
Testemunhas descrevem cenas de p�nico e caos total quando as estreitas ruas do popular distrito de Itaewon, em Seul, na Coreia do Sul, ficaram cheias com uma multid�o que enfrentou dificuldades para respirar e se movimentar.
"Havia dezenas de milhares de pessoas, o maior n�mero que j� vi na minha vida... a ponto de sermos esmagados no ch�o", diz o jornalista independente Raphael Rashid � BBC.
Milhares de adolescentes e jovens na faixa dos 20 e poucos anos foram fantasiados para Itaewon, distrito no cora��o da capital que � conhecido por sua intensa vida noturna.
Eles estavam animados por poder festejar a data, ap�s dois anos de restri��es na Coreia do Sul em raz�o da pandemia de covid-19.Mas os v�deos da celebra��o mostram o desenrolar de uma trag�dia que uma das testemunhas comparou a um filme de guerra.
Mais de 150 mortes foram confirmadas e mais de 80 pessoas ficaram feridas na noite de s�bado (29/10), segundo as autoridades locais.
As imagens que se espalharam pelas redes mostram multid�es t�o apertadas que as pessoas mal conseguiam se mexer.
Alguns sa�ram com seguran�a, mas nesses registros que circulam na internet � poss�vel ver pessoas desesperadas enquanto ajudavam param�dicos a tentarem reanimar os feridos. Al�m disso, havia uma longa fila de corpos em sacos na cal�ada.
Um beco �ngreme virou uma armadilha mortal quando a multid�o parecia avan�ar e as pessoas na frente ca�ram e foram pisoteadas por aqueles que estavam atr�s.
'As pessoas no meio'
V�deos postados no Twitter mostram socorristas tirando desesperadamente as pessoas de uma multid�o.
"Uma pessoa baixinha como eu n�o conseguia sequer respirar", disse uma testemunha em entrevista � ag�ncia de not�cias AFP.

Essa testemunha disse que s� sobreviveu porque estava na beira do beco e que "as pessoas que estavam no meio sofreram mais".
Raphael Rashid disse que "ningu�m realmente entendia o que estava acontecendo" e que alguns policiais estavam "parados em cima de seus carros de patrulha tentando desesperadamente dizer �s pessoas que abandonassem a �rea o mais r�pido poss�vel."
O m�dico Lee Beom-suk disse � emissora local YTN que tentou reanimar algumas v�timas com RCP (ressuscita��o cardiopulmonar), mas "o n�mero (de v�timas) explodiu logo depois", superando a quantidade de socorristas no local.
"Muitos transeuntes vieram nos ajudar com a RCP", disse.
Ele tamb�m contou que "os rostos de muitas v�timas estavam p�lidos".
"N�o conseguia medir o pulso ou a respira��o e muitos deles estavam com o nariz sangrando."

Park Jung-hoon, 21, disse � ag�ncia de not�cias Reuters que a situa��o estava "completamente fora de controle".
E Moon Ju-young, tamb�m com 21 anos, observou que "havia muita gente".
"Sei que os policiais e os socorristas est�o trabalhando duro, mas diria que faltou prepara��o."
Um morador de Itaewon, Lee Su-mi, 53, disse � Reuters que "aqueles jovens que foram chamados de 'gera��o covid' finalmente puderam celebrar o Halloween como seu primeiro festival".
"Ent�o ningu�m foi capaz de prever que o festival se transformaria em um desastre."
"Morreram nas m�os das minhas amigas"
Fan Wang, BBC News em Cingapura
Ana, uma espanhola de 24 anos, foi chamada para ajudar em uma das tentativas para reanimar v�timas por meio de RCP, apesar de nunca ter feito isso antes.
Ela e sua amiga alem�, Melissa, de 19 anos, estavam em um bar ao lado do local em que ocorreu a trag�dia.
Quando tentavam sair, por volta das 23h, hor�rio local, avistaram ambul�ncias e policiais que corriam para pedir que as pessoas se afastassem para abrir espa�o para retirar os mortos e os feridos.

"Havia tantas pessoas que precisavam de gente comum para fazer RCP. Ent�o todos come�aram a participar e ajudar. T�nhamos duas amigas que sabiam fazer RCP e elas foram ajudar", disse Ana � BBC.
"Tr�s minutos depois, ou talvez mais, voltaram, claramente traumatizadas e chorando porque tentaram salvar cinco ou seis pessoas, mas todos morreram nas m�os das minhas amigas", relatou a espanhola.
Foi quando Ana saiu para ajudar duas meninas. Sem saber como fazer uma RCP, seguiu as orienta��es dos outros.
"Me diziam como segurar a cabe�a, abrir a boca e coisas assim. Eu estava tentando ajudar, mas elas tamb�m estavam mortas. Devo dizer que a maioria das pessoas que eles trouxeram para fazer RCP j� n�o respirava, ent�o n�o pod�amos fazer nada. N�o pod�amos fazer nada, esse foi o meu principal trauma", disse Ana.,
'As pessoas ca�ram como pe�as de domin�'
Servi�o Tailand�s da BBC
Jessi Jassicah estava em um bar na esquina do beco em que ocorreu a trag�dia.
Ela tinha acabado de abrir uma garrafa de champanhe quando ouviu um grito e virou para ver o que estava acontecendo fora do estabelecimento.

"As pessoas j� haviam ca�do", disse em um v�deo compartilhado no Facebook. "E ca�ram como pe�as de domin�."
De acordo com ela, as pessoas come�aram a lutar para ficar em p� e os seguran�as tentaram evitar que aqueles que tentavam escapar da aglomera��o entrassem no bar.
"Fiquei trancada por um tempo porque a seguran�a n�o me deixou sair. Estava aterrorizada quando vi pessoas cuspindo sangue e como tentavam reanim�-las", disse.
Ela contou que quando conseguiu sair e caminhou pelo beco ao lado, se surpreendeu ao ver que "os turistas ainda dan�avam, ainda tiravam fotos".
"Foi impactante porque muita gente n�o tinha visto as not�cias, eles ainda n�o sabiam o que estava acontecendo."
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63447275