Igreja Cat�lica boliviana reconhece que ignorou sofrimento de v�timas de ped�filos

A Igreja Cat�lica da Bol�via reconheceu, nesta quarta-feira (24), que permaneceu "surda" diante do sofrimento das v�timas de sacerdotes ped�filos, em consequ�ncia de um dos maiores esc�ndalos que afeta a institui��o pelos abusos do cl�rigo espanhol Alfonso Pedrajas.

O secret�rio-geral da Confer�ncia Episcopal da Bol�via (CEB), Giovani Arana, disse, em um comunicado oficial, que a institui��o cat�lica "ao inv�s de lhes dar a prote��o e o cuidado que mereciam, [as v�timas] encontraram uma Igreja surda aos seus sofrimentos".

Acrescentou que "temos a certeza de ter sido parte, direta ou indiretamente, de uma dor profunda causada a pessoas inocentes que foram v�timas de abuso sexual".

A Bol�via se viu sacudida pelas revela��es feitas pelo jornal El Pa�s, em 30 de abril, sobre os abusos cometidos pelo j� falecido cl�rigo jesu�ta 'Pica' Pedrajas, desde a d�cada de 1970.

Pedrajas escreveu em um di�rio pessoal que cometeu "danos a muita gente [a 85?], a muitos". Cumpriu no pa�s trabalhos educativos e de forma��o de jovens religiosos at� que morreu em 2009.

Na esteira do tema, o Minist�rio P�blico recebeu pelo menos oito den�ncias contra Pedrajas e os sacerdotes espanh�is Luis Mar�a Roma, Alejandro Mestre e Antonio 'Tuco' Gausset, todos falecidos.

Arana tamb�m indicou que, na ter�a-feira, chegou ao pa�s o padre espanhol Jordi Bertomeu, enviado do Vaticano, para se inteirar pessoalmente de tudo que ocorreu.

Produto da visita, informou que decidiu formar duas comiss�es: uma de escuta e outra de investiga��o "que determinem responsabilidades e visibilizem o que aconteceu".

Hilari�n Baldiviezo, presidente de uma associa��o de ex-alunos do Col�gio Jo�o XXIII da cidade de Cochabamba (centro), o principal local onde Pedrajas trabalhou, expressou sua desaprova��o �s comiss�es cat�licas e � presen�a de Bertomeu.

"N�o podem ser eles [os da Igreja] juiz e parte nessa situa��o", disse.

O governo boliviano pediu ao Vaticano os arquivos de todos os casos de pedofilia. Afirmou que se reserva o direito de receber os padres que tenham den�ncias, e que negociar� um novo conv�nio de rela��o bilateral com a Igreja Cat�lica.