"A escravid�o foi um crime contra a humanidade e suas consequ�ncias terr�veis continuam sendo sentidas hoje em todo o mundo", disse Charles Gladstone, filho do tataraneto de John Gladstone, propriet�rio de africanos escravizados em Demerara, antiga col�nia onde fica atualmente Georgetown.
"Com profunda vergonha e pesar, reconhecemos a participa��o dos nossos antepassados nesse crime e pedimos desculpas sinceras aos descendentes dos escravos na Guiana", prosseguiu Gladstone, na inaugura��o do Centro Internacional de Estudos sobre Migra��o e Di�spora da Universidade da Guiana.
Os demais membros da fam�lia Gladstone presentes tamb�m se desculparam pelas "claras e m�ltiplas injusti�as" desses atos e pediram ao Reino Unido para iniciar conversas com a Comunidade do Caribe (Caricom) para acordar compensa��es e "para que as duas partes possam caminhar juntas para um futuro melhor".
O ex-propriet�rio de escravos foi pai do primeiro premi� brit�nico do s�culo XIX, William Gladstone (1809-1898).
Depois do discurso, um grupo de manifestantes, descendentes de escravizados africanos, exibiu cartazes, rejeitando o pedido de desculpas. "N�o � aceito!", gritou um deles. "A tua culpa � real, Charlie. Os Gladstone s�o assassinos", dizia um dos cartazes. "Queridos herdeiros de Gladstone, � isso que os nossos antepassados valem para voc�s? Que vergonha!", dizia outro.
"Nenhum pedido de desculpas pode ser suficiente, mas � um passo para o reconhecimento de que foi cometido um crime", disse � AFP a ativista afro-guianense Nicole Cole, que estava entre os manifestantes.
Charles Gladstone e seus familiares prometeram apoiar o trabalho do novo departamento acad�mico da universidade e anunciaram a cria��o de um fundo para financiar v�rios projetos na Guiana. "Nosso objetivo � criar rela��es significativas e duradouras entre a nossa fam�lia e o povo da Guiana", disse.
"Tamb�m instamos outros descendentes daqueles que se beneficiaram da escravid�o a abrir um di�logo sobre os crimes cometidos por seus antepassados e o que poderiam fazer para construir um futuro melhor", acrescentou Charles Gladstone.
GEORGETOWN