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Estado de Minas IT�LIA

A admiradora de Mussolini que rejeita r�tulo de fascista e deve se tornar 1� mulher a governar a It�lia

Segundo as pesquisas de boca de urna, as elei��es deste domingo na It�lia dar�o vit�ria para a pol�tica de extrema-direita Giorgia Meloni - ela rejeita r�tulo de fascista, mas se identifica com herdeiros de Mussolini


26/09/2022 06:37 - atualizado 26/09/2022 07:33


Giorgia Meloni
Giorgia Meloni est� tentando formar um governo de direita com dois outros partidos (foto: Getty Images)

Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, o pr�ximo l�der da It�lia deve vir da extrema-direita.

A l�der de extrema-direita Giorgia Meloni, do partido Irm�os da It�lia (Fratelli d'Italia), venceu as elei��es na It�lia, de acordo com as pesquisas de boca de urna, e est� a caminho de se tornar a primeira mulher premi� do pa�s.

Se os dados da boca de urna se confirmarem, Meloni dever� ter entre 22% e 26% dos votos, � frente de seu rival mais pr�ximo, Enrico Letta, de centro-esquerda. Os dados s�o da pesquisa do instituto Rai.

V�rias pesquisas que acabaram de ser publicadas deram uma lideran�a dominante � coaliz�o de direita da qual Meloni faz parte - os partidos do grupo juntos devem ter entre 41-45% dos votos. Isso daria aos tr�s partidos o controle de ambas as casas eleitas do parlamento e a possibilidade de formar um governo.

Cabe ao presidente Sergio Mattarella nomear o pr�ximo primeiro-ministro, mas � prov�vel que ele escolha a coaliz�o vencedora.

A centro-esquerda ficou bem atr�s com 25,5%-29,5% dos votos. O comparecimento foi dramaticamente baixo, de 64,7%, disse o Minist�rio do Interior da It�lia. Os n�veis de vota��o foram especialmente baixos nas regi�es do sul, incluindo a Sic�lia.

As elei��es foram convocadas depois que o governo de coaliz�o liderado pelo premi� Mario Draghi entrou em colapso.

Quem � Giorgia Meloni?

Fundada em 2012, a legenda de Meloni tem suas ra�zes pol�ticas no Movimento Social Italiano (MSI), que surgiu das cinzas do fascismo de Mussolini.

O partido mant�m o logotipo dos partidos de extrema-direita do p�s-guerra: a chama tricolor, muitas vezes interpretada como o fogo queimando no t�mulo de Mussolini.

Mas o r�tulo fascista � algo que Giorgia Meloni rejeita com veem�ncia. Falando em ingl�s, espanhol e franc�s em um v�deo recente, ela insistiu que deixou a ideologia no passado.

Por�m, a hist�ria � parte do problema em um pa�s que passou por um processo diferente da desnazifica��o da Alemanha ap�s a 2ª Guerra, permitindo que os partidos fascistas se reformassem.

"Giorgia Meloni n�o quer abandonar o s�mbolo porque � a identidade da qual ela n�o pode escapar; � sua juventude", diz Gianluca Passarelli, professor de ci�ncia pol�tica da Universidade Sapienza de Roma.

"O partido dela n�o � fascista", explica. "Fascismo significa tomar o poder e destruir o sistema. Ela n�o vai fazer isso e n�o poderia. Mas h� alas no partido ligadas ao movimento neofascista. Ela sempre jogou de alguma forma no meio."

A juventude de Giorgia Meloni esteve, de fato, ancorada na extrema-direita, mas com origens humildes, algo que � chave para sua imagem de mulher do povo.

Nascida em Roma, ela tinha apenas 1 ano quando seu pai, Francesco, abandonou a fam�lia e se mudou para as Ilhas Can�rias. Francesco era de esquerda, sua m�e Anna era de direita, levando a especula��es de que seu caminho pol�tico foi motivado em parte pelo desejo de se vingar de seu pai ausente.

A fam�lia mudou-se para Garbatella, um bairro oper�rio no sul de Roma que � tradicionalmente um basti�o da esquerda. Mas l�, aos 15 anos, ela se juntou � Frente Juvenil, ala juvenil do neofascista MSI, tornando-se depois presidente do ramo estudantil do sucessor do movimento, a Alian�a Nacional.


Giorgia Meloni, do Irmãos da Itália
Giorgia Meloni, 45, lidera o partido de extrema-direita Irm�os da It�lia (foto: Reuters)

Em seu livro de 2021, I Am Giorgia, ela ressalta que n�o � fascista, mas se identifica com os herdeiros de Mussolini: "Peguei o bast�o de uma hist�ria de 70 anos".

Ao contr�rio de seus aliados de direita, ela n�o tem tempo para o russo Vladimir Putin e � pr�-Otan e pr�-Ucr�nia, embora muitos eleitores da direita sejam indiferentes �s san��es ocidentais.

Al�m dos cortes de impostos, sua alian�a quer renegociar o enorme plano de recupera��o para a covid-19 da Uni�o Europeia e ter o presidente da It�lia eleito por voto popular. Para mudar a constitui��o, ela precisaria de uma maioria de dois ter�os no Parlamento.

Adotando um velho lema controverso, "Deus, p�tria e fam�lia", ela faz campanha contra os direitos LGBT, por um bloqueio naval da L�bia para impedir que barcos de imigrantes cheguem � Europa e alertou repetidamente contra os migrantes mu�ulmanos.

Ela tamb�m busca uma "posi��o italiana diferente" em rela��o ao �rg�o executivo da UE. "Isso n�o significa que queremos destruir a Europa, que queremos deixar a Europa, que queremos fazer coisas malucas", diz ela.

Depois de formar seu pr�prio partido em 2012, ela ganhou apenas 4% dos votos na �ltima elei��o em 2018.

Agora, como o �nico grande partido que ficou de fora do governo de coaliz�o de unidade nacional de Mario Draghi, ela liderou as pesquisas de opini�o e deve ser a escolhida, segundo as pesquisas de boca de urna.

Sua alian�a de direita com Silvio Berlusconi e o partido de extrema-direita Liga, do ex-ministro do Interior Matteo Salvini, tambem teve maioria.

Mas mesmo que ela tenha procurado tranquilizar os aliados ocidentais da It�lia, por exemplo, apoiando fortemente a linha pr�-Ucr�nia do governo Draghi, suas pol�ticas sociais conservadoras de linha dura est�o preocupando muitos.

"Meloni n�o � um perigo para a democracia, mas um perigo para a Uni�o Europeia", diz o professor Passarelli, que a coloca lado a lado dos l�deres nacionalistas na Hungria e na Fran�a.

"Ela est� do mesmo lado que Marine Le Pen ou Viktor Orban. E ela quer uma 'Europa das na��es', ent�o todos est�o basicamente sozinhos. A It�lia poderia se tornar o Cavalo de Tr�ia de Putin para minar a solidariedade, ent�o ela permitiria que ele continuasse enfraquecendo a Europa."

Agora, na esperan�a de se tornar a primeira mulher primeira-ministra da It�lia, ela afirma sua identidade feminina, mas Passarelli acredita que o faz de uma maneira machista e pol�tica: "O dom�nio da fam�lia italiana � a 'mamma'. Ela � a figura machista que controla a cozinha. Meloni usa isso de forma inteligente porque vai diretamente para o n�cleo do nosso sistema."

Para seus aliados que agora aspiram � vit�ria, a l�der de 45 anos representaria a mudan�a pol�tica radical de que a It�lia precisa, dada sua longa estagna��o econ�mica e uma sociedade liderada por pol�ticos de idade elevada.

O principal advers�rio

O vice-campe�o Enrico Letta, do Partido Democr�tico (PD) de centro-esquerda, sofreu um golpe quando o partido centrista pr�-europeu Azione (A��o) se retirou da coaliz�o de esquerda, opondo-se a dois de seus outros parceiros, a Esquerda Italiana e a Europa Verde.


Enrico Letta
O partido de Enrico Letta � o segundo nas pesquisas, mas est� lutando para construir uma forte alian�a (foto: MATTEO BAZZI/EPA-EFE/REX/Shutterstock)

Enrico Letta, 56, foi primeiro-ministro por 10 meses entre 2013 e 2014 e n�o � estranho � pol�tica implac�vel da It�lia. Ele liderou uma coaliz�o com o Forza Italia, de Silvio Berlusconi, e acabou sendo derrubado por um rival de seu pr�prio partido, Matteo Renzi.

Grande apoiador do governo de Mario Draghi, Letta disse que os italianos puniriam aqueles que o derrubaram em julho, apontando o dedo diretamente para o populista Movimento Cinco Estrelas de Giuseppe Conte.

Letta encontrou uma causa comum com o ex-l�der do Cinco Estrelas Luigi di Maio, que se desentendeu com Conte e formou um novo partido centrista chamado Compromisso C�vico (Impegno Civico).

O principal objetivo do l�der de centro-esquerda era impedir que a extrema-direita assuma o poder na It�lia. Ele quer investimento em energia renov�vel e prop�e um plano de educa��o de oito pontos sob o lema "conhecimento � poder".

O PD apoia um sal�rio m�nimo de € 9 por hora (cerca de R$ 45) para cobrir cerca de 3 milh�es de trabalhadores e quer tornar mais f�cil para que filhos de imigrantes obtenham cidadania. Tamb�m pretende combater a discrimina��o anti-LGBT e legalizar o casamento gay.

O novo sistema eleitoral italiano

Com a maioria nas duas casas do Parlamento, C�mara dos Deputados e Senado, a alian�a vencedora vai poder formar um governo.

Novas regras mudaram o Parlamento, que encolheu em um ter�o: agora haver� 400 deputados na C�mara, em vez de 630 deputados, e 200 senadores no Senado, em vez de 315.

A It�lia tem um sistema de vota��o h�brido, em que tr�s oitavos (cerca de 36%) dos membros s�o eleitos por representa��o uninominal. Isto significa que o candidato que obtiver o maior n�mero de votos em um determinado distrito uninominal ganha o lugar, mesmo que tenha apenas uma pequena margem face ao rival mais pr�ximo.

Os demais s�o eleitos por representa��o proporcional e os assentos s�o atribu�dos a listas partid�rias de acordo com a sua quota total de votos em n�vel nacional. H� tamb�m assentos reservados para candidatos residentes no exterior.

Prov�veis alian�as

Partidos conservadores

O partido de Giorgia Meloni n�o tem experi�ncia no governo, ent�o ela vai precisar do apoio total dos ex-primeiros-ministros Silvio Berlusconi e Matteo Salvini, que fizeram parte do governo Draghi. � medida que o fim da campanha eleitoral se aproximava, os tr�s l�deres realizaram um com�cio conjunto em Roma.


(E-D) Líder da Liga Matteo Salvini, líder da Forza Italia Silvio Berlusconi e líder do Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, recebem aplausos no palco em 22 de setembro de 2022
Os tr�s l�deres de direita se reuniram na �ltima quinta-feira pela primeira vez em mais dois anos (foto: Getty Images)

Embora seja o primeiro-ministro mais antigo da It�lia, Berlusconi, de 85 anos, est� concorrendo �s elei��es para o Senado pela primeira vez desde que foi barrado em 2013 por fraude fiscal. Seu partido de centro-direita Forza Italia � visto como o mais fraco dos tr�s partidos.

A Liga de Matteo Salvini � um parceiro natural para Meloni. Como ministro do Interior, ele fechou campos de migrantes e impediu que barcos de ONGs que transportavam migrantes resgatados do Mediterr�neo entrassem no porto.

Cinco estrelas

O partido antiestablishment de Giuseppe Conte venceu a elei��o de 2018 com quase um ter�o dos votos e, embora ainda tenha cerca de 14% das inten��es de voto, atualmente n�o faz parte de nenhuma alian�a.


Giuseppe Conte com eleitores
Sob a lideran�a de Giuseppe Conte, o populista Cinco Estrelas se voltou para a esquerda (foto: FRANCO CAUTILLO/EPA-EFE/REX/Shutterstock)

Eles come�aram compartilhando o poder com a Liga de extrema-direita e depois mudaram para o Partido Democrata antes de terminarem como parte do governo Draghi. Dezenas de deputados do Cinco Estrelas abandonaram Conte quando ele se op�s ao envio de armas para a Ucr�nia.

Sob sua lideran�a, as pol�ticas da legenda se voltaram para a esquerda. A principal bandeira do Cinco Estrelas h� quatro anos era uma renda m�nima para os mais pobres. Conte agora apoia um sal�rio m�nimo de € 9 por hora, quer eliminar um imposto comercial regional e tornar mais f�cil para os filhos de imigrantes obterem a cidadania.

As ideias do Cinco Estrelas n�o s�o muito diferentes das dos partidos de centro-esquerda.

Centristas

Matteo Renzi, do It�lia Viva, e Carlo Calenda, da Azione, uniram for�as, com o objetivo de atrair votos da direita e da esquerda para criar uma alian�a da "terceira via".

Se eles obtiverem mais de 10% dos votos, a ideia � que eles possam conquistar outros partidos e evitar um governo liderado por Meloni. Cabe ao presidente Sergio Mattarella nomear o pr�ximo primeiro-ministro, mas � prov�vel que ele escolha a coaliz�o vencedora.


Carlo Calenda (E) e Matteo Renzi (D)
Carlo Calenda (E) e Matteo Renzi (D) querem seguir as pol�ticas do governo anterior (foto: Matteo Corner/EPA-EFE/REX/Shutterstock)

A prefer�ncia centrista seria continuar com as pol�ticas pr�-europeias do governo anterior e at� persuadir Mario Draghi a retornar como primeiro-ministro, embora o ex-chefe do Banco Central Europeu pare�a pouco entusiasmado.

Assim como a centro-direita, eles desejam suspender a proibi��o da energia nuclear e, como a centro-esquerda, querem importar mais g�s natural liquefeito.

Sua equipe inclui duas ex-ministras do Forza It�lia, Mariastella Gelmini e Mara Carfagna, que deixaram o partido de Berlusconi por seu papel na derrubada do governo Draghi.

(Com reportagem de Mark Lowen e Paul Kirby)

Este texto foi originalmente publicado em: bbc.com/portuguese/internacional-63003142

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