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Estado de Minas EX-PRIMEIRO MINISTRO

Bilion�rio, extravagante e colecionador de esc�ndalos: quem foi Silvio Berlusconi

No labirinto da pol�tica italiana, Silvio Berlusconi foi o intermediador supremo - um homem que misturou neg�cios e vida p�blica como nenhum outro


12/06/2023 06:47 - atualizado 12/06/2023 08:22
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Berlusconi durante um comício em novembro de 2015
Silvio Berlusconi se tornou um dos personagens mais importantes da hist�ria recente da It�lia (foto: Reuters)

Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro da It�lia que enfrentou esc�ndalos sexuais e acusa��es de corrup��o, morreu aos 86 anos nesta segunda-feira (12/6).

italiano faleceu no hospital San Raffaele, em Mil�o, segundo a imprensa local.

Em abril, ele foi internado por uma infec��o pulmonar ligada a um caso n�o revelado de leucemia cr�nica.

De personalidade extravagante, ele cativou boa parte do eleitorado italiano — e parte do p�blico continuou a apoi�-lo apesar de acusa��es de corrup��o.

Levado ao tribunal v�rias vezes, exibiu habilidade de escapar e ziguezaguear pelos tortuosos processos legais da It�lia.

Na vida pessoal, gostava de se cercar de mulheres jovens e bonitas e protagonizou v�rios esc�ndalos sexuais, que cedo ou tarde o afastaram de muitos de seus mais fervorosos apoiadores.

Mas, toda vez que parecia que sua carreira pol�tica havia terminado, Silvio Berlusconi conseguia confundir seus cr�ticos e voltar � vida p�blica.

Ele nasceu em uma fam�lia de classe m�dia em Mil�o em 29 de outubro de 1936.

Enquanto estudava direito na universidade, tocava contrabaixo em uma banda de estudantes e �s vezes fazia bicos como cantor em cruzeiros.

Suas j� evidentes habilidades empreendedoras, junto a um "charme natural", foram usadas para vender uma s�rie de produtos, desde aspiradores de p� at� reda��es escritas por seus colegas.

Ap�s se formar, em 1962, ele criou uma empresa de constru��o e criou um complexo urban�stico com 3,5 mil apartamentos nos arredores de Mil�o, conhecido como Mil�o 2.

A origem dos recursos para esse projeto enorme foi um mist�rio e investiga��es subsequentes o ligaram a um emaranhado de companhias offshore — empresas e contas banc�rias abertas em territ�rios onde h� menor tributa��o, para fins l�citos ou il�citos.

Berlusconi chegou � m�dia em 1973, quando fundou a Telemilano, um canal a cabo de TV criado inicialmente para passar em seus apartamentos.

Em quatro anos, ele comprou outros dois canais e come�ou a transmitir programas a partir de um est�dio central em Mil�o.

Em 1978, fundou uma empresa financeira, a Fininvest, e deu in�cio a um programa impressionantemente r�pido de aquisi��es e expans�es.


Berlusconi com Bettino Craxi
Magnata persuadiu o primeiro-ministro Bettino Craxi a ignorar o crescimento de seus neg�cios de m�dia (foto: Reuters)

Corrup��o

Nada menos que 150 empresas ficaram sob o controle de Berlusconi, incluindo a maior editora da It�lia, a Mondadori, e o jornal di�rio Il Giornale.

Ele tamb�m comprou uma s�rie de canais locais de TV com o objetivo de desafiar o monop�lio da televis�o estatal italiana, a RAI.

Isso o colocou em conflito com a Justi�a, o que, em 1984, levou ao status legal da RAI como a �nica cadeia de televis�o nacional da It�lia.

No entanto, Berlusconi usou suas rela��es com o primeiro-ministro socialista Bettino Craxi para persuadir o governo a mudar a lei e permitir que sua rede comercial continuasse no ar.

Em 1986, ele apelou � paix�o nacional pelo futebol ao comprar um dos mais famosos clubes do pa�s, o Milan, para acrescentar ao seu portf�lio de neg�cios.


Berlusconi com jogadores do AC Milan
O clube de futebol AC Milan era apenas um de seus interesses comerciais (foto: Getty Images)

Com esse hist�rico, ele se voltaria para a pol�tica cedo ou tarde. Sua chance surgiu em 1994, em meio a uma investiga��o judicial contra uma rede de corrup��o pol�tica na It�lia entre os anos 1980 e 1990.

As acusa��es destru�ram a coaliz�o de centro-direita que dominava a It�lia desde 1947, com muitos de seus membros mais importantes sendo apontados como suspeitos pelos investigadores.

Acreditava-se que a esquerda, que inclu�a os herdeiros do Partido Comunista Italiano, venceria as pr�ximas elei��es.

Luta pelo poder


Silvio Berlusconi
Governo de Berlusconi aprovou uma lei que deu a ele e a outras figuras p�blicas de destaque imunidade de acusa��es enquanto estivessem no cargo (foto: BBC)

Mas Berlusconi entrou em jogo formando um novo partido, o Forza Italia, com o objetivo de atrair os eleitores considerados mais moderados e, portanto, combater a esquerda.

Por�m, seu novo apetite pela pol�tica foi visto mais como uma tentativa de evitar acusa��es de corrup��o contra ele ap�s v�rios de seus neg�cios serem envolvidos na investiga��o.

Ele negou as acusa��es. "N�o preciso ser eleito em nome do poder. Eu tenho casas no mundo inteiro, barcos estupendos, belos avi�es, uma esposa linda, uma fam�lia bonita. Eu estou fazendo um sacrif�cio."

Quando enfim chegou ao poder, o governo de Berlusconi aprovou uma lei que deu a ele e a outras figuras p�blicas de destaque imunidade de acusa��es enquanto estivessem no cargo. Essa lei mais tarde foi derrubada pelo tribunal constitucional.

Uma imensa campanha publicit�ria nos v�rios canais de televis�o de Berlusconi o levaram � vit�ria nas elei��es de 1994. E ele foi escolhido primeiro-ministro e chefe de um governo de coaliz�o.

Mas isso n�o durou muito. Rivalidades entre os tr�s partidos de coaliz�o, unidas ao indiciamento de Berlusconi por fraude fiscal por uma corte de Mil�o, levaram ao colapso do governo apenas sete meses depois.

No entanto, anos depois, em 2001, ele voltaria ao posto de primeiro-ministro como chefe de uma nova coaliz�o conhecida como Casa das Liberdades.

O principal mote dessa campanha eleitoral era a promessa de reformar a economia italiana, simplificar o sistema fiscal e aumentar as pens�es.

No entanto, com a piora da economia global, o Produto Interno Bruto (PIB) italiano caiu, e Berlusconi n�o conseguiu cumprir suas promessas.

Em 2006, apesar de ter reescrito a lei eleitoral para beneficiar sua coaliz�o, ele foi derrotado por um grupo inclinado � esquerda comandado pelo pol�tico e economista Romano Prodi.

Humilha��o pol�tica

O governo Prodi enfrentou dificuldades desde o come�o e, menos de dois anos mais tarde, em abril de 2008, Berlusconi se tornaria primeiro-ministro da It�lia de novo.

O Forza Italia foi desmantelado, e em seu lugar surgiu o Povo da Liberdade (Popolo della Liberta, ou PdL, em italiano), uma organiza��o que, at� ent�o, era uma alian�a fraca de partidos de direita at� que virou um partido pol�tico formal em 2009.

No entanto, o novo grupo de Berlusconi come�ou a se fragmentar quase imediatamente com brigas entre o primeiro-ministro e Gianfranco Fini, presidente da C�mara dos Deputados.

Posto contra a parede, Berlusconi sobreviveu a uma vota��o para tir�-lo do poder em dezembro de 2010, mas continuou a perder apoio.

Mas o �ltimo golpe viria em maio de 2011, quando o PdL foi mal nas elei��es locais. Al�m disso, Berlusconi perdeu o controle sobre Mil�o, sua base pol�tica e econ�mica, o que foi considerado uma humilha��o.

Ele sobreviveu at� outubro, mas a crescente crise financeira da It�lia levou a uma vota��o de or�amento, quando perdeu sua maioria. No momento em que saiu a not�cia de sua exonera��o, as pessoas foram �s ruas cantar o coro de Aleluia, de Handel Messiah.


Silvio Berlusconi em 2017
Empres�rio foi considerado eliminado da pol�tica v�rias vezes, mas sempre deu um jeito de voltar (foto: Reuters)

Berlusconi foi, no entanto, subestimado. Em 2012, ele anunciou que concorreria ao cargo de primeiro-ministro novamente. E, nas elei��es de 2013, conseguiu se recuperar de uma enorme desvantagem, e s� n�o venceu por 1%.

Ap�s um per�odo complicado, quando o PdL apoiou o governo de Enrico Letta, o partido se dividiu. E Berlusconi o relan�ou com seu antigo nome, Forza Italia.

Ele foi a julgamento ao menos seis vezes por uma s�rie de motivos, incluindo:

- Fraude

- Fraude fiscal

- Falsifica��o de contabilidade

- Tentativa de subornar um juiz

Alguns casos foram julgados, mas ou ele foi liberado ou suas acusa��es foram anuladas por recurso. Em outros processos, o caso expirou antes que a corte pudesse chegar a uma conclus�o.

Sua sorte finalmente acabou quando ele foi condenado por fraude fiscal, em 2013. Sentenciado a quatro anos de pris�o (pena convertida em um ano de servi�os comunit�rios devido a idade avan�ada) e perdeu sua cadeira no Senado.

Ele tamb�m foi condenado a sete anos de pris�o por fazer sexo com uma menor de idade, Karima El Mahroug, conhecida como Ruby, e por abuso de poder, embora tenha conseguido se livrar dessa �ltima ap�s recurso.

Banido de cargos p�blicos, envolvido em esc�ndalos e enfrentando v�rios problemas de sa�de, parecia que desta vez a carreira pol�tica de Berlusconi havia terminado. Mas o rei da pol�tica da It�lia tinha outros planos.


Karima El Mahroug
Berlusconi foi condenado por manter rela��es sexuais com Karima El Mahroug, conhecida como Ruby, quando ela tinha apenas 17 anos (foto: Reuters)

Perto das elei��es em mar�o de 2019, sua coaliz�o de centro-direita subiu nas pesquisas de opini�o em meio do medo de italianos da imigra��o em massa e um aumento do populismo no pa�s ap�s uma rejei��o crescente da Uni�o Europeia.

Por mais que estivesse impedido de concorrer ao cargo de primeiro-ministro, seu partido, Forza Italia, poderia ter poder para formar um governo de coaliz�o de centro-direita, o que poderia lev�-lo de volta � pol�tica mais uma vez. Acabou, por�m, ficando em segundo lugar.

Neg�cios e pol�tica

Berlusconi tinha uma personalidade extravagante e n�o mantinha discri��o sobre seus encontros com mulheres nem sobre o uso de transplantes capilares e cirurgias pl�sticas para parecer mais jovem.

Tamb�m ficou not�rio seu senso de humor question�vel, que rendeu uma s�rie de famosas gafes, al�m de falas altamente criticadas.

Ele chegou a sugerir que um membro alem�o do Parlamento Europeu daria um bom guarda de campo de concentra��o e, em outra ocasi�o, disse que Mussolini foi um bom l�der.

Questionado posteriormente sobre essas falas, disse que foram apenas piadas. E acrescentou: "comunistas comem criancinhas".

Seu envolvimento com quase todo aspecto da vida italiana � provavelmente o que mais irritou seus cr�ticos, especialmente quando se trata de seu imp�rio midi�tico, que muitos dizem ter lhe dado injusta vantagem nas elei��es que disputou.

Muitos italianos que votaram nele acreditaram que seu sucesso como empres�rio era uma evid�ncia de suas capacidades, um motivo para ele liderar o pa�s.

Berlusconi sempre refutou as acusa��es de seus oponentes de que sua pr�tica de misturar neg�cios e pol�tica foi mais ben�fica para ele pessoalmente do que para a It�lia como um todo.

"Se ao cuidar do interesse de todos eu tamb�m cuido dos meus, voc� n�o pode falar de conflito de interesse."


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