A LaMDA, um software do Google que gera chatbots - rob�s que conversam virtualmente -, "sabe claramente o que quer e o que considera como direitos enquanto pessoa", escreveu o engenheiro Blake Lemoine na plataforma Medium.
Na empresa e na comunidade cient�fica, esta opini�o � muitas vezes considerada absurda ou, no melhor dos casos, prematura.
Programas baseados em aprendizagem autom�tica s�o "treinados" a partir de conjuntos de dados que abordam os conceitos de consci�ncia ou identidade e s�o capazes de causar essa ilus�o.
"Os programas que acessam a Internet podem responder a qualquer pergunta", mas isso n�o os torna confi�veis, diz a professora Susan Schneider, fundadora de um centro de pesquisa na Universidade Florida Atlantic.
Apesar de suas obje��es � teoria, Scheiner desaprova as san��es do Google contra Lemoine.
O Google tende a "tentar silenciar quest�es �ticas", disse Scheiner. "Precisamos de debates p�blicos sobre essas quest�es espinhosas", acrescentou.
"Centenas de pesquisadores e engenheiros conversaram com a LaMDA e, at� onde sabemos, ningu�m fez essas alega��es ou antropomorfizou a LaMDA como Blake fez", comentou Brian Gabriel, porta-voz do Google.
- O poder da imagina��o -
De Pin�quio ao filme "Ela", sobre o romance de um escritor com um chatbot, a ideia de uma entidade n�o-humana ganhando vida "est� presente em nosso imagin�rio", diz Mark Kingwell, professor da Universidade de Toronto, no Canad�.
"� dif�cil respeitar a dist�ncia entre o que imaginamos como poss�vel e o que � realmente poss�vel", estima.
Os sistemas de intelig�ncia artificial s�o avaliados h� muito tempo com o teste de Turing: Se o avaliador fala com um computador, sem perceber que n�o est� falando com uma pessoa, a m�quina est� "aprovada".
"Mas em 2022 � muito f�cil para uma IA conseguir isso", destaca o autor.
Os cientistas s�o capazes at� de dar uma personalidade a um programa de intelig�ncia artificial.
"Podemos fazer, por exemplo, uma IA neur�tica" com as conversas que pode ter com uma pessoa deprimida, explica Shashank Srivastava, professora de ci�ncia da computa��o da Universidade da Carolina do Norte.
E se o chatbot estiver integrado a um rob� humanoide com express�es ultrarrealistas ou se um programa escrever poemas ou compor m�sicas, como j� � o caso, nossos sentidos biol�gicos podem ser facilmente enganados.
"Estamos em um hype midi�tico em torno da IA", adverte Bender.
"E muito dinheiro � investido. Assim, os funcion�rios desse setor sentem que trabalham em algo importante, algo real, e n�o necessariamente t�m a dist�ncia necess�ria".
- "Futuro da humanidade" -
Como, ent�o, algu�m poderia determinar com precis�o se uma entidade artificial se torna sens�vel e consciente?
"Se conseguirmos substituir tecidos neurais por chips, seria um sinal de que as m�quinas podem ser potencialmente conscientes", aponta Schneider.
A especialista acompanha de perto o progresso da Neuralink, uma empresa fundada por Elon Musk para fabricar implantes cerebrais para fins m�dicos, mas tamb�m para "garantir o futuro da humanidade, como civiliza��o, em rela��o � IA", segundo o magnata.
Musk, dono da Tesla e da SpaceX, faz parte daqueles que t�m a vis�o de que m�quinas todo-poderosas podem assumir o controle.
Para Mark Kingwell � exatamente o oposto.
Se um dia aparecer uma entidade aut�noma, capaz de usar um idioma, mover-se por conta pr�pria e expressar prefer�ncias e fraquezas, "ser� importante n�o a considerar uma escrava (...) e proteg�-la", diz.
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SAN FRANCISCO
A controversa busca por intelig�ncia artificial 'consciente'
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