
Algumas das mais proeminentes figuras bilion�rias da Alemanha atual, associadas a marcas ic�nicas como BMW, Volkswagen e Allianz, pertencem a fam�lias empresariais que foram aliadas ao regime nazista desde o in�cio. Um novo livro exp�e como esses magnatas financiaram o partido de Adolf Hitler, tomaram empresas fundadas por judeus e lucraram com o trabalho escravo durante a Segunda Guerra Mundial. A obra, intitulada 'Bilion�rios Nazistas', foi escrita pelo jornalista holand�s David de Jong e chegou ao Brasil recentemente.
De Jong argumenta que a alian�a entre os personagens retratados no livro e o regime nazista se deu principalmente por conveni�ncia. Ele explica que a maioria deles eram oportunistas implac�veis que prosperariam em qualquer sistema pol�tico. Esses indiv�duos enriqueceram durante o Imp�rio Alem�o, continuaram lucrando na Rep�blica de Weimar e, por fim, aderiram ao nazismo. Poucos eram verdadeiramente comprometidos com a ideologia nazista, estando mais ligados ao conservadorismo pol�tico tradicional. No entanto, apoiaram Hitler porque ele cumpriu suas promessas econ�micas.
Esses bilion�rios foram recompensados com generosos contratos governamentais durante o processo de rearmamento da Alemanha e se beneficiaram das leis antissemitas impostas por Hitler. Empres�rios judeus foram for�ados a vender suas empresas ou a��es a pre�os baix�ssimos para alem�es 'arianos' (n�o judeus). Um exemplo foi Adolf Rosenberger, fundador da Porsche, que perdeu sua participa��o na empresa para a fam�lia Porsche.
Al�m disso, entre 12 milh�es e 20 milh�es de cidad�os dos pa�ses ocupados pelos nazistas foram for�ados a trabalhar para empresas alem�s que os 'requisitavam' ao governo. De Jong enfatiza que o capitalismo �, em sua ess�ncia, amoral e que os empres�rios tendem a seguir a linha do governo em regimes ditatoriais.
Gigantes alem�s lucraram com o nazismo
David de Jong, com ascend�ncia judaica parcial e descendente de v�timas do nazismo, percebeu que havia uma lacuna nas hist�rias desses bilion�rios enquanto trabalhava na ag�ncia de not�cias Bloomberg. Investigando casos de riqueza oculta e empresas familiares em pa�ses de l�ngua alem�, em 2012, deparou-se com um site discreto da Harald Quandt Holding, uma empresa avaliada em US$ 18 bilh�es. Foi ent�o que descobriu que Harald Quandt era o �nico filho do primeiro casamento de Magda Goebbels, esposa do ministro da Propaganda nazista, Joseph Goebbels. Harald sobreviveu � guerra e assumiu parte dos neg�cios da fam�lia ao lado de seu meio-irm�o, Herbert.
Ao longo de quatro anos de investiga��o, De Jong descobriu outras hist�rias semelhantes. Ele decidiu se concentrar nas fam�lias alem�s ainda relevantes no cen�rio global de neg�cios e nas empresas que lucraram com aspectos ideol�gicos do nazismo, como o antissemitismo e o uso de trabalho escravo. Entre os personagens destacados est�o G�nther Quandt, pai de Harald e associado � BMW; Ferdinand Porsche, fundador da Volkswagen e da Porsche; Richard Kaselowsky e Rudolf-August Oetker, da multinacional de alimentos Dr. Oetker; e o banqueiro August von Finck, da fam�lia fundadora da Allianz.
G�nther Quandt e August von Finck participaram de uma reuni�o entre grandes empres�rios alem�es e l�deres do Partido Nazista em 20 de fevereiro de 1933. Durante o encontro, Hitler, que havia assumido o governo alem�o h� menos de um m�s, explicou seus planos para acabar com a democracia no pa�s. No final da reuni�o, os empres�rios foram convidados a fazer doa��es para a campanha eleitoral do Partido Nazista, contribuindo com 3 milh�es de marcos (cerca de US$ 20 milh�es em valores atuais).
