O presidente Ali Bongo foi deposto na quarta-feira por integrantes do ex�rcito, pouco depois do an�ncio por parte das autoridades eleitorais de sua reelei��o para um terceiro mandato - ele estava h� 14 anos no poder.
O patriarca da fam�lia, Omar Bongo, governou o pa�s rico em petr�leo da �frica Central por mais de 41 anos.
Em meio a cenas de comemora��o, os militares nomearam como l�der da "transi��o" o general Brice Oligui Nguema, comandante da guarda republicana, uma unidade de elite do ex�rcito.
Segundo os militares, o general prestar� juramento na segunda-feira ante a Corte Constitucional, que ser� "restabelecida temporariamente".
J� o general Oligui instou "todos os respons�veis dos servi�os de Estado" a garantir "a continuidade e o funcionamento de todos os servi�os p�blicos", em um comunicado transmitido pela televis�o.
Tamb�m quis "tranquilizar a todos os credores, parceiros em [quest�es de] desenvolvimento, assegurando-lhes que "todas as medidas ser�o tomadas para garantir o respeito aos compromissos" do Gab�o "tanto no plano exterior como interno".
Os militares restabeleceram o acesso � internet e �s transmiss�es de tr�s grandes emissoras que haviam sido suspensas no s�bado pelo governo de Bongo.
Por�m, o ex�rcito decidiu manter o toque de recolher noturno e o fechamento das fronteiras.
- Pedido da oposi��o -
O golpe aconteceu horas depois de que a autoridade eleitoral declarou Bongo como vencedor das elei��es de s�bado passado, com 64,27% dos votos.
A vota��o, condenada pela oposi��o como fraudulenta, foi anulada pelos militares.
Nesta quinta, a oposi��o rompeu o sil�ncio e pediu aos golpistas que reconhe�am a "vit�ria" presidencial de seu candidato, Albert Ondo Ossa, que liderou a plataforma Alternance 2023 nas elei��es.
O porta-voz desse movimento instou os militares a "supervisionar" o "rein�cio do processo de centraliza��o dos resultados" das presidenciais para "oficializar" a vit�ria de Ondo Ossa nas urnas.
At� agora, os golpistas n�o responderam ao pedido da oposi��o.
- Situa��o de Bongo -
Outro tema pendente � o futuro de Ali Bongo.
O presidente deposto foi eleito pela primeira vez em 2009, ap�s a morte de seu pai, que teria acumulado uma fortuna com a riqueza petrol�fera do Gab�o.
Ele foi reeleito em 2016, em uma vota��o muito contestada, antes de sofrer uma parada card�aca em 2018, o que enfraqueceu o seu poder.
Os golpistas anunciaram que Bongo est� sob pris�o domiciliar "ao lado da fam�lia e de seus m�dicos".
Um de seus filhos, Noureddin Bongo Valentin, foi detido e acusado de "alta trai��o".
Tamb�m foram detidos outros funcion�rios de alto escal�o do regime, conselheiros da presid�ncia e os dois principais dirigentes do poderoso Partido Democr�tico Gabonense (PDG), acusados de trai��o, fraude, corrup��o e falsifica��o da assinatura do presidente.
- Exclus�o da Uni�o Africana -
O golpe foi condenado pela Uni�o Africana (UA), em um continente onde as For�as Armadas tomaram o poder em outros cinco pa�ses desde 2020.
Ainda nesta quinta, o Conselho de Paz e Seguran�a da organiza��o anunciou na rede social X, antes Twitter, que decidiu "suspender imediatamente a participa��o do Gab�o em todas as atividades da UA, seus �rg�os e institui��es.
Por�m, o chefe da diplomacia da Uni�o Europeia, Josep Borrell, expressou cautela ao destacar que os militares atuaram ap�s uma elei��o injusta.
"Naturalmente, os golpes militares n�o s�o a solu��o, mas n�o devemos esquecer que o Gab�o teve elei��es repletas de irregularidades", declarou Borrell nesta quinta.
- Preocupa��o internacional -
Nas ruas da capital e do centro econ�mico de Port-Gentil, muitos moradores celebraram o golpe na quarta-feira.
Em Libreville, cerca de 100 pessoas gritavam "Bongo fora" e aplaudiram os policiais com trajes antimotins, observou um jornalista da AFP.
A ONU condenou o golpe e pediu aos militares que garantam a seguran�a de Bongo e sua fam�lia.
O Departamento de Estado americano afirmou que est� "profundamente preocupado" e que � "veementemente contr�rio aos golpes militares", mas questionou a "falta de transpar�ncia e os relatos de irregularidades nas elei��es".
A elei��o aconteceu sem a presen�a de observadores internacionais e a organiza��o Rep�rteres Sem Fronteiras denunciou que jornalistas estrangeiros enfrentaram restri��es para cobrir as elei��es.
Desde 2020 aconteceram golpes militares no Mali, Guin�, Sud�o, Burkina Faso e N�ger.
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