A paulista de 24 anos chega � capital chilena como uma das estrelas do evento, com as aus�ncias da americana Simone Biles e da rainha do salto triplo, a venezuelana Yulimar Rojas.
Rebeca vem de conquistar cinco das seis medalhas do Brasil no Mundial de Gin�stica Art�stica da Antu�rpia: ouro no salto, superando Biles; prata no individual geral, na competi��o por equipes e no solo; e bronze na trave de equil�brio.
"E pode vir mais que eu amo, t�? Eu amo! Vem, vem vem. Muito ouro!", prometeu.
No Mundial, ela mostrou que seu sucesso durante a pausa de Biles desde os jogos Ol�mpicos de T�quio, em 2021, n�o foi por acaso.
"Temos um sentimento que cresce entre as duas para dar o melhor. Adoro t�-la como competidora. � incr�vel de ver, ser� extraordin�ria", disse a estrela americana sobre Rebeca.
- Talento incr�vel -
Mas o caminho para se tornar uma estrela n�o foi f�cil. Nascida em Guarulhos, Rebeca Andrade cresceu em uma casa humilde sustentada sozinha pela m�e, Rosa Santos, empregada dom�stica e m�e de oito filhos.
A ginasta de 1,54 metro de altura entrou pela primeira vez em um gin�sio aos quatro anos de idade, gra�as a um projeto social da prefeitura de sua cidade.
"A Rebeca chegou com a tia no gin�sio, toda t�mida. Quando pedi a ela para dar um salto, logo vi um talento incr�vel, que precisaria ser lapidado. E foi isso o que fizemos com ela", lembrou sua ent�o professora, M�nica dos Anjos, em 2021.
Muitas vezes, sua presen�a nos treinos esteve em risco por falta de dinheiro para o transporte. Mas ao ver sua habilidade, seus irm�os mais velhos se ofereciam para acompanh�-la durante uma caminhada de duas horas.
N�o demorou muito para que ela ganhasse o apelido de "Daianinha de Guarulhos", em alus�o a Daiane dos Santos, primeira ginasta brasileira a ser campe� mundial (2003) e sua inspira��o.
Aos nove anos, foi treinar durante uma temporada em Curitiba e, um ano depois, se tornou atleta do Flamengo.
"Diziam 'voc� � doida de deixar sua filha ir embora'. Mas eu tive a sabedoria e a mente aberta para deix�-la seguir seus sonhos", disse sua m�e ao portal UOL.
Rebeca, que quer se dedicar �s artes c�nicas quando se aposentar, come�ou a mostrar resultados muito r�pido.
Em 2012, aos 13 anos, em seu primeiro campeonato profissional, conquistou o Trof�u Brasil de Gin�stica Art�stica superando lendas como Daniele Hyp�luto e Jade Barbosa.
- "Wakanda forever!"-
Seu nome come�ou a ganhar destaque, embora sua carreira tenha tenha sido interrompida algumas vezes por les�es no joelho que a obrigaram a passar por tr�s cirurgias entre 2015 e 2019.
Ap�s sua primeira opera��o, ficou em d�cimo lugar nos Jogos Ol�mpicos do Rio 2016. Para T�quio, contou com um pouco de sorte: nova cirurgia e oito meses de recupera��o, mas o adiamento do evento por conta da pandemia de Covid-19 lhe deu tempo para se preparar.
Sem Simone Biles, Rebeca se transformou em revela��o ao levar o ouro no salto e a prata no individual geral, tornado-se a primeira brasileira a conquistar duas medalhas na mesma competi��o.
"Sempre vi minha hist�ria como um processo de supera��o, porque passei por coisas muito dif�ceis", afirmou ent�o.
Em suas apresenta��es, ela homenageia suas ra�zes, de um Brasil popular, negro e discriminado. Em T�quio, dan�ou ao ritmo do funk "Baile de favela", de MC Jo�o, e "Tocata e Fuga em R� Menor", de J.S. Bach, com o popular ritmo carioca.
Essa m�sica, com a qual quis mostrar "do que o negro � capaz", a acompanhou tamb�m nos Mundiais de Kitakyushu 2021 e Liverpool 2022, onde obteve, respectivamente, as medalhas de ouro no salto e no individual geral.
Na Antu�rpia, estreou uma nova coreografia: uma mistura de "End of time", de Beyonc�, com o funk "Movimento da Sanfoninha", da cantora Anitta.
Rebeca tamb�m protagonizou na B�lgica uma imagem hist�rica: um p�dio s� com ginastas negras, ao lado das americanas Simone Biles e Shilese Jones.
"� maravilhoso. Eu amei. Wakanda Forever!", disse em refer�ncia ao filme Pantera Negra, que tamb�m poderia ser seu apelido.
S�O PAULO