Confira o caminho da guerra � paz, percorrido em diferentes ocasi�es pelos dissidentes da mais poderosa guerrilha das Am�ricas, hoje conhecida como Estado-Maior Central (EMC).
- Negocia��es mal-sucedidas -
A primeira negocia��o de paz com as Farc foi em 1984, durante o governo de Belisario Betancur (1982-1986). Do processo mal-sucedido, nasceu, no ano seguinte, a Uni�o Patri�tica, partido criado por ex-integrantes das Farc que foi massacrado por grupos paramilitares junto das for�as estatais. Estima-se que 3.000 de seus membros tenham sido mortos.
Outras duas tentativas de negocia��es de paz tamb�m fracassaram, como a iniciada em 1991, com o presidente C�sar Gaviria (1990-1994), e a de 1999, com o presidente Andr�s Pastrana (1998-2002). Esta �ltima ficou conhecida como Di�logos de Cagu�n, devido � regi�o de 42.000 km2 que o presidente mandou desmilitarizar no sul do pa�s para concentrar a guerrilha e onde os comandantes do EMC se reuniram neste domingo (16).
- Acordo e desarmamento -
Ap�s a ofensiva militar dos rebeldes, nos anos 1990, e a contraofensiva do Estado, no in�cio dos anos 2000, o presidente Juan Manuel Santos (2010-2018) empreendeu novas negocia��es de paz em 18 de outubro de 2012, cujo encontro ocorreu em Havana em novembro do mesmo ano, com Cuba e Noruega como avalistas, e Chile e Venezuela como parceiros.
Em setembro de 2016, as partes assinaram um acordo que foi rejeitado por pouco mais de 50% dos eleitores em um plebiscito. Depois de incluir algumas modifica��es, o pacto final foi selado em novembro, no Teatro Col�n de Bogot�, com o desarmamento de 13.000 rebeldes.
- Dissidentes -
Em 10 de junho de 2016, enquanto as delega��es dos rebeldes e do governo davam os retoques finais ao acordo, a Frente Primeira das Farc anunciou, em um comunicado, que n�o deporia suas armas, argumentando que o pacto implicava "a continua��o do mesmo modelo" econ�mico.
A lideran�a guerrilheira enviou, ent�o, o l�der conhecido como Gentil Duarte para subjugar o comandante da Frente Primeira, 'Iv�n Mordisco', no comando de cerca de 400 homens. Duarte traiu o processo de paz e juntou-se a 'Mordisco' com o prop�sito de continuar com a luta armada.
Os dissidentes adotaram o nome de Estado-Maior Central das Farc e iniciaram o processo de expans�o no sudoeste do pa�s, no Amazonas e na fronteira com a Venezuela, com uma tropa de 3.000 membros formada majoritariamente por novos recrutas.
Em agosto de 2019, Iv�n M�rquez, chefe e ex-negociador das Farc, anunciou em um v�deo o rearmamento do grupo, alegando o descumprimento do acordo de paz por parte do Estado. Juntamente com outros ex-l�deres da guerrilha, fundou uma nova fac��o dissidente conhecida como "Segunda Marquetalia", ferrenha inimiga do EMC e atualmente em uma reaproxima��o com o governo do esquerdista Gustavo Petro.
O presidente conservador Iv�n Duque (2018-2022) n�o reconheceu politicamente os dissidentes e liderou uma campanha militar contra os dois lados.
- Suposta morte e reaparecimento de 'Mordisco' -
Em maio de 2022, a intelig�ncia militar colombiana anunciou que Gentil Duarte havia morrido na Venezuela durante uma briga com um grupo de traficantes de drogas. O posto foi, ent�o, ocupado por 'Iv�n Mordisco'.
Em julho, quando Duque se preparava para entregar o poder a Petro, o Minist�rio da Defesa informou que o l�der guerrilheiro havia morrido junto com outros nove rebeldes em uma grande opera��o envolvendo 500 soldados nas florestas do sul do pa�s.
No final de setembro do mesmo ano, dias ap�s uma reuni�o "explorat�ria" entre delegados do novo governo e o EMC, um homem, que a imprensa colombiana chamou de 'Iv�n Mordisco', apareceu em um v�deo ordenando �s tropas que evitassem ao m�ximo "confrontos com as for�as estatais" para incentivar uma aproxima��o.
- Tr�gua -
No �ltimo dia de 2022, Petro anunciou um cessar-fogo bilateral de seis meses com os principais grupos armados, incluindo o EMC.
Embora ambos os lados tenham denunciado incidentes que violam a tr�gua, o acordo permanece.
Em meados de mar�o, o Minist�rio P�blico suspendeu os mandados de pris�o contra 19 lideran�as dissidentes a pedido do Petro, que reconheceu o EMC como ator pol�tico.
No m�s seguinte, em uma manifesta��o pol�tica em Cagu�n, a maior fac��o dissidente anunciou o estabelecimento de uma nova rodada de negocia��es com o governo colombiano, que acontecer� no dia 16 de maio.
BOGOT�