Recentes assassinatos de um prefeito e um aspirante a legislador, intimida��es contra um candidato presidencial, outros homic�dios e um massacre carcer�rio que deixou mais de uma dezena de mortos ati�am o clima de inseguran�a.
Em 2022, os assassinatos quase duplicaram com rela��o ao ano anterior, 25 a cada 100 mil habitantes, e em 2023 deve chegar a uma taxa de at� 40, segundo proje��es de especialistas.
Beirando o Pac�fico e localizado entre Col�mbia e Peru, os principais produtores mundiais de coca�na, o Equador apreendeu cerca de 530 toneladas de drogas desde 2021, quando o presidente Guillermo Lasso assumiu o poder.
O direitista dissolveu em maio a Assembleia Nacional, de maioria opositora, em meio a um processo de impeachment que enfrentava por suposta corrup��o.
A medida colocou fim � crise institucional e deu lugar a elei��es gerais antecipadas para 20 de agosto, com poss�vel segundo turno em 14 de outubro. Apesar de estar habilitado, Lasso decidiu n�o buscar a reelei��o.
"S�o elei��es at�picas porque ocorrem em um contexto conturbado, produto do crime organizado", diz � AFP Santiago Cahuasqu�, cientista pol�tico da Universidade Internacional SEK.
Cerca de 30 candidatos, incluindo seis dos oito presidenciais, contam com prote��o policial, de acordo com o Conselho Eleitoral. A maioria deles est� na prov�ncia costeira de Los R�os (sul), onde est� em vigor um novo estado de exce��o desde a semana anterior.
A medida tamb�m est� em vigor em Manab�, onde em 23 de julho foi baleado o prefeito Agust�n Intriago, e na localidade de Dur�n, na prov�ncia de Guayas, ambas no sudoeste.
- Terreno f�rtil -
Sem exce��o, todos os candidatos fizeram da seguran�a o centro de suas campanhas.
Lideram as inten��es de voto a advogada Luisa Gonz�lez (26,6%), �nica mulher na lista e ligada ao ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017); o jornalista Fernando Villavicencio (centro, 13,2%); o advogado ind�gena Yaku P�rez (esquerda, 12,5%); e o economista e ex-vice-presidente Otto Sonnenholzner (direita, 7,5%), segundo uma recente pesquisa da Cedatos.
As propostas sobre seguran�a s�o variadas: construir uma pris�o de seguran�a m�xima na Amaz�nia, instalar bloqueadores de sinais de telecomunica��es nas penitenci�rias, equipar policiais e militares, promover reformas legais para endurecer as penalidades.
"Esta onda de viol�ncia gera o terreno f�rtil perfeito para populismos de seguran�a. Por isso, a campanha tem como ponta de lan�a temas relacionados � seguran�a, e todos ou a maioria dos candidatos falam de uma estrat�gia de m�o forte como �nica solu��o", comenta � AFP a especialista em seguran�a Carla �lvarez.
Lasso tentou lidar com a viol�ncia nas ruas e pris�es por meio de in�meros estados de exce��o, que lhe permitem mobilizar os militares.
Ao estilo do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, o governante agora costuma divulgar fotos de presos seminus, amontoados e amarrados ap�s interven��es da for�a p�blica para conter massacres entre eles, que desde 2021 j� deixaram mais de 430 mortos.
Os estados de exce��o tiveram "pouco resultado", aponta �lvarez, acrescentando que "o crescimento da viol�ncia n�o tem sido linear, e sim exponencial" no Equador, pa�s de 18,3 milh�es de habitantes.
Cahuasqu� afirma que "o contexto de criminalidade faz com que existam candidaturas que defendem posi��es contr�rias aos direitos humanos".
- Presa f�cil -
O cientista pol�tico est� preocupado com "o aumento do sentimento de desprote��o na popula��o", pois isso abre espa�o para "o florescimento de posi��es extremistas".
"Eles brincam com as emo��es das pessoas (...) sem qualquer proposta substancial, recorrem � exacerba��o do medo, da desconfian�a e do perigo", aponta.
Segundo a Cedatos, 38% dos equatorianos estavam "preocupados" e "pessimistas" com a situa��o do pa�s, e 11% consideravam que os candidatos � presid�ncia devem ter "disposi��o para acabar com a criminalidade".
Com rela��o aos assassinatos e amea�as a pol�ticos, Cahuasqu� sustenta que "quando o crime organizado come�a a infiltrar-se nas estruturas de representa��o do Estado, h� uma interfer�ncia direta na pol�tica, o pr�prio Estado se torna uma presa f�cil" para as m�fias.
Haver� "uma elei��o sem garantias para os candidatos, sem garantias para os eleitores", enfatizou.
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QUITO
Seguran�a, ponta de lan�a das campanhas presidenciais no Equador
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