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Estado de Minas GUERRA NO ORIENTE M�DIO

'D�i muito ouvir as pessoas vivas embaixo dos escombros e n�o poder fazer nada', diz palestino em Gaza

Tradutor palestino relata � BBC News Brasil as in�meras dificuldades enfrentadas na Faixa de Gaza em meio ao conflito que j� matou milhares de cidad�os.


18/10/2023 08:04 - atualizado 18/10/2023 11:37
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Construção atacada em Gaza
(foto: GETTY IMAGES)

ATEN��O: a reportagem a seguir tem descri��es de viol�ncia que alguns leitores podem considerar perturbadores

Os gritos de socorro ecoam em meio � destrui��o causada por bombas lan�adas na Faixa de Gaza. Embaixo de escombros de constru��es como pr�dios ou estabelecimentos comerciais h� sobreviventes de ataques que clamam para ser salvos, segundo relato � BBC News Brasil do tradutor palestino Kayed Hammad, que est� em Gaza.

Hammad conta que os cidad�os escutam os pedidos de ajuda, mas permanecem inertes diante da situa��o. "E nem mesmo os bombeiros conseguem ajudar, porque n�o h� ferramentas para salvar essas pessoas. E estar ali tentando ajudar tamb�m � arriscar a pr�pria vida."

Ele afirma que as pessoas agonizam sob os escombros � espera de algum tipo de resgate ou at� mesmo da morte.

"D�i muito ouvir quando as pessoas est�o vivas, mas embaixo dos escombros, das casas destru�das. Voc� sabe que est�o vivos, mas n�o consegue fazer nada para ajudar", conta.

Para o palestino de 59 anos, essa � uma das situa��es mais dram�ticas que tem presenciado nos �ltimos dias, desde a escalada do conflito entre Israel e Hamas.

At� esta quarta-feira (18/10), pelo menos 3,3 mil pessoas foram mortas em ataques das for�as de Israel em Gaza, segundo o ministro palestino da Sa�de.

O conflito cresceu em intensidade ap�s o ataque do grupo militante palestino Hamas a Israel no �ltimo dia 7 de outubro.

At� o momento, segundo autoridades locais, h� cerca de 1,4 mil mortos em Israel.


Kayed Hammad
Kayed Hammad relata in�meras dificuldades enfrentadas na Faixa de Gaza (foto: Arquivo pessoal)

'Bombas por todos os lados'

Hammad nasceu na Faixa de Gaza e vive na �rea com a esposa, os quatro filhos e os pais da companheira dele. Eles moram no norte da regi�o, �rea duramente afetada pelos bombardeios israelenses.

O palestino diz � BBC News Brasil que teve a casa em que vivia com a fam�lia completamente destru�da. "N�o restou mais nada. Perdemos tudo. Se a guerra acabar hoje, vamos para a rua."

Hammad conta que a casa em que est� atualmente com a fam�lia pertence a parentes distantes. Esta � a quarta ou quinta resid�ncia em que eles moram desde o in�cio dos ataques. Eles sa�ram das anteriores porque elas tamb�m foram atingidas por bombas.


Explosão em Gaza avistada pela janela de uma casa
Foto feita por Kayed da janela de uma das casas em que ficou em meio � guerra (foto: Arquivo pessoal)

Pelas janelas, o tradutor e a fam�lia acompanharam a trag�dia na Faixa de Gaza. "Ao longo da minha vida, j� vi sete ou oito conflitos, mas nada assim como est� sendo agora."

Nessas janelas das casas em que ficou, ele afirma ter visto constru��es sendo atingidas por bombas e pessoas morrendo, al�m de outras tentando sobreviver embaixo dos destro�os dessas constru��es.

"Vi muita coisa. Vi bombas por todos os lados, ao longo dos dias e noites. Estamos sem luz, sem �gua, sem comida, sem servi�os sanit�rios, muitas casas destru�das, muita gente morta e ainda tem muita gente morta embaixo dos escombros, que n�o puderam ser retiradas por falta de ferramentas para isso", lamenta o palestino.

"Nem eu, nem os bombeiros e nem ningu�m poderia resgatar essas pessoas embaixo dos escombros. Os bombeiros, inclusive, tiveram duas esta��es bombardeadas dias atr�s. Bombardearam algumas ambul�ncias tamb�m", relata o palestino.


Caminhões com ajuda humanitária aguardam no lado egípcio da fronteira com Gaza
Caminh�es com ajuda humanit�ria aguardam no lado eg�pcio da fronteira com Gaza (foto: Getty Images)

Ao menos por ora, conta o tradutor, n�o h� previs�o para que ele ou a fam�lia deixem a regi�o. Segundo Hammad, n�o h� nenhum lugar seguro para o qual possam ir neste momento.

"Agora o nosso principal objetivo � ficar vivo, por um milagre. N�o sabemos o que vai acontecer. As bombas caem por todos os lugares e a nossa sorte � ficar vivo junto com a minha fam�lia. N�o temos nenhum escape disso, n�o existe nenhum lugar considerado seguro por aqui."

Ele agradece por n�o ter perdido nenhum parente pr�ximo. Entre os familiares distantes, diz n�o saber exatamente quem sobreviveu. "N�o conseguimos falar por telefone com todos, ent�o n�o sabemos. Pode haver muita surpresa quando a guerra acabar ou algo assim", afirma.

O palestino e a sua fam�lia t�m carregado o celular por meio de geradores sempre que poss�vel.

E para sobreviver, ele diz, todos t�m tomado �gua que n�o � pot�vel e comido alguns alimentos comprados em mercados pr�ximos que ainda est�o abastecidos. "Mas evitamos sair nas ruas, porque fazer isso � arriscar a vida."

Diante das in�meras dificuldades, ele reclama da falta de ajuda. "N�o deixaram entrar ajuda humanit�ria ou medicamentos. N�o deixaram nada", lamenta.

Nas �reas de fronteira com Gaza h� comboios com alimentos e outros itens para auxiliar a popula��o. No entanto, essas �reas est�o fechadas desde o in�cio da guerra e o abastecimento na regi�o est� severamente comprometido.

"N�s precisamos frear tudo o que est�o fazendo com a gente aqui. N�s somos civis e temos direitos tamb�m, como todo o resto do mundo", declara o palestino.


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