Reunidos em um centro esportivo do munic�pio de Puerto Boyac�, os ex-combatentes expressaram vontade de fazer parte da pol�tica de "Paz Total", com a qual o presidente Gustavo Petro aspira a p�r fim a mais de meio s�culo de conflito interno .
Um dos ex-comandantes das Autodefesas Unidas da Col�mbia (AUC), Edward Cobos T�llez, vulgo "Diego Vecino", leu uma declara��o em que pedem a retomada do "processo pol�tico de paz entre o Estado colombiano e as AUC". Estas mil�cias de extrema direita semearam o terror nos anos 1990, em meio � sua guerra contra as guerrilhas de esquerda, com o apoio de membros da for�a p�blica.
No governo do direitista �lvaro Uribe (2002-2010), mais de 30.000 paramilitares se desmobilizaram sob um sistema especial de justi�a, que previa um m�ximo de oito anos de pris�o em troca do seu desarmamento e da confiss�o de crimes.
As antigas AUC, no entanto, alegam que alguns de seus combatentes continuam presos ou ficaram em um limbo em seus processos judiciais, que os impedem de conseguir emprego, votar ou abrir contas banc�rias, segundo depoimentos dados � AFP em Puerto Boyac�, antigo reduto paramilitar �s margens do rio Magdalena.
- Perd�o -
Vestidos de branco e com bon�s camuflados com a inscri��o "Primeiro Encontro Nacional pela Paz", os ex-paramilitares ouviram seus porta-vozes e o alto comiss�rio para a Paz, Danilo Rueda, que falou em nome do governo.
"Procuramos resolver lacunas, inseguran�as e indefini��es, para buscar um fechamento pol�tico digno", declarou Edward Cobos. Ao redor, alguns ex-guerrilheiros das Farc, seus antigos inimigos na guerra, observavam com aten��o.
Em uma breve interven��o, o comiss�rio Rueda disse aos ex-paramilitares que a sua reintegra��o "� um compromisso do governo que nunca lhes foi negado". "Existem quest�es dos signat�rios da paz que n�o foram abordadas com responsabilidade em termos de reincorpora��o", reconheceu mais tarde.
No poder desde agosto, Gustavo Petro dialoga com todos os grupos ilegais e explora caminhos diferentes com cada um deles para conseguir que se desarmem. Em novembro passado, ele montou uma mesa de negocia��es de paz com a guerrilha do Ex�rcito de Liberta��o Nacional (ELN) e deseja fazer o mesmo com as dissid�ncias das Farc que rejeitaram o acordo de 2016. Tamb�m oferece benef�cios penais para grupos de narcotraficantes em troca de que abandonem seu neg�cio.
"Queremos reiterar nossa vontade de paz, expressar nosso arrependimento, pedir perd�o publicamente �s v�timas, reiterar nosso compromisso", disse � AFP o ex-comandante paramilitar Rodrigo P�rez, conhecido como Juli�n Bol�var.
Ex-rebeldes das Farc apoiaram os pedidos dos ex-paramilitares. "A Col�mbia precisa da paz total. Nestes cen�rios de reconcilia��o em que nos encontramos hoje, enviamos uma mensagem de que, sim, podemos todos caminhar para uma nova sociedade", disse � AFP a senadora e ex-guerrilheira Sandra Ram�rez, do partido Comunes, que surgiu do acordo de paz.
Apesar da desmobiliza��o dos paramilitares e da maior parte das Farc, a viol�ncia financiada pelo narcotr�fico persiste na Col�mbia, deixando 9 milh�es de v�timas em mais de meio s�culo.
PUERTO BOYAC�