
Ambos estavam em uma festa rave no deserto, a 5 km da Faixa de Gaza, quando foram atacados pelo grupo militante palestino Hamas em Israel no s�bado (7/10). Desde ent�o, os dois estavam desaparecidos.
Publicamente, no entanto, o governo brasileiro s� havia confirmado a morte de Ranani at� o in�cio da tarde desta ter�a. A fam�lia de Bruna confirmou a morte da jovem.
"O governo brasileiro tomou conhecimento, com profundo pesar, do falecimento do cidad�o brasileiro Ranani Nidejelski Glazer, natural do Rio Grande do Sul, v�tima dos atentados ocorridos no �ltimo dia 7 de outubro, em Israel", diz o comunicado do Minist�rio das Rela��es Exteriores.
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"Ao solidarizar-se com a fam�lia, amigas e amigos de Ranani, o Governo brasileiro reitera seu absoluto rep�dio a todos os atos de viol�ncia, sobretudo contra civis", acrescenta o �rg�o.
Bruna morava na cidade de Petah Tikva, em Israel. Ela tinha se mudado para o pa�s em 2015 e estudava comunica��o social e sociologia em uma universidade em Tel Aviv.
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No s�bado, homens armados cercaram o local onde a festa acontecia, lan�aram granadas e dispararam contra os frequentadores, segundo relatos dos sobreviventes e v�deos que circulam nas redes sociais.
Mais de 260 pessoas morreram ali, segundo autoridades israelenses.
Glazer estava junto com outros dois brasileiros — a namorada, Rafaela Treistman, e o amigo, Rafael Zimerman.

Treistman disse � emissora CNN Brasil que os tr�s — ela, Glazer e Zimerman — fugiram e se esconderam em um bunker ao ouvir os primeiros disparos.
Por�m, o abrigo foi alvo de bombas de g�s do Hamas, e ela ficou desorientada. Nesse momento, ela e Zimerman se perderam de Glazer.
"A gente n�o tinha como sair (de dentro do bunker). Tentamos ligar para a pol�cia. Enfim, se defendendo literalmente com os corpos das pessoas que morreram pela situa��o. Em algum momento, eu n�o vi mais o meu namorado. N�o sei se ele levantou, se chegou a sair. Eu n�o vi mais ele. Eu estava muito desorientada. Eu desmaiava muito, desmaiava e acordava por causa do g�s", contou.
Segundo Zimerman, "quando sa� do abrigo, dei de cara com a pol�cia", afirmou ele ao jornal Folha de S.Paulo.
"Estava com a Rafaela. Mas o Ranani infelizmente n�o saiu com a gente. Chorei demais. Agradeci. O que falei com Deus n�o est� escrito. Quando vi a Rafaela, s� pensava em cuidar dela. Sair sem o Ranani foi uma dor enorme para ela", acrescentou ele.

Havia por volta de 4 mil pessoas na festa rave.
O festival de m�sica eletr�nica foi criado pelo pai do DJ brasileiro Alok, Juarez Petrillo, conhecido como DJ Swarup. A vers�o em Israel foi promovida e organizada por um produtor local.
Um brasileiro segue desaparecido desde a eclos�o do conflito, segundo o Itamaraty, que n�o revelou sua identidade.
'Massacre'

Em v�deos compartilhados pelas redes sociais, dezenas de pessoas correm no deserto em meio a carros buzinando. Ao fundo, � poss�vel ouvir o som de tiros.
"Pessoas foram mortas em todos os lugares", relata Gili Yoskovich, uma das participantes do festival.
"Esse � um festival para jovens, e muitos deles morreram na estrada."
"Quem tentava fugir era atingido pelas balas. Eles [os combatentes do Hamas] atiravam de todos os lados", diz ela.
Em imagens a�reas feitas ap�s o ataque, � poss�vel ver um dos palcos do evento. Ao fundo, em uma �rea de floresta, h� uma fuma�a.
Ao redor, h� dezenas de carros abandonados. Alguns est�o queimados ou danificados.
Yoskovich descreveu � BBC como se escondeu debaixo de uma �rvore em um campo enquanto homens armados atiravam em qualquer pessoa que encontrassem.
"Eles estavam ao lado dos carros e come�aram a atirar, mas percebi que era muito f�cil morrer ali."
“Algumas pessoas estavam atirando em mim. Sa� do carro e comecei a correr, vi um lugar com muitos pomelos [uma fruta c�trica] e fui at� l�."
“Eu estava no meio [deste campo], deitada no ch�o. Eles foram de �rvore em �rvore e atiravam."
"Vi gente morrendo por todo lado. Fiquei muito quieta. N�o chorei, n�o fiz nada."
“Eu pensava: ‘OK, vou morrer. Est� tudo bem, apenas respire e feche os olhos’, porque ouvia tiros de todos os lados, e tudo acontecia muito perto de mim."
"Ent�o ouvi os terroristas abrirem uma grande van para pegar mais armas. Eles ficaram na �rea por cerca de tr�s horas."
"Eu tinha certeza que o Ex�rcito viria, at� ouvi alguns helic�pteros. Mas n�o havia ningu�m, apenas os terroristas."
"Eles estavam muito perto de mim, minha perna tremia."

'Fingi estar morta'
Esther Borochov disse � Reuters que estava dirigindo quando o ve�culo dela foi atingido.
Um jovem dirigindo outro ve�culo parou e disse a ela que entrasse. Ela entrou no carro, mas o carro foi alvejado por tiros. O motorista foi baleado � queima-roupa.
Esther disse que fingiu estar morta at� ser finalmente ser resgatada pelo Ex�rcito israelense.
"N�o conseguia mexer as pernas", disse ela � Reuters, j� no hospital.
Muitos participantes do festival se esconderam em arbustos e pomares pr�ximos por horas, esperando que o Ex�rcito chegasse e os resgatasse.
"Coloquei o telefone no modo silencioso e comecei a rastejar por um pomar de laranjeiras", relatou Ortel.
"Os tiros passavam por cima de mim."