'20.000 esp�cies de abelhas' lan�a debate sobre menores transexuais no Berlinale

O filme "20.000 esp�cies de abelhas", primeiro filme da espanhola Est�baliz Urresola, 38 anos, come�ou um debate nesta quarta-feira (22) sobre menores transexuais, durante o Festival Internacional de Cinema de Berlim (Berlinale).

O assunto se tornou pauta em meio a uma pol�mica lei aprovada na Espanha.

O filme se passa no Pa�s Basco e foi filmado em espanhol e na l�ngua basca. Delicadamente, a c�mera acompanha os passos de Aitor, um menino de nove anos.

Na hist�ria, a casa da fam�lia � um ponto de encontro e tamb�m o lugar onde todos devem se posicionar diante de uma realidade obstinada: Aitor diz que � menina, e quer ser tratado como uma.

Em seu primeiro longa-metragem, a diretora espanhola aborda o assunto de frente - com a c�mera na altura dos olhares das crian�as. Al�m disso, carrega uma posi��o radicalmente feminista.

Ap�s mais de 500 candidatos para interpretar Aitor (Luc�a), Urresola escolheu Sof�a Otero, uma menina.

"Quando dei � Sof�a Otero o teste final, sua habilidade e versatilidade utilizada para se mover em diferentes cenas foi surpreendente... Foi como uma evid�ncia", acrescentou a diretora.

"Essa � a mensagem essencial: o que essas crian�as precisam � da legitimidade de seus parentes queridos. Se n�o tiverem essa primeira inst�ncia de afeto e reconhecimento garantida, v�o sofrer muito", declara Urresola.

O filme mostra apenas a fase inicial dessa transforma��o, que na Espanha j� tem um caminho legal, gra�as � rec�m-aprovada "lei trans".

- Pol�mica lei espanhola -

Aprovada na semana passada, a lei permite que pessoas maiores de 16 anos mudem livremente de g�nero na esfera administrativa mediante um procedimento simples.

Urresola acredita que "a quest�o da identidade � um mist�rio". A diretora procura "ir cada vez mais longe" em seus questionamentos.

Essa jovem cineasta reconhece, no entanto, que as respostas tamb�m n�o s�o f�ceis.

Segundo especialistas, a toler�ncia familiar � importante para que esses menores com disforia possam enfrentar suas vidas com serenidade.

A transforma��o f�sica �, contudo, muito mais controversa.

"Acho que tudo seria muito mais f�cil se houvesse esse lugar intermedi�rio entre os sexos, entendendo a identidade sexual e de g�nero como um continuum, e n�o como um sistema bin�rio", argumenta a diretora.

Esta � a primeira vez que uma diretora espanhola concorre ao Urso de Ouro em Berlim com o primeiro longa-metragem.

Urresola tem em seu curr�culo um curta-metragem chamado "Cuerdas" (Cordas, em tradu��o livre), sobre uma av� que luta contra a f�brica que polui o vale em que ela mora.

"Cuerdas" foi apresentado na Semana da Cr�tica em Cannes no ano passado e ganhou pr�mios como o recente Festival Internacional de Curta-Metragem de Clermont-Ferrand.