Lula, que busca devolver o Brasil � vanguarda da diplomacia mundial, voltou a defender essa postura, em um jogo de equil�brio que j� lhe rendeu cr�ticas dos Estados Unidos e desentendimentos na Europa.
"Ao mesmo tempo em que o meu governo condena a viola��o da integridade territorial da Ucr�nia, defendemos uma solu��o pol�tica negociada para o conflito", declarou em Lisboa o �cone da esquerda latino-americana, ap�s encontro com o seu hom�logo portugu�s, Marcelo Rebelo de Sousa .
"Precisamos urgentemente um grupo de pa�ses que t�m que sentar-se � mesa, tanto com Ucr�nia como com a R�ssia, para encontrar a paz", enfatizou Lula.
"A posi��o de Portugal � diferente", rapidamente apontou o presidente deste pa�s, membro da Uni�o Europeia (UE) e da Otan, e um dos primeiros a fornecer tanques de guerra a Kiev.
"O presidente Lula acredita que o caminho para uma paz justa e duradoura passa por priorizar o caminho da negocia��o", disse Rebelo de Sousa.
Mas "a posi��o portuguesa � diferente: sustenta que um eventual caminho para a paz sup�e o direito pr�vio da Ucr�nia de reagir � invas�o, recuperando o que pode ou quer recuperar (...) da sua integridade territorial", afirmou.
E isso se deve a "uma quest�o de princ�pio, que n�o � para beneficiar o infrator", frisou.
Em sua primeira viagem � Europa desde que voltou ao poder em janeiro, Lula, que ocupou o cargo de 2003 a 2010, optou por uma visita de quatro dias � ex-pot�ncia colonial da qual o Brasil conquistou a independ�ncia em 1822.
A segunda e �ltima etapa desta viagem ser� a Espanha, a partir de ter�a-feira.
- "Propaganda russa e chinesa" -
Em busca de melhorar a imagem de seu pa�s nas quest�es ambientais e se firmar como um poss�vel mediador da paz, Lula viajou aos Estados Unidos em fevereiro, onde se encontrou com o presidente Joe Biden.
Mas pareceu vacilar quando, ap�s se encontrar este m�s com seu colega chin�s, Xi Jinping, pediu aos Estados Unidos que parem de "incentivar a guerra" na Ucr�nia, que resiste � invas�o russa h� mais de um ano, e pediu � Uni�o Europeia (UE), aliado de Kiev, para "come�ar a falar de paz".
O l�der brasileiro tamb�m reafirmou que as responsabilidades da guerra desencadeada pela invas�o russa da Ucr�nia em fevereiro de 2022 s�o compartilhadas entre os dois pa�ses.
Os Estados Unidos foram r�pidos em acusar Lula de "repetir a propaganda russa e chinesa, desconsiderando os fatos".
Na segunda-feira, recebeu em Bras�lia o ministro das Rela��es Exteriores da R�ssia, Serguei Lavrov, que "agradeceu" o Brasil pela "contribui��o" na busca de uma solu��o para o conflito e por "sua excelente compreens�o da g�nese dessa situa��o".
A Ucr�nia convidou Lula na semana passada para visitar Kiev, para que ele "entenda as verdadeiras causas e a ess�ncia" da guerra.
Representantes da comunidade ucraniana se reuniram com integrantes da delega��o brasileira na sexta-feira e Lula decidiu enviar seu principal assessor, Celso Amorim, a Kiev para um encontro com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
"O Brasil est� determinado a contribuir para a promo��o do di�logo e da paz e para o fim deste conflito", insistiu Bras�lia em comunicado.
- Homenagem a Chico Buarque -
Nesta c�pula luso-brasileira, a primeira em sete anos, ser�o assinados uma dezena de acordos bilaterais, principalmente nos setores da energia, ci�ncia, educa��o e turismo.
Na segunda-feira, ap�s encontro com empres�rios pr�ximo ao Porto (norte), Lula participar� da entrega da mais alta distin��o da literatura de l�ngua portuguesa, o Pr�mio Cam�es, ao famoso cantor e autor brasileiro Chico Buarque.
Este artista, conhecido por seu compromisso com a esquerda e contra a Ditadura Militar (1964-1985), havia sido anunciado como vencedor em 2019, mas Bolsonaro se recusou a assinar os documentos necess�rios para que o pr�mio fosse oficialmente concedido a ele.
Antes de voar para Madri na ter�a-feira, Lula discursar� no Parlamento portugu�s antes das comemora��es do 49� anivers�rio da Revolu��o dos Cravos, que encerrou 48 anos de ditadura de direita e 13 anos de guerras coloniais para o pa�s europeu na �frica.
LISBOA