Reeleito em outubro para comandar o Partido Comunista da China (PCC), Xi obteve nesta sexta-feira (10) um terceiro mandato de cinco anos como presidente do pa�s, confirmando seu nome como o l�der mais poderoso desde Mao Ts�-Tung.
Xi demonstrou uma ambi��o implac�vel, intoler�ncia � dissid�ncia e um desejo de controle que se infiltrou em quase todos os aspectos da vida cotidiana na China.
Conhecido a princ�pio como marido de uma cantora popular, ele emergiu como um l�der de aparente carisma e uma narrativa pol�tica h�bil que criou um culto � personalidade que n�o era observado desde os dias de Mao.
Mas pouco se sabe sobre ele pessoa ou o que o motiva.
"Eu contesto a vis�o convencional de que Xi Jinping busca o poder pelo poder", comentou � AFP Alfred L. Chan, autor de um livro sobre sua vida. "Eu diria que ele anseia o poder como instrumento para cumprir sua vis�o".
"Ele realmente tem uma vis�o para a China. Quer ver a China como o pa�s mais poderoso do mundo", disse outro bi�grafo, Adrian Geiges
Nesta vis�o que ele chama de "sonho chin�s" ou "o grande rejuvenescimento da na��o chinesa", o Partido Comunista desempenha um papel central.
"Xi � um homem de f�. Para ele, Deus � o Partido Comunista", escreveu Kerry Brown em seu livro "Xi: A Study in Power". "O maior erro que o resto do mundo comete sobre Xi � n�o levar sua f� a s�rio".
- "Traumatizados" -
Embora sua fam�lia integrasse a elite do partido, Xi n�o parecia destinado a esta posi��o. Seu pai, Xi Zhongxun, um her�i revolucion�rio que se tornou vice-primeiro-ministro, foi alvo de expurgo durante a Revolu��o Cultural de Mao.
"Xi e sua fam�lia ficaram traumatizados", diz Chan.
De um dia para o outro, o agora presidente perdeu seu status. Uma de suas meias-irm�s cometeu suic�dio por causa das persegui��es.
Xi foi condenado ao ostracismo por seus colegas de classe, uma experi�ncia que, segundo o cientista pol�tico David Shambaugh, contribuiu para "um distanciamento emocional e psicol�gico e para sua autonomia desde muito jovem".
Aos 15 anos, ele foi enviado para o centro da China, onde passou anos carregando gr�os e dormindo em cavernas. "A intensidade do trabalho me impactou", reconheceu.
Tamb�m participou de sess�es em que teve que denunciar seu pr�prio pai, como explicou em 1992 ao The Washington Post. "Mesmo que voc� n�o entenda, eles te obrigam a entender (...) Isso faz voc� amadurecer mais cedo", comentou.
Para o bi�grafo Chan, as experi�ncias lhe deram "dureza".
"Ele tem no��o da arbitrariedade do poder, por isso enfatiza a governan�a baseada na lei", aponta.
- De baixo -
A caverna onde Xi dormia foi transformada em atra��o tur�stica para mostrar sua preocupa��o com os mais pobres.
Em uma visita da AFP em 2016, um morador local o descreveu como uma figura quase lend�ria, que lia muitos livros entre os intervalos do trabalho intenso. "Voc� podia ver que ele n�o era um homem comum".
Mas o caminho n�o foi tranquilo para Xi. Antes de ingressar no PCC, seu pedido foi rejeitado v�rias vezes devido ao legado familiar.
E ent�o ele come�ou em um "n�vel muito baixo" como l�der do partido em um vilarejo em 1974, observa Geiges. "Ele trabalhou muito sistematicamente" e tornou-se governador regional de Fujian em 1999, l�der provincial do partido em Zhejiang em 2002 e depois em Xangai em 2007.
Enquanto isso, seu pai foi reabilitado na d�cada de 1970 ap�s a morte de Mao, o que fortaleceu sua posi��o.
Na vida pessoal, Xi se divorciou de sua primeira esposa para se casar em 1987 com a popular soprano Peng Liyuan, ent�o mais conhecida que ele.
Para Cai Xia, ex-l�der do PCC e agora exilada nos Estados Unidos, Xi "sofre de um complexo de inferioridade, sabendo que teve pouca educa��o formal em compara��o com outros l�deres do partido".
� por isso que ele � "teimoso e ditatorial", escreveu em um artigo recente na Foreign Affairs.
- Li��es da URSS -
Mas Xi sempre se considerou "herdeiro da revolu��o", diz Chan.
Em 2007 ele foi nomeado para o Comit� Permanente do Politburo, o principal �rg�o de decis�o da China. E cinco anos depois ele subiu ao topo, substituindo o presidente Hu Jintao.
Seu curr�culo n�o prenunciava o que viria a seguir: repress�o a movimentos civis, m�dia independente e liberdades acad�micas, supostos abusos de direitos humanos na regi�o de Xinjiang ou uma pol�tica externa muito mais agressiva que a de seu antecessor.
Sem acesso a Xi ou a seu c�rculo �ntimo, os estudiosos procuram em seus primeiros textos pistas sobre suas motiva��es.
A import�ncia central do partido e sua miss�o "de tornar a China um grande pa�s � evidente desde os primeiros registros de Xi", diz Brown.
A narrativa de uma China em ascens�o teve um grande efeito sobre a popula��o, usando o nacionalismo a seu favor para legitimar o partido entre a popula��o.
Mas o medo de perder o poder tamb�m � evidente.
"A queda da Uni�o Sovi�tica e do socialismo no Leste Europeu foi um grande choque para Xi", opina Geiges.
E sua conclus�o � que o colapso aconteceu por causa da abertura pol�tica. "Ele decidiu que algo assim n�o deve acontecer na China (...) Por isso defende uma lideran�a forte do Partido Comunista, com um l�der forte", acrescenta.
PEQUIM