
Eric Uller era funcion�rio do �rg�o h� quase 30 anos e conhecido por pr�mios de inova��o tecnol�gica e trabalhos volunt�rios na regi�o, inclusive em bairros latinos da cidade.
Esta semana, Santa Monica concluiu mais a��es judiciais, elevando o pagamento total imposto ao Estado para US$ 229,2 milh�es – o mais caro desembolso de abuso sexual de um �nico perpetrador para qualquer munic�pio da Calif�rnia. Por�m, mais do que o dinheiro, o caso levantou intensas cr�ticas sobre o motivo pelo qual a cidade n�o conseguiu proteger suas crian�as.
O Los Angeles Times divulgou que Uller entrou na Liga de Atividades Policiais em 1989 como mentor de jovens em vulnerabilidade. O programa de que o abusador participava visava mitigar a criminalidade em bairros mais empobrecidos da cidade.
“Ele quase imediatamente come�ou a atacar meninos latinos com idades entre 12 e 15 anos do bairro do Pico, mas alguns tinham apenas 8 anos", disse o advogado Brian Claypool ao jornal californiano, que representou mais de 80 v�timas.
As v�timas disseram que Uller usou suas conex�es com a pol�cia para atra�-los.
“Ele me subornou com dinheiro, cart�es de beisebol, ingressos do Dodger, almo�o”, disse John AM Doe, um das centenas de ex-jovens do PAL (Liga de Atividades Policiais) que acusou Uller de estupro repetido e abuso sexual ao longo de dois anos e culpou a cidade por permitir que um predador o perseguisse.
John AM Doe foi identificado em documentos judiciais por um pseud�nimo e n�o est� sendo identificado pelo The Times, que geralmente n�o nomeia as v�timas de agress�o sexual. Ele disse que tinha 12 anos quando conheceu Uller. Ele se lembra dele com um distintivo e algemas e disse que at� deixou uma arma no banco do carro uma vez.
“Todo mundo pensava que ele era um policial”, disse John AM Doe.
Leia: Quinze meses de pris�o por abusos sexuais em edi��o espanhola do Big Brother
John Doe 4 tinha 11 anos quando o abuso come�ou em 1989, mostram os registros do tribunal. O menino foi molestado pela primeira vez quando Uller o levou ao consult�rio m�dico de seu pai sob o pretexto de fazer um exame f�sico necess�rio para praticar esportes, uma manobra que Uller usou repetidamente, disseram as autoridades. O abuso continuou por dois anos, de acordo com documentos judiciais.
De acordo com as informa��es do Jornal, as v�timas eram chantageadas com alguns presentes. Havia ainda aquelas que eram pegas em alguma infra��o ou que a fam�lia n�o estava regulamentada na imigra��o e tinham sua liberdade negociada por meio de atos sexuais.

Algumas das v�timas de Uller lembraram que ele at� acendia as luzes e a sirene da pol�cia enquanto os levava para casa, refor�ando ainda mais a ideia de que ele era um policial trabalhando sob a cor da autoridade, revelam documentos que resumem os relatos das v�timas.
Avisos sobre os abusos foram ignorados
O jornal relatou que um sargento da pol�cia de Santa Monica suspeitou do comportamento de Uller com um menino entre 1991 e 1993 e iniciou uma investiga��o, de acordo com um relat�rio do Departamento do Xerife do Condado de Los Angeles de 2018 revisado pelo The Times.
Michelle Cardiel, funcion�ria da PAL de 1990 a 1998, disse a um detetive do xerife que “a crian�a ia a todos os lugares com Eric e parecia estranho”.
Cardiel tentou alertar a demais membros da pol�cia os comportamentos estranhos que observou, mas foi orientada a ignorar as supostas “fofocas”. Nenhuma a��o foi tomada contra Uller.
Em uma declara��o juramentada obtida pelo The Times, uma detetive da unidade juvenil do xerife, cuja identidade est� sendo omitida neste relat�rio, disse que suspeitou de Uller, observando que ele “estava se tornando muito pr�ximo, tanto f�sica quanto emocionalmente, dos meninos que eu vi”.
“Achei que o comportamento e o envolvimento de Eric com os meninos n�o eram apropriados e, por isso, relatei minhas preocupa��es ao meu sargento e meu tenente”, disse a detetive, observando que seus superiores disseram a ela que n�o era da conta dela.
Ela disse que tamb�m descobriu que Uller tinha filhos em sua casa e os levava em viagens de fim de semana. Quando ela disse a ele para parar com esse comportamento, ele a ignorou, disse ela na declara��o.
Abusador se suicidou
De acordo com o relat�rio do xerife de 2018, v�rios ex-funcion�rios da cidade de Santa Monica disseram aos detetives que denunciaram a m� conduta de Uller.
O Los Angeles Times disse que no mesmo ano, Uller foi preso sob suspeita de molestar quatro meninos quando era volunt�rio do PAL nos anos 90, de acordo com registros do pr�prio Departamento do Xerife.
Ele foi apontado por v�rias acusa��es de atos obscenos em uma crian�a. Ap�s sua pris�o, seis pessoas se apresentaram para acusar o antigo funcion�rio da cidade de abuso sexual. Mas no dia em que deveria comparecer ao tribunal, em 2018, Uller foi encontrado morto por suic�dio em seu apartamento em Marina del Rey.
Ap�s a morte de Uller, o Departamento de Pol�cia de Santa Monica anunciou que estava encaminhando ao Departamento do Xerife uma alega��o de que indiv�duos que sabiam dos abusos de Uller n�o haviam acionado nenhum alarme conforme exigido pela Lei de Den�ncia e Neglig�ncia de Abuso Infantil.
Claypool, um advogado que representa John AM Doe e dezenas de outros queixosos, disse que nunca viu um caso de abuso sexual como este.
“Temos um t�cnico da cidade bancando o policial na frente de policiais de verdade, dando carona para as crian�as � noite sozinho, fazendo viagens”, disse Claypool. “O Departamento de Pol�cia e a cidade fizeram repetidas advert�ncias. Funcion�rios e crian�as reclamaram com os policiais de Santa Monica, dizendo que ele estava fazendo essas coisas horr�veis”.
Um legado de abuso e dor
Em resposta a in�meras perguntas do The Times, a prefeitura da cidade chamou o abuso de Uller de “comovente e perturbador” e disse que, desde que soube das acusa��es em 2018, tomou medidas para garantir a seguran�a dos jovens em todos os programas da cidade. As autoridades tamb�m contrataram uma empresa de consultoria com experi�ncia em investiga��es de abuso sexual e aprovaram uma Resolu��o de Prote��o � Crian�a para ajudar a detectar comportamentos inadequados e prevenir abusos.
O prefeito Gleam Davis disse que Santa Monica “modificou praticamente todos os programas nesta comunidade que atendem aos jovens”, observando que o abuso ocorreu duas a tr�s d�cadas atr�s e nenhum dos atuais l�deres da cidade ou funcion�rios do PAL estavam l� na �poca.
“Quero garantir que todos entendam que este foi um cap�tulo triste da hist�ria da cidade e esperamos e rezamos para que isso nunca aconte�a novamente”, disse Davis na ter�a-feira ap�s a vota��o para aprovar o acordo. “Nossos cora��es est�o com as v�timas que experimentaram tanta dor e desgosto.”
*Estagi�ria sob supervis�o
