O atentado tamb�m significou um novo golpe na imagem do ex-presidente Rafael Correa, cuja candidata Luisa Gonz�lez liderava as pesquisas de inten��o de voto antes do assassinato.
Villavicencio, ex-jornalista investigativo, denunciou casos de corrup��o durante a gest�o do socialista (2007-2017), hoje exilado na B�lgica.
Em 9 de agosto, o candidato de centro-esquerda foi morto a tiros por pistoleiros em uma rua de Quito. Nunca antes o crime organizado havia se atrevido a cometer um atentado contra um pol�tico dessa import�ncia, muito menos na capital, que se presume distante da viol�ncia na costa do Pac�fico, centro de opera��es de cart�is que exportam coca�na.
Esse crime ainda sem solu��o, pelo qual seis colombianos foram detidos, gerou um terremoto pol�tico: deu argumentos aos candidatos que prometem acabar com a viol�ncia pela for�a do Estado, especialmente Jan Topic, de direita, afirmam analistas.
Sem apresentar provas, seguidores e parte do c�rculo pr�ximo de Villavicencio acusam Correa, um ferrenho rival do falecido quando ele estava no poder, est� por tr�s de sua morte. A Justi�a, por�m, n�o associa o corre�smo ao crime.
O pr�prio Correa reconheceu o impacto negativo dessa "campanha miser�vel" para associ�-lo ao magnic�dio.
A lei pro�be a publica��o de pesquisas �s v�speras das elei��es. Antes de sua morte, Villavicencio ocupava o segundo lugar em inten��es de voto, de acordo com a empresa Cedatos.
- "Beneficiado" -
"O problema da inseguran�a e do crime organizado que o Equador est� enfrentando j� era a principal preocupa��o para a maioria da popula��o equatoriana, segundo as pesquisas", disse Paolo Moncagatta, decano de Ci�ncias Sociais da privada Universidade San Francisco, de Quito.
Nesse sentido, "obviamente, quando se mata o candidato que teve um discurso mais direto contra (a criminalidade), isso vai fortalecer os candidatos que t�m um discurso linha-dura".
O ex-vice-presidente Otto Sonnenholzner (2018-2020) foi um deles, mas, sobretudo, o direitista Jan Topic, um bem-sucedido empres�rio, ex-paraquedista e ex-franco-atirador da Legi�o Estrangeira do Ex�rcito franc�s que quer chegar ao poder para acabar com grupos criminosos.
Apelidado de "Rambo", o candidato da chamada Alian�a por um Pa�s sem Medo prop�e a constru��o de mais pres�dios ao estilo do governante salvadorenho Nayib Bukele.
Ap�s um debate transmitido pela televis�o no domingo, o �nico oficial da campanha, especialistas e m�dia consideraram Topic um dos vencedores.
"Ele foi o grande beneficiado", diz o cientista pol�tico Santiago Basabe, da Faculdade Latino-Americana de Ci�ncias Sociais (FLACSO), de Quito.
Falar de seguran�a � um ponto sens�vel para a popula��o equatoriana.
"As pessoas est�o cansadas de tanta viol�ncia (...) � a quest�o dos sequestros, mortes de aluguel, assassinatos, que s�o crimes que n�o eram comuns no Equador", diz a acad�mica Saudia Levoyer.
- Golpe na imagem -
O impacto do assassinato foi sentido fortemente nas bases de Correa, que vive na B�lgica desde que deixou o poder.
Para o influente ex-presidente, Villavicencio foi uma pedra no sapato. Como jornalista independente, revelou o caso de corrup��o, pelo qual Correa foi condenado � revelia a oito anos de pris�o.
No funeral, os partid�rios de Villavicencio entoaram "Correa assassino". A vi�va, Ver�nica Sarauz, disse, sem apresentar provas, que o ex-presidente tinha conhecimento do assassinato. Ela tamb�m acusou-o de ter "v�nculos com grupos criminosos".
Denunciou, ainda, que a ex-senadora colombiana Piedad C�rdoba, pr�xima a Correa, chegou a amea��-lo.
Apesar de a Justi�a n�o investigar essas acusa��es, a "imagem do corre�smo foi duramente atingida", diz Levoyer.
E continua sendo uma inc�gnita quem encomendou e pagou os pistoleiros.
Correa nega qualquer liga��o com o crime e diz se tratar de um "compl�" para tirar votos de Gonz�lez. At� a morte de Villavicencio, ela liderava as pesquisas, embora sem 40% dos votos para vencer sem ir para um segundo turno.
Em entrevista � AFP, Gonz�lez conta que pesquisas internas mostraram que perdeu dois pontos percentuais nas inten��es de voto.
Correa reclama: "Normalmente, ganhar�amos em um �nico turno, (mas) o assassinato de Fernando Villavicencio mexeu o tabuleiro eleitoral. (...) N�o somos t�o est�pidos (a ponto de ordenar o assassinato). Quem se beneficia com a morte de Fernando Villavicencio?".
"A direita", disse ele ao jornal colombiano Noticias Caracol. "Na verdade, beneficiou o Topic", insistiu em mensagem publicada na rede X (antigo Twitter).
Analistas concordam em que a campanha deu uma guinada.
"Obviamente, h� um percentual de indecisos que pensava na Revoluci�n Ciudadana", o partido de Correa, mas "a morte de Villavicencio (...) faz que, talvez, pensem duas vezes antes", conclui Basabe.
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Assassinato de Villavicencio beneficia candidatos linha-dura no Equador
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