Nascido em 1� de mar�o de 1927, no Harlem, filho de m�e jamaicana e pai franc�s da Martinica, o ator e int�rprete de calipso - cujo nome completo era Harold George Bellanfanti - passou a maior parte de sua inf�ncia na Jamaica antes de retornar a Nova York, um caldeir�o cultural que influenciou sua m�sica e sua luta pela igualdade racial.
O calipso de Belafonte, um g�nero de m�sica caribenha que bebia das influ�ncias da �frica Ocidental e da Fran�a, o levou � fama durante a prosperidade e crescimento das cidades ap�s a Segunda Guerra Mundial.
Seu terceiro �lbum, "Calypso"(1956), foi o primeiro LP a vender mais de um milh�o de c�pias nos Estados Unidos.
O �lbum inclu�a a m�sica que virou a can��o emblem�tica de Belafonte, "Day-O (The Banana Boat Song)". Para os cr�ticos essa m�sica era simplesmente dan�ante para que as pessoas se sentissem bem, j� para Belafonte era o incitamento � rebeli�o dos trabalhadores que exigiam sal�rios justos.
Belafonte "utilizava sua plataforma quase de forma subversiva porque podia introduzir mensagens, mensagens revolucion�rias", disse o cantor John Legend nesta ter�a-feira em um evento da revista Time.
"Quando as pessoas pensavam que simplesmente cantava sobre os bons tempos na ilha, ele estava enviando mensagens de protesto e revolu��o em tudo o que fazia", acrescentou.
Nem mesmo no in�cio da carreira, Belafonte fugiu das pol�micas. Em 1957, ele protagonizou o filme "Ilha nos Tr�picos", no qual interpretou um pol�tico em uma ilha fict�cia envolvido em um relacionamento inter-racial.
Ele se tornou, em 1954, o primeiro afro-americano a ganhar um pr�mio Tony por seu papel no musical da Broadway "Almanaque do John Murray Anderson".
Seis anos depois, repetiu o feito ao ganhar um pr�mio Emmy por "Tonight with Belafonte", seu programa de m�sica na televis�o. Belafonte tamb�m ganhou tr�s Grammys.
- Luta -
As rea��es � perda do cantor e ativista vieram tanto da ind�stria musical quanto do cen�rio pol�tico.
O presidente americano, Joe Biden, saudou a mem�ria de "um americano revolucion�rio, que usou seu talento e sua notoriedade e voz para redimir a alma da nossa na��o".
O secret�rio-geral das Na��es Unidas, Ant�nio Guterres, atrav�s de seu porta-voz, St�phane Dujarric, destacou "sua generosidade inabal�vel e sem limites" em uma vida "dedicada � luta pelos direitos humanos e contra a injusti�a em todas as suas formas".
Embaixador da Boa Vontade da Unicef por 36 anos, o legado de Belafonte inclui "a defesa dos cuidados de sa�de prim�rios, do tratamento do e do acesso gratuito � educa��o para todos", disse a diretora da organiza��o, Catherine Russell.
� medida que o movimento pelos direitos civis ganhava for�a, Belafonte assumiu um papel pioneiro que foi al�m do simples apoio moral - tornou-se um confidente de Martin Luther King e contribuiu com seu pr�prio dinheiro para apoiar a causa.
"Quando as pessoas pensam em ativismo, sempre pensam que h� algum sacrif�cio envolvido, mas sempre considerei isso um privil�gio e uma oportunidade", disse ele em um discurso de 2004 na Universidade Emory.
Belafonte convidou Luther King e o pastor de Birmingham, Alabama, Fred Shuttlesworth, ao seu apartamento em Nova York para planejar a campanha de 1963, a fim de integrar esta cidade notoriamente racista do sul.
Quando King foi preso em Birmingham, Belafonte levantou U$ 50.000 - cerca de U$ 400.000 em valor atual, ou aproximadamente R$ 2 milh�es - para salv�-lo, numa �poca em que a ascens�o da m�sica pop trouxe riqueza e estilos de vida luxuosos para muitos artistas.
"A popularidade mundial e o compromisso de Belafonte com nossa causa � um ingrediente-chave na luta global pela liberdade e uma poderosa arma t�tica no movimento dos direitos civis aqui nos Estados Unidos", disse King sobre o m�sico.
Apesar de suas cr�ticas � pol�tica americana, Belafonte afirmou que os Estados Unidos "oferecem um sonho que n�o pode ser realizado t�o facilmente em nenhum outro lugar do mundo", mas s� � alcan��vel por meio da "luta".
O ativista passou muito tempo na �frica - especialmente no Qu�nia - e se tornou um dos artistas americanos mais importantes na luta contra o apartheid na �frica do Sul.
Seu �lbum, "Paradise in Gazankulu", lan�ado em 1988, falava da opress�o dos negros sul-africanos e foi parcialmente gravado em Joanesburgo com artistas locais.
Belafonte tamb�m come�ou o supergrupo USA for Africa, cuja m�sica "We Are The World" arrecadou US$ 1,985 bilh�o (cerca de R$ 10,02 bilh�es em valores atuais) para as v�timas da fome na Eti�pia.
NOVA YORK