Ana Maria Guzm�n estava no local e viu chegar o l�der sovi�tico, que morreu na ter�a-feira aos 91 anos.
"Ele saiu de sua limusine e come�ou a apertar as m�os", lembra. "Foi muito emocionante. Ele era como uma pessoa comum. Uau!"
Esse toque pessoal era uma caracter�stica de Reagan, o ator de Hollywood que se tornou presidente e �cone da direita americana.
Reagan e Gorbachev romperam d�cadas de tens�es entre seus pa�ses e acabaram forjando um dos relacionamentos mais improv�veis do s�culo XX, unindo-se em seu desejo de reduzir a corrida nuclear e, finalmente, provocando uma mudan�a importante na pol�tica mundial.
- D�cadas de desconfian�a -
A princ�pio, o veterano sovi�tico n�o tinha quase nada em comum com seu colega americano. Ambos vieram de pa�ses onde a desconfian�a do outro era a regra de ouro. Mas quando Reagan chegou � Casa Branca em 1981, aliviar as tens�es da Guerra Fria com Moscou era uma de suas prioridades.
Ele fez propostas a tr�s l�deres sovi�ticos, Leonid Brezhnev, Yuri Andropov e Konstantin Chernenko, mas todos resistiram � mudan�a e nenhum sobreviveu o suficiente para estabelecer um relacionamento.
Quando Gorbachev assumiu o cargo de secret�rio-geral do Partido Comunista em mar�o de 1985, ap�s a morte de Chernenko, a Casa Branca sentiu uma poss�vel abertura, disse Jack Matlock, principal negociador de Reagan com Moscou e mais tarde embaixador na R�ssia.
"No in�cio de seu mandato, Reagan se referiu � Uni�o Sovi�tica como um imp�rio do mal", disse ele � AFP. "Mas desde o in�cio ele falou em negociar e na possibilidade de estabelecer uma rela��o pac�fica."
Gorbachev n�o era um idealista cego, enfatizou John Lenczowski, conselheiro de Reagan para assuntos sovi�ticos.
A Casa Branca entendeu que ele herdou uma economia enfraquecida, um ex�rcito que via o Pent�gono como cada vez mais superior e amea�ador, e um Partido Comunista implodindo.
Gorbachev primeiro precisava amenizar a competi��o militar com os Estados Unidos se quisesse lidar com os outros dois desafios e preservar a Uni�o Sovi�tica.
- "Homens de paz" -
Durante o funeral de Chernenko em 1985, Reagan convidou Gorbachev a visitar Washington, mas nada aconteceu por meses.
Ainda assim, a Casa Branca percebeu uma mudan�a de tom enquanto os dois lados discutiam o avan�o das negocia��es de controle de armas nucleares.
"Basicamente, ambos eram homens de paz", disse Matlock. "Gorbachev percebeu, cada vez mais, que tinha um sistema que precisava mudar. Mas n�o poderia mud�-lo enquanto houvesse uma Guerra Fria e uma corrida armamentista."
"E acho que Reagan entendeu isso. E Reagan n�o pretendia derrubar a Uni�o Sovi�tica", disse Matlock.
O gelo foi finalmente quebrado em uma c�pula em Genebra em novembro de 1985. O di�logo foi tenso e pouco foi acordado. Um ano depois, os dois se encontraram em Reykjav�k, em clima mais ameno, com pouco progresso.
Quando Gorbachev viajou a Washington em dezembro de 1987, ele e Reagan conseguiram assinar o tratado hist�rico limitando o alcance intermedi�rio das for�as nucleares.
"No in�cio (Gorbachev) pensou que Reagan era muito conservador", disse Matlock.
"Mas com o passar do tempo, eles come�aram a se encontrar mais e se tornaram amigos".
Muito depois de ser afastado da pol�tica russa, Gorbachev voltou aos Estados Unidos em 2004 para o funeral de Reagan.
"Acho que ambos tinham ideais semelhantes. Ambos odiavam armas nucleares e esperavam poder aboli-las", disse Matlock.
"Poucos em suas equipes acreditara que seria poss�vel, mas foi."
WASHINGTON