Cerca de 735 milh�es de pessoas passaram fome este ano, o equivalente a 9,2% da popula��o mundial, alerta o relat�rio, cujos autores incluem a Organiza��o das Na��es Unidas para Agricultura e Alimenta��o (FAO) e o Fundo das Na��es Unidas para a Inf�ncia (Unicef).
O n�mero, que vinha aumentando desde 2015, estabilizou-se e at� registrou uma leve queda, com menos 3,8 milh�es de pessoas em rela��o a 2021.
A Am�rica Latina registrou avan�os no combate � fome, com exce��o da regi�o do Caribe, onde a situa��o se agravou.
A desnutri��o cr�nica tamb�m aumentou na �sia Ocidental e na �frica, diz o relat�rio, que tamb�m leva o selo do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agr�cola (FIDA), do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS).
O relat�rio anual sobre o estado da seguran�a alimentar e nutricional no mundo detalha que, na �frica, uma em cada cinco pessoas sofre de desnutri��o cr�nica.
O documento � um "retrato de um mundo ainda se recuperando de uma pandemia mundial e que agora lida com as consequ�ncias da guerra na Ucr�nia, que agitou ainda mais os mercados de alimentos e de energia".
Desde 2019, essas duas crises acrescentaram 122 milh�es de pessoas ao mapa da fome.
Embora a recupera��o econ�mica p�s-pandemia tenha melhorado a situa��o, "n�o cabe d�vida de que esse modesto progresso se viu minado pela alta dos pre�os dos alimentos e da energia, amplificada pela guerra na Ucr�nia".
O relat�rio adverte que, sem esfor�os mais bem direcionados, a meta de "acabar com a fome, a inseguran�a alimentar e a desnutri��o em todas as suas formas at� 2030 permanecer� fora do nosso alcance".
- 'Novo normal' -
Na Am�rica Latina e no Caribe, a preval�ncia da desnutri��o - o indicador que mede a fome - caiu de 7% em 2021 para 6,5% em 2022, o que representou uma redu��o de 2,4 milh�es no n�mero de pessoas que passam fome.
No entanto, essa redu��o se explica pela evolu��o na Am�rica do Sul (de 7% para 6,1%), j� que o Caribe registrou um aumento significativo de 14,7% em 2021 para 16,3% em 2022.
"H� raios de esperan�a (...). No entanto, em geral, precisamos de um intenso esfor�o mundial imediato para resgatar os Objetivos do Desenvolvimento Sustent�vel", defendeu o secret�rio-geral da ONU, Ant�nio Guterres, citado no comunicado do relat�rio.
Se o progresso n�o for acelerado, cerca de 600 milh�es de pessoas poder�o continuar sofrendo com a fome at� 2030, principalmente na �frica.
Isso representa "aproximadamente 119 milh�es de pessoas a mais do que se n�o tivessem ocorrido a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucr�nia", apontaram as ag�ncias da ONU.
Os principais fatores de inseguran�a alimentar - conflitos, contra��o econ�mica e desastres clim�ticos - e as recentes desigualdades se tornaram uma "nova normalidade", observaram.
�lvaro Lario, presidente do FIDA, apontou a falta de investimentos e a "vontade pol�tica de implementar solu��es em larga escala".
Cindy McCain, diretora executiva do PMA, alertou que a fome est� aumentando "enquanto os recursos que precisamos urgentemente para proteger os mais vulner�veis est�o diminuindo perigosamente". Para ela, "estamos enfrentando o maior desafio que j� vimos".
Assim como no ano anterior, 2,4 bilh�es de pessoas sofreram de inseguran�a alimentar aguda ou moderada em 2022. Em outras palavras, tr�s em cada dez pessoas n�o tiveram acesso a uma alimenta��o adequada.
Por outro lado, a possibilidade das popula��es acessarem uma alimenta��o saud�vel piorou em todo o mundo, devido ao impacto prolongado da pandemia e ao aumento dos pre�os dos alimentos, ressaltou a ONU.
Mais de 3,1 bilh�es de pessoas n�o puderam se alimentar de forma equilibrada em 2022, levando � desnutri��o, car�ncias ou obesidade.
A Am�rica Latina � a regi�o onde � mais dif�cil comer de forma saud�vel (US$ 4,08 por pessoa por dia, o equivalente a R$ 19,6) em compara��o com a �sia (US$ 3,90, R$ 18,7), �frica (US$ 3,57, R$ 17,1), Am�rica do Norte e Europa (US$ 3,22, R$ 15,4).
"A mudan�a da tend�ncia de importa��o de produtos baratos para a produ��o de produtos de qualidade continua sendo uma equa��o n�o resolvida na regi�o", afirmou Mario Lubetkin, vice-diretor-geral da FAO, � AFP em Santiago.
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