Petro e Uribe, maiores advers�rios pol�ticos da Col�mbia, t�m di�logo in�dito

Os dois maiores antagonistas da pol�tica colombiana deste s�culo, o ex-presidente de direita �lvaro Uribe e o presidente eleito de esquerda, Gustavo Petro, estenderam pontes de di�logo em sua primeira reuni�o frente � frente nesta quarta-feira (29) em Bogot�.

"Reafirmo o que disse na campanha, no meu governo o Estado n�o ser� usado para perseguir o opositor", escreveu Petro no Instagram depois de um encontro a s�s de meia hora com o l�der da direita no poder.

Os dois advers�rios, que no passado tiveram discuss�es acaloradas no Congresso, deixaram patente a inten��o de estabelecer um di�logo "governo-oposi��o" a partir de 7 de agosto, quando Petro vai assumir o poder por quatro anos como o primeiro presidente esquerdista da Col�mbia.

"Eu lhe disse humildemente: presidente, permita-me um canal de di�logo com o senhor, eu n�o vou incomod�-lo muito, ser� para falar sobre temas do pa�s. O que pudermos aprovar, o faremos sem c�lculos", disse Uribe em uma coletiva de imprensa posterior.

Surpreendentemente, Petro convidou Uribe para conversar depois de sua elei��o hist�rica em 19 de junho. O futuro presidente prop�s, ent�o, um "acordo nacional" com todas as for�as pol�ticas para levar adiante suas reformas ambiciosas que visam, segundo seu programa, a superar a pobreza e a desigualdade, al�m de consolidar a paz depois de seis d�cadas de conflitos.

"N�s expressamos que compartilhamos todo o esfor�o que se fa�a para que este pa�s acelere a supera��o da pobreza, mas isso n�o pode ser �s custas de debilitar o setor privado", disse o ex-presidente.

Petro, que tamb�m est� em negocia��es para alcan�ar maiorias no Congresso, enfrenta a oposi��o de setores poderosos que rejeitam seu passado de guerrilheiro e temem que seu governo puna com mais impostos os ricos e afete a propriedade privada.

"A conversa com o ex-presidente Uribe foi proveitosa e respeitosa. Encontramos as diferen�as e os pontos comuns", afirmou Petro no Twitter.

Durante a campanha presidencial para suceder o impopular Iv�n Duque, o governista Centro Democr�tico n�o apresentou candidato pr�prio e apoiou discretamente o direitista Federico Guti�rrez, que ficou fora da disputa no primeiro turno.

No Congresso, Petro denunciou os supostos v�nculos de Uribe com paramilitares sanguin�rios e do pai do ex-presidente com o narcotr�fico.

Uribe, que tamb�m ocupou uma vaga no Senado, chegou a cham�-lo de "pistoleiro" e difamador. Suas diverg�ncias chegaram ao extremo com o acordo de paz de 2016 que desarmou a guerrilha das Farc.

O ex-presidente (2002-2010) foi muito popular por sua pol�tica de linha dura com os ex-guerrilheiros, enquanto Petro tem defendido com unhas e dentes os acordos negociados em Havana.

Nesta quarta, Uribe insistiu em sua ideia de "reformar" o tribunal de paz que julga os crimes mais atrozes cometidos durante o conflito por considerar que seus ju�zes s�o tendenciosos, uma proposta � qual Petro sempre se op�s.