes com sua companheira e Ed�n Galindo.
"Um anjo chamado Arthur nos enfiou em um t�xi e nos levou para uma delegacia", lembra.
Ali, os dois m�sicos viram dezenas de feridos cobertos de sangue. Tamb�m souberam que um dos seus, Nick Alexander, um brit�nico que cuidava da comercializa��o da banda, havia morrido.
Naquela noite, "90 dos meus amigos foram assassinados diante de n�s de forma odiosa", continuou Hughes, segurando o �trio com as m�os e olhando nos olhos do membro do tribunal.
Durante muito tempo, ele hesitou em pisar novamente no palco. "N�o sabia se teria for�as para voltar", contou.
"O que os atacantes tentaram naquela noite foi silenciar a alegria da m�sica, mas n�o conseguiram", garantiu. "O mal n�o venceu", disse o cantor, afirmando ter perdoado as "pobres almas que cometeram estes atos".
- Declara��es pol�micas -
Quando o Bataclan reabriu, em 2016, a dire��o informou que o cantor, seguidor do ex-presidente americano Donald Trump e pr�-armas, n�o era mais bem-vindo por causa de suas declara��es pol�micas.
Em v�rias entrevistas no primeiro semestre daquele ano, Hughes disse que os seguran�as da casa foram c�mplices dos jihadistas e afirmou ter "visto mu�ulmanos festejando na rua durante o atentado, em tempo real".
Eden Galindo, de 52 anos, relatou o clima de alegria que viveu antes do ataque. "Era um show incr�vel, tudo estava indo muito bem, todo mundo dan�ava", lembrou.
Momentos depois, ouviu o barulho dos disparos. A princ�pio, pensou que se tratasse de um problema no sistema de som. Mas viu Jesse Hughes correndo em sua dire��o.
"Tinha gente atirando... Corremos... Pens�vamos que fosse parar, mas continuava", contou. "Depois de tudo isso, foi muito dif�cil fazer as coisas com normalidade. Senti que estava destru�do", disse o guitarrista, tamb�m vestindo roupas pretas.
"Nunca voltarei a ser o mesmo", acrescentou, antes de dirigir algumas palavras �s fam�lias das v�timas. "Penso nelas todo dia e rezo por elas", assegurou.
Depois dos m�sicos, cerca de 20 sobreviventes do Bataclan relataram suas experi�ncias traum�ticas e seu sofrimento cont�nuo mais de seis anos depois dos atentados.
PARIS