A bordo de seu papam�vel, o pont�fice argentino foi recebido no Est�dio V�lodrome sob aplausos dos milhares de fi�is presentes - as autoridades esperavam em torno de 57.000 pessoas - e gritos de "Papa Francisco!", ap�s percorrer as ruas da cidade mediterr�nea.
"Bom dia, Marselha, bom dia, Fran�a", disse ele aos presentes, incluindo o presidente franc�s, Emmanuel Macron, sua esposa, Brigitte, e a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.
"Viemos de longe, mas era importante estarmos aqui, porque estaremos em comunh�o com toda a comunidade religiosa, cat�lica", disse � AFP Aurea Dias Neto, uma mulher de 52 anos, nascida em S�o Tom� e Pr�ncipe, mas que vive no centro da Fran�a.
A liturgia, com ora��es lidas em v�rios idiomas, incluindo espanhol, arm�nio e �rabe, concluiu uma viagem de dois dias do l�der cat�lico � segunda maior cidade da Fran�a, por ocasi�o do encerramento dos Encontros Mediterr�neos entre jovens e bispos dos pa�ses costeiros.
Diante da multid�o, o jesu�ta, de 86 anos, pediu, mais cedo, "responsabilidade europeia" para enfrentar o "fen�meno migrat�rio", ap�s denunciar na v�spera o "fanatismo da indiferen�a" para com os migrantes.
"Quem arrisca sua vida no mar n�o invade, busca acolhida", reiterou o pont�fice argentino, para quem o "fen�meno migrat�rio" � um "processo" que "envolve tr�s continentes em torno do Mediterr�neo".
Sua viagem acontece dias depois de cerca de 8.500 migrantes terem chegado � pequena ilha italiana de Lampedusa, ap�s cruzarem o Mar Mediterr�neo. Nele, mais de 28.000 migrantes desapareceram desde 2014, em sua tentativa de chegar � Europa, procedentes da �frica, segundo a Organiza��o Internacional para as Migra��es (OIM).
Desde sua elei��o como sumo pont�fice em 2013, uma de suas prioridades tem sido alertar sobre as trag�dias dos migrantes, do Mediterr�neo � Am�rica Central, ou � Venezuela, passando por �frica, Oriente M�dio, Europa, ou Estados Unidos, e pedir sua acolhida.
Seus novos apelos se d�o em um contexto cada vez mais hostil para esses exilados na Europa. Exemplo disso, a Fran�a anunciou, por meio de seu ministro do Interior, G�rald Darmanin, que "n�o acolher�" ningu�m de Lampedusa.
O presidente franc�s, Emmanuel Macron, conversou por cerca de meia hora com o papa neste s�bado.
Os dois conversaram sobre a quest�o migrat�ria e Macron exp�s ao papa seus planos sobre um projeto relativo � eutan�sia que deve ser apresentado "nas pr�ximas semanas", informou a Presid�ncia francesa.
Pouco antes, o papa havia advertido contra a "perspectiva falsamente digna de uma morte doce".
O pont�fice insistiu em sua oposi��o � eutan�sia durante a viagem de volta � Cidade do Vaticano: "N�o se brinca com a vida! N�o se brinca com a vida, nem no princ�pio nem no final!", declarou durante coletiva de imprensa no avi�o.
O governo franc�s prepara um projeto de lei que poderia incluir a "ajuda ativa para morrer" para pessoas muito idosas. Sua apresenta��o est� prevista para as pr�ximas semanas.
- 'Esperan�a' -
Sua 44� viagem apost�lica ao exterior - e a primeira de um papa a Marselha desde 1533 - desperta grande interesse, apesar do decl�nio do catolicismo na Fran�a, um pa�s laico desde 1905, onde as acusa��es de abuso sexual na Igreja aceleraram a crise.
"Bienvenido Santo Padre", dizia em espanhol um dos cartazes no bairro de Saint Mauront, um dos mais pobres da cidade portu�ria, onde Francisco tomou caf� da manh� e se reuniu com pessoas necessitadas de v�rios pa�ses, como Alb�nia, Arm�nia e Col�mbia.
"� magn�fico conhecer o Papa. No nosso bairro, a vida � dura, � dif�cil, mas [...] ele dar� esperan�a para todas as pessoas que sofrem", disse � AFP Arbana Arifaj, uma albanesa presente no encontro.
A ONG SOS M�diterran�e presenteou-o com um dos botes salva-vidas usados para salvar "centenas de beb�s e crian�as" e que serviu "at� h� poucas semanas", disse a organiza��o em um comunicado.
Sua visita tamb�m foi acompanhada de pol�mica na Fran�a. A oposi��o de esquerda criticou a presen�a de Macron e de sua mulher, Brigitte, na missa, ao considerar que "atropela" a neutralidade religiosa. Macron � o primeiro presidente, desde Val�ry Giscard d'Estaing, em 1980, a assistir a uma missa papal.
Batizado cat�lico aos 12 anos e educado nos jesu�tas, Macron � um presidente sens�vel � espiritualidade e atualmente se define como agn�stico.
"Considero que meu lugar � assistir. N�o irei como cat�lico, mas como presidente", defendeu-se, na semana passada.
O historiador Jean Garrigues rejeita as cr�ticas sobre um atentado ao secularismo e explica que "existe uma tradi��o de presidentes cat�licos, crentes e at� praticantes", do general Charles De Gaulle a Nicolas Sarkozy.
A BORDO DO AVI�O PAPAL