A explora��o do ouro transformou a regi�o fronteiri�a com o Mali e a Guin� em uma fonte de oportunidades econ�micas, mas tamb�m de riscos para a seguran�a e para a sa�de.
"Trabalhar aqui � como jogar a loteria, voc� nunca tem certeza se vai ganhar", diz Mohamed Bayoh, garantindo que vai ficar no local "at� encontrar ouro".
Os garimpeiros permanecem na regi�o de Bantakokouta por alguns dias ou meses e logo voltam a buscar novos pontos. A maioria tem o objetivo de ganhar dinheiro para enviar para suas fam�lias ou para investir em seu pa�s.
Mohamed conta da ambi��o de "encontrar muito ouro" para "come�ar outra vida na Guin�".
Segundo ele, com um grama de ouro � poss�vel ganhar quase US$ 50 (R$ 262), o que o possibilitou comprar duas motos em seis meses.
Os riscos da atividade, no entanto, s�o muitos, desde deslizamentos de terras ao uso excessivo da cannabis indica ou tramadol, um analg�sico perigoso, diz Diba Keita, chefe de um comit� de vigil�ncia comunit�ria.
- Merc�rio -
Contando com apenas algumas dezenas de habitantes h� duas d�cadas, a regi�o se tornou o destino de milhares de pessoas que se dedicam inteiramente ao garimpo.
Diferentemente de outras regi�es, em Bantakokouta a explora��o do ouro � legalizada, ao contr�rio de outros locais onde as minas s�o gerenciadas por grandes empresas, o que regularmente gera conflitos com a popula��o local.
Em sua oficina, Souleymane Segda passa as pedras j� trituradas por uma m�quina que descarta o p� e � t�o grande que ocupa quase todo o espa�o, sem banheiros, onde tamb�m dorme.
"Posso ganhar at� 50.000 francos CFA por dia (US$ 81 ou R$ 424). Volto para Burkina sempre que posso e, quando tiver juntado dinheiro suficiente, partirei para sempre", conta o jovem de 20 anos, natural de Burkina Faso.
As pepitas de ouro s�o recuperadas ap�s a lavagem. Embora o uso do merc�rio seja proibido devido � sua toxicidade, � utilizado de forma generalizada, aumentando o risco de contamina��o da �gua dos rios da regi�o.
- Problemas -
Embora a atividade tenha movimentado a regi�o, possibilitando o acesso eletrodom�sticos e produtos eletr�nicos, a cria��o de locais de culto, um posto de sa�de e vida noturna para Bantakokouta, a minera��o tamb�m gerou conflitos e outros problemas, como a prostitui��o.
"Essas jovens, principalmente da Nig�ria, muitas vezes menores de idade, s�o v�timas de um tr�fico altamente organizado e de uma rede muito poderosa", diz Aliou Bakhoum, chefe local da ONG La Lumi�re em K�dougou, a capital regional.
Sua organiza��o acolheu quarenta jovens, algumas com apenas 15 anos, e as ajudou a retornarem ao seu pa�s. Bakhoum conta que elas foram enganadas por traficantes que lhes prometeram emprego no Senegal.
Diante da recorr�ncia dos casos e da atua��o destes grupos criminosos, o Estado refor�ou sua seguran�a, sobretudo face ao receio da chegada de jihadistas na fronteira com o Mali, explica um alto funcion�rio administrativo.
"O leste do Senegal seria um territ�rio muito interessante para os jihadistas, n�o necessariamente para atacar, mas para recrutar e se financiar. As minas artesanais s�o ideais para encontrar jovens frustrados", diz um diplomata ocidental.
Bantakokouta tem dezenas de neg�cios geridos por malienses, onde o ouro � comprado e transportado ilegalmente atrav�s da fronteira.
Al�m disso, a regi�o apresenta desemprego superior a 25% e �ndice de pobreza a mais de 70%, o que leva muitos jovens a abandonarem os estudos e buscarem a sorte nas minas.
BANTAKOKOUTA