Papa se re�ne em Portugal com v�timas de pederastia na Igreja

Em seu primeiro dia em Lisboa para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o papa Francisco se reuniu, nesta quarta-feira (02), com v�timas de abusos sexuais de menores cometidos por membros do clero portugu�s, seis meses ap�s a divulga��o de um relat�rio que abalou a Igreja do pa�s.

"O papa recebeu na Nunciatura um grupo de 13 pessoas, v�timas de abusos cometidos por membros do clero", anunciou o Vaticano no come�o da noite. "O encontro aconteceu em um ambiente de escuta intensa e durou mais de uma hora."

Um pouco mais cedo, em discurso perante a hierarquia eclesi�stica portuguesa, o pont�fice argentino mencionou "a desilus�o e avers�o que muitos nutrem em rela��o � Igreja, devido, �s vezes, ao nosso mau testemunho e aos esc�ndalos que desfiguraram o seu rosto e que nos chamam a uma humilde e constante purifica��o, partindo do grito de sofrimento das v�timas, que sempre se deve acolher e escutar".

Em fevereiro, um relat�rio de uma comiss�o de especialistas independentes revelou que 4.815 menores foram v�timas de abusos sexuais em um contexto religioso desde 1950. As agress�es foram ocultadas pela c�pula eclesi�stica de forma "sistem�tica", segundo o documento.

"Este encontro do Santo Padre representa a confirma��o do caminho de reconcilia��o que a Igreja de Portugal percorre nesse contexto", ressaltou a Confer�ncia Episcopal do pa�s, onde 80% dos seus 10 milh�es de habitantes se definem como cat�licos.

- Pontes -

Em seu primeiro discurso ante autoridades pol�ticas de Portugal e o corpo diplom�tico, Francisco pediu que a Europa seja "uma construtora de pontes" para a paz na Ucr�nia.

"O mundo precisa da Europa, da verdadeira Europa. Precisa do seu papel de construtora de pontes e de paz", disse o pont�fice, que defendeu reiteradamente o fim do conflito iniciado com a invas�o russa � Ucr�nia em fevereiro de 2022.

A agenda apertada de Francisco, 86, que se submeteu h� dois meses a uma cirurgia no abd�men, come�ou com um encontro com o presidente de Portugal, o conservador Marcelo Rebelo de Sousa, no Pal�cio de Bel�m. Nos arredores, centenas de jovens peregrinos o aguardavam desde cedo ao som de tambores e can��es.

"O papa � uma pessoa muito especial, porque est� mudando a doutrina da Igreja", ressaltou a peregrina espanhola Mar�a �lvarez, 45.

"A diferen�a em rela��o aos outros papas � que ele � latino", disse Samuel Namaver, estudante americano de 17 anos. "Ele gosta de contato, de brincadeira, faz muitas refer�ncias ao futebol. Sabe como tocar nossos cora��es", acrescentou.

- Territ�rio JMJ -

Nos �ltimos dias, a capital portuguesa se encheu de grupos coloridos de jovens que desembarcaram de todos os continentes para participar de encontros festivos, culturais e espirituais.

A missa de abertura - celebrada ontem, ainda sem Francisco - reuniu 200 mil peregrinos em um parque da cidade, segundo a pol�cia portuguesa.

O primeiro grande encontro do religioso com os jovens acontecer� na tarde desta quinta-feira, em cerim�nia no mesmo local, da qual poderiam participar 750 mil fi�is, segundo proje��es de autoridades locais.

A menos de dois meses do come�o, em Roma, de uma assembleia que ir� discutir o futuro da Igreja, a JMJ atuar� como um term�metro da posi��o dos jovens cat�licos em rela��o a quest�es como o tratamento das pessoas LGBTQIA+, o fim do celibato e a posi��o das mulheres.

Considerada a maior reuni�o internacional de cat�licos, a JMJ foi criada em 1986, por iniciativa de Jo�o Paulo II. Depois dos encontros no Rio de Janeiro (2013), em Crac�via (2016) e no Panam� (2019), esta � a quarta JMJ de Francisco.